domingo, 25 de março de 2012

Avec elegância


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Digna de leitura a entrevista do ex-ministro da Cultura Juca Ferreira (2008-2010) à Folhaonline. Reflete os conflitos em curso no Brasil com a gestão de Ana de Hollanda - atual Ministra da Cultura -, considerada um desastre por parte dos produtores culturais, intelectuais, empresários e movimentos culturais. A questão não é de hoje e envolve a relação setor público e setor privado na produção de políticas culturais. Entidades como o Ecad estão na mira. Há que se proteger os direitos autorais, mas há que se abrir a caixa prêta do Ecad. Os empresários querem manter seus negócios e ganhar dinheiro com atividades culturais. Os artistas querem receber e ter dinheiro para manter suas produções. O mercado espera pelos consumidores de cultura; e os números são desestimulantes. Segundo Juca Ferreira "pouco mais de 5% dos brasileiros entram em museus. Só 13% vão aos cinemas, e 17% compram livros..."
O Governo Dilma Rousseff  faz água nos ministérios com o troca troca sem fim de ministros. Há um descontentamento flagrante com o setor cultural. É só ler os manifestos da atriz Fernanda Montenegro, e o da filósofa Marilena Chauí. Quanto ao mecenato descrito pelo ex-ministro Juca Ferreira, tenho algumas convicções. Uma delas é que eles não existem no Brasil sem contrapartidas claras do setor público. Vi isto com a bancarrota do MASP e de outros museus paulistas e cariocas. Vi isto com a PUC de São Paulo quando de sua falência  há dez anos. Cadê o empresáriado paulista que estudou e manteve seus filhos nos bancos da PUC?!? A PUC teve que fazer um ajuste dracôniano, e está nas mãos dos bancos. Não acredito no mecenato brasileiro, não gostam de tirar um tostão do bolso: só com contrapartidas claras. E, claro, há exceções. Mas a regra é essa.

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