sexta-feira, 9 de março de 2012

Boa Renato Lessa!

Diria...ótima!
-------------------------

Por que não uma república de ateus?

[...]Michel de Montaigne vem bem a calhar. Coevo do massacre de São Bartolomeu, no qual a monarquia católica francesa massacra em 1572, dezenas de milhares de huguenotes, Montaigne foi um dos primeiros a indicar o horror da religião de Estado.[..]
A unção ministerial do senador Crivella, para além do que possui de auto-evidente, é portadora de presságios ainda mais preocupantes do que o usual. Se associada a episódios recorrentes da ação da liga evangélica na política nacional, sugere ameaça à república laica. Em iniciativa recente o líder da Frente Parlamentar Evangélica, propôs decreto legislativo para proporcionar “tratamento psicológico” a homosexuais. É o caso de perguntar: é razoável que crenças particulares constituam base para legislação e políticas públicas? Se o clero católico, por exemplo, não admite o uso de preservativos e insiste na tese de que a vida sexual é um estorvo necessário à procriação, que diga isso do púlpito das suas igrejas, mas não transforme a doutrina em política pública, o que seria próprio de um estado teocrático.[..]
O controle das almas dá passagem à captura do voto, ao acesso a concessões públicas e à expansão patrimonial, política e financeira. O volume e a dimensão dessa calamidade em curso confere a seus operadores ares de respeitabilidade e imprescindibilidade. O pior de tudo é que a moeda de troca à fidelidade política da liga evangélica excede o prêmio habitual: pode estar em jogo um dos pilares da república democrática, o princípio da laicidade.[...]
----------------------------------------------------
Mais aqui

Um comentário:

Marise Rocha Morbach disse...

Princípio que, diga-se, é quebrado a todo momento. Fico pasma de ver alunos de mestrado e doutorado dedicando trabalhos a Deus, em primeiro lugar, depois à família: graças a Deus! Ora bolas, isso não está correto - e não falo das dedicatórias dos alunos - mas da interferência das crenças em decisões de políticas públicas. O caso Crivella já dá a dimensão da questão. Ontem, em uma formatura de uma pessoa querida fiquei chocada de ver um professora do curso de Direito, participante da mesa, se reportar a Deus como se houvesse evidências de que ele é decisivo na melhoria do Curso de Direito da UFPa. Francamente, a coisa tá tomando rumos absurdos. Em breve serei queimada na fogueira: cruzes!