Moinhos.

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Preciso salvar a cidade: me filio ao Partido dos Perdedores. Tenho um único objetivo: sair em desabalada carreira pela BR-316 rumo a felicidade. Não posso, sou a legitima representante do Partido dos Perdedores: estou predestinada ao fracasso. Preciso me resignar e tentar comprar um apartamento de três quartos no Altos do Umarizal; sem azulejos portugueses, sem água potável e penhorado pela Caixa Econômica. Paciência, minha plataforma política estava escrito nas estrelas; tava sim! Preciso derrotar o cavalheiro Zenaldo Coutinho e Mr. Wonderful Almir Gabriel. Sancho Pança é meu fiel escudeiro enquanto D. Quixote morre de amores por uma tal de Dorotéia. Avanço entre azulejos portugueses e o que restou da Cidade Velha. Levanto barricadas no Palácio Lauro Sodré e sei: estou fadada ao fracasso. As recentes pesquisas de opinião apontam o Partido dos Perdedores com 3,9% das intenções de voto. Penso em Sancho Pança, onde estará? Encontro-o de braços dados com Duciomar Costa. Sancho Pança está traindo a causa dos perdedores? Não, me diz Duciomar Costa, ele apenas foi picado pela mosca azul do poder. Tem vacina? Tem, é a Bus Rapid Transit. O quê!?! Suplico a Sancho Pança que não faça isso, que não abandone a causa dos perdedores, precisamos salvar a cidade. Mas Sancho Pança fraqueja, está cansado de ser tratado como um perdedor, agora quer ser um homem de sucesso. Viajar para a Europa uma vez por ano e ter uma assinatura de TV. Argumento que há coisas muito mais importantes a fazer. Quais? Pergunta Sancho Pança. Na dúvida não ultrapasse: Lembre-se Sancho Pança dos ensinamentos do Detran e volte imediatamente para o lado dos perdedores.


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