quinta-feira, 24 de maio de 2012

Luiz Maklouf Carvalho

Quer saber o que é um jornalista de talento? Cola no Luiz Maklouf Carvalho. Este paraense de seus 52 anos(?)  foi editor do jornal Resistência e correspondente do Movimento. Quem não lembra; ou não leu: Azar! Eu me lembro e li. Maklouf fez para a revista Piaui o melhor perfil que eu já li de um dos mitos da advocacia brasileira:  Márcio Thomaz Bastos. Não lembro em qual número da revista. Mas lembro perfeitamente dos detalhes da matéria. Maklouf vai levando você pela mão.Vamos do escritório de Márcio Thomaz Bastos até o closet onde ele guarda seus ternos caríssimos. Mergulhamos na piscina com os netos de Márcio Thomaz Bastos. Ficamos sabendo dos hábitos exclusivos e sofisticados do advogado que foi Ministro da Justiça no governo Lula. Tudo apresentado à maneira de Maklouf: critico e mordaz. Agora o mito está advogando para o Cachoeira. Fico imaginando o que pensa Cachoeira ao lado de Márcio Thomaz Bastos. Pensará Cachoeira: Estarei livre daqui há instantes? Bastos me livrará da morte? Sou um homem encrencado?
Não sei! Fala aí Maklouf! Tenho certeza que você sabe!
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Folhaonline

22 comentários:

Edyr Augusto Proença disse...

Maklouf é um grande amigo que não vejo há muitos anos. Crescemos juntos no Colégio Nazaré e eu o admiro muito. Também estou enojado com o ex Ministro da Justiça (?!)

Marise Rocha Morbach disse...

Edyr, como não ficar?

Lafayette Nunes disse...

Ele é ex-Ministro da Justiça e não advogado, entendi!

Marise Rocha Morbach disse...

Lafayette, toda sociedade tem seus emblemas!

Erika Morhy disse...

Olha, devo dizer que não é de hoje que o "nobre" tem me surpreendido... lamentavelmente me surpreendido. Temos fotos do "Mak" nos arquivos da SDDH! Ai, como seria bacana se ele pudesse estar conosco, contribuindo no projeto...

Carlos Barretto  disse...

Sim, Marise.
É duro ver Márcio Thomaz Bastos abraçando estas causas.
Mas acho que o Lafa tem razão. Acima de tudo, ele continua a ser advogado. E certamente dos melhores. Não é à toa que...
Bem.
Mas compreendendo você também, juro que gostaria de tomar uma cerveja com ele. Quem sabe, em ambiente informal, ouvindo-o, fosse mais fácil absorver suas opções profissionais, que parecem nos levar minimamente a algum tipo de decepção. Especialmente se levarmos em conta sua trajetória histórica.
Mas enfim, botando uma pedra em tudo, consigo concordar com o Lafa.
Mas é difícil. Muito difícil.

ASF disse...

O Brasil infelizmente é o país da banalização.

Aqui nós banalizamos tudo, somos frouxamente tolerantes... Como diria o nosso grande poeta Chico Buarque: "Não existe pecado do lado de baixo do equador".

Essa é a nossa sina.

Marise Rocha Morbach disse...

Eu não discordo absolutamente do direito de Márcio Thomaz Bastos advogar para quem quer que seja. Entendo as funções que um advogado exerce no sistema social: para o bem e para o mal. O fato que me faz observar o mito do advogado em sociedades abertas é de uma outra natureza; e não me cabe aqui discutir nem preferências, nem oportunidades. Me causa espanto o que está cristalizado na figura do Márcio Thomaz Bastos enquanto alteridade, autoridade e respeito social. E é justamente este emblema que o Maklouf consegue traduzir com maestria. Ele é um mito: mas por que? Maklouf responde: nós adoramos as elites abastadas, elegantes e perversas na qual se constituíram uma parte dos bacharéis do Direito no Brasil. Só isso!

Lafayette Nunes disse...

Neste assunto do causídico em referência, o que me tem causado estranheza não é o prévio julgamento do acusado, o Cachoeira, mas, sim, a condenação do Thomaz Bastos.

Mas, porque digo estranheza? Por vários motivos. Vou em 2 deles: a) Advogado não é parte e; b) Surpresa intempestiva.

A primeira, é autoexplicativa.

A Segunda, vou ultrapassar a obviedade da primeira, e me socorro da Web para rememorar:

Thomaz Bastos foi advogado de acusação, em apoio ao Ministério Público na ação penal dos assassinos de Chico Mendes, ícone da luta fundiária e ecológica neste país (há, até, um insituto ambiental federal com o nome dele).

Defende Roger Abdelmassih. Defende os estudantes afogaram Edison Tsung Chi Hsueh (quem já vi a entrevista do pai desse garoto, sabe o drama), estudante de medicina encontrado morto em uma piscina da USP em 1999, fruto de um trote misturado com xenofobismo.

Defendeu os estudantes que assassinaram o pataxó em Brasília (lembram: Botaram fogo no índio!).

Marise Rocha Morbach disse...

Lafayette, melhor assim. Você me deu os argumentos que faltava ao emblema que ele é. Bj

Francisco Rocha Junior disse...

Lafa está coberto de razão - alguns dirão que a nossa concordância é decorrente de espírito de corpo (atençao: de corpo, e não de porco). Mas é assim que funcionam as democracias (Alá seja louvado!).

Quero lembrar ainda que o Evaristo de Moraes Filho não deixou de ser "mito" porque defendeu Collor no impeachment. Muito ao contrário.

A opção do MTB foi pelo Direito Penal. O que vem daí é consequência.

Lafayette Nunes disse...

Francisco, o assunto é interessante por justamente extrapolar os limites da Ética e da Disciplina, previstos no nosso ordenamento de classe.

Vai além, vai à sociologia, à ciência política (onde a Marise deita e rola), à antropologia até, pois como disse a Marise, citando Maklouf: "nós adoramos as elites abastadas, elegantes e perversas".

Trago para cá, o que o Albaninho escreveu hoje no Face e que dá uma certa definição sobre assunto:

"Mesmo sendo advogado, mesmo sabendo que o Código de Ética e Disciplina afirma que é direito do advogado assumir a defesa criminal independentemente da sua convicção sobre culpa, penso que a condição de homem público, de ex-Ministro e, em razão disso, detentor de informações privilegiadas, torna no mínimo moralmente questionável que o Dr. Thomaz Bastos assuma a defesa de Carlos Cachoeira, em especial quando se sabe o conteúdo político da questão. Ele é muito rico, não precisa desses honorários, e para mim mancha a sua biografia com este patrocínio. Ninguém me convence de que sua presença na CPI não teve caráter intimidatório, que não foi discutida nos altos escalões do partido a que serve, e que não caiu como uma luva na defesa de interesses de gente bem maior que o tal Cachoeira. Isso jamais ocorreria num país de Primeiro Mundo, onde Ministros morrem Ministros, mesmo quando deixam de sê-lo, dando-se até o fim o respeito que não se vê por estas tristes bandas ..."

Marise Rocha Morbach disse...

Lafayette e Francisco, estamos diante de um embate histórico entre o Direito e a Ciência Política. Haveremos de nos encontrar aqui e ali; abs nos dois.

ASF disse...

Belíssimo e oportuno comentário Lafayette.

Francisco Rocha Junior disse...

Lafa, concordo com a argumentação do Albano a respeito da conversa partidária. Isso seria assim também se o Fernando Henrique estivesse no banco dos réus: José Carlos Dias conversaria com Sergio Guerra, Aécio Neves e Tasso Jereissati sobre sua presença intimidatória na sessão da CPI.

Mas, ao utilizar o exemplo do FHC, eu pergunto se a reação da classe média brasileira seria a mesma se quem estivesse no banco dos réus não fosse o Cachoeira e, principalmente, suas relações com essa miríade de partidos que sustenta o projeto de poder do PT há 10 anos. Por acaso diriam que o José Carlos Dias (ou o José Gregori, ou o Gilmar Mendes, se esse pudesse advogar) era rico demais e não precisa trabalhar nesse processo? Ex-ministros são cidadãos e a eles cabe a escolha das opções profissionais que fazem. Fosse o Nilo Machado, e não o MTB e toda sua ligação histórica com o PT, haveria esse tipo de crítica? Óbvio que não.

Continuo achando, com isso, que satanizar o advogado pelos crimes do cliente é roteirizar um enredo da Agatha Christie: no lugar do mordomo, põe-se o causídico.

Marise Rocha Morbach disse...

Prezado Francisco, eu não estou satanizando o Márcio Thomaz Bastos: não estou mesmo!

Francisco Rocha Junior disse...

Nem eu disse isso, querida Marise. Mas há muita gente que o está fazendo.

Façam-se várias críticas ao Márcio Thomaz Bastos, mas na esfera pública, fiquemos com aquelas que falam de sua atuação como ministro. Ex-ministro é "ex". Ponto.

A castração é tanta que já criticaram o cara até por ele usar uma pasta Louis Vuitton. Pelo amor de Deus!

Francisco Rocha Junior disse...

Só um adendo: criticaram o MTB pelo fato de ele usar uma Louis Vuitton porque uma Louis Vuitton é cara. Se a crítica fosse outra, eu seria o primeiro a concordar: a pasta dele é cafona pacas.

Edyr Augusto Proença disse...

Francisco, eu também falei da pasta, tão cafona quanto cara e desculpe, concordo com o Albano.
Mas é boa a discussão!
Abs

Lafayette Nunes disse...

Thomas Mann, a quem revisitei mês passado, diz que quando a gente se afasta do nosso dia-a-dia, o estranhamento é não sentir saudades, e que, bem recebida, a estranheza passa a ser a libertação para uma nova vida, um novo pensamento a ser conquistado.

Quem sabe esses emblemáticos profissionais, políticos, ícones forjados por uma outra parte da sociedade, tão estranha a toda a outra, bem maior e mais carente de ícones, não sejam a mais pura representação do que nos aprisiona.

Quem sabe esses estranhamentos que têm ocorrido por aí, provenientes das lides políticas, sociais e econômicas não nos liberte de vez... quem sabe?!

Marise Rocha Morbach disse...

Por que não Lafayette? Esse é o grande barato da existência: duvidar e viver!

Francisco Rocha Junior disse...

Lafa, nunca mais o vi. Ele tá morando onde?
:D