quinta-feira, 12 de julho de 2012

Cusco - Tradição religiosa registrada em vídeo

Antiga capital do dizimado império inca, (momento em que chegou a ser conhecida como "umbigo do mundo"), Cusco é uma cidade estratégica para o turismo em terras peruanas. Situada em um vale a 3400 metros de altitude, a cidade é charmosa, movimentada, com trânsito feroz pelas suas ruelas. Por vezes tão estreitas, que obrigam os motoristas a manobras delicadas para retornar após entrar em algumas delas.


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Do alto dos inúmeros mirantes existentes no entorno (as ruínas incas de Saqsaywaman proporcionam uma excelente visão panorâmica) é possível ver a cidade espalhada ao longo do vale, com suas casinhas em tons predominantes de terracota.

Cusco a partir de Saqsaywaman - Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados.
A cidade possui uma infinidade de prédios históricos de notável beleza, a maioria construída pelos colonizadores espanhóis sobre antigas edificações incas (que trataram de demolir sistematicamente, não sem antes aliviá-las de fabulosos trabalhos em ouro). A maioria destes prédios abriga obras de arte do que se convencionou chamar de arte cusqueña. Não sou exatamente um entendido no assunto. Mas pelo que pude ler e ouvir dos guias locais, as pinturas eram feitas por encomenda para a igreja católica com temas que visavam propagar a ideologia do colonizador. Nelas, os santos católicos podem aparecer ao lado de divindades incas, construindo a falácia da integração das culturas. Uma ação política determinada a garantir uma espécie de "pax espanhola", se me permitem a analogia.

Ponto de partida para quem deseja chegar ao principal atrativo turístico da região, Cusco é uma cidade relativamente pequena mas cheia de gente. Hordas de turistas por lá circulam, criando uma babel que em nada difere da encontrada em outros atrativos concorridos mundialmente. Machu Pichu, é sem nenhuma dúvida, o objetivo de todos. Lá também encontramos engarrafamentos em horários de pico, favelas nas encostas íngremes,  e o detalhe mais desconfortável: o soroche. É como é conhecido por lá o mal da altitude.
Ruelas estreitas de Cusco à noite. Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados.
Logo ao desembarcar no aeroporto, instalei em meu indicador direito um pequeno oxímetro de pulso e me assustei com o que vi: ele marcava 77% de saturação de oxigênio (normal acima de 90% ao nível do mar). Era a comprovação de que estava com hipóxia, muito embora não sentisse qualquer tipo de desconforto respiratório. Mas ao caminhar por ladeiras ou qualquer escadinha com poucos degraus, o aumento da frequência cardíaca (acima de 130 batimentos por minuto) e o extremo cansaço surgiam inequívocamente.

Mas o soroche não é apenas isso. Pode ser ainda mais desconfortável, se acompanhado de náuseas, vômitos, cefaléia, tonturas e até mesmo derivar para sintomas de extrema gravidade. Além disso tudo, em alguns pontos a própria topografia da cidade parece também cobrar um preço. Inúmeras ladeiras, algumas bastante íngremes, podem inviabilizar o ato de caminhar pela cidade. Mas os táxis são baratos e acabam sendo a melhor maneira de ir de um ponto a outro, mesmo que de curta distância.

Fiz o que foi recomendado para as primeiras 24 h de adaptação: repouso, alimentação leve, muita água e litros de chá de coca (disponível gratuitamente nos hotéis, que também possuem tubos de oxigênio para os mais necessitados). Consegui me adaptar, respeitando sempre os limites impostos pelo cansaço e taquicardia.

Como é tradicional nas cidades de colonização espanhola, a Plaza de Armas é o ponto principal (e central) da cidade. As principais atividades culturais e cívicas acontecem lá. É onde também estão algumas lojas importantes, alguns restaurantes (sempre cheios e concorridos) e a magnífica Catedral de Cusco. Foi na Plaza de Armas que pudemos testemunhar o ponto culminante deste post. Um pequeno vídeo que editei, mostrando um evento que para mim, além de surpreendente, gerou grande emoção: os festejos de Corpus Christi.

Na verdade, a data religiosa é lá comemorada por uma semana inteira, onde grupos locais vestindo trajes coloridos acompanhados de bandas bem paramentadas (algumas com muitos integrantes), fazem evoluções no entorno da catedral, descendo em direção a Avenida del Sol. Foi uma grande sorte e surpresa para nós estar lá naquele momento. Centenas de turistas e moradores enchiam o trajeto do evento deixando o trânsito de veículos infernal. Mas o que vimos lá, valeu a pena.
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O vídeo também foi feito com o iPhone 4S, editado no iMovie (onde ganhou uma pretensiosa trilha sonora) e encaminhado para o You Tube com qualidade máxima permitida em HD. Experimente carregá-lo em HD e assistir em tela cheia.

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