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O prefeito de Belém, Duciomar Costa (PTB), como dizem seus aliados e adversários, é mesmo um "fenômeno". Acumulou nos seus oito anos de mandato mais de 40 processos movidos pelo Ministério Público Federal e estadual, o que não impede seu candidato na eleição de outubro, o vice-prefeito Anivaldo Vale (PR), com 5% nas intenções de voto, ser apontado como um dos que mais podem surpreender e vencer a disputa.
Há 24 anos ininterruptos na vida pública - foi deputado estadual entre 1988 e 2002, senador entre 2002 e 2004, e prefeito desde 2005 - Duciomar é conhecido por vitórias e viradas inesperadas. Foi assim em 2002, quando saltou da Assembleia Legislativa para o Senado Federal, na maior votação da história do Estado. E em 2004, onde superou os candidatos das máquinas municipais e estadual para se tornar prefeito. Quatro anos depois, a mesma coisa. Partiu do quarto lugar nas pesquisas para uma vitória no primeiro e, depois, no segundo turno. Isso tudo fazendo coligações com poucos partidos, considerando-se que está à frente do Executivo desde 2005. A coligação do seu candidato é formada por seu partido, o PTB, o de Vale (PR), e PDT e PRB. Juntos somam 12 vereadores dos 35 da Câmara Municipal. Ainda assim, não costuma ter muitos problemas com o Legislativo, graças à garantia de liberação de emendas dos vereadores na ordem de R$ 100 mil anuais. Sua gestão foi feita à base de grandes e polêmicas obras para a cidade, como o Bus Rapid Transit (BRT), a pavimentação e drenagem de ruas e a revitalização da orla de Belém, todas com grande parte entregue parcialmente e próximo à eleição. O BRT, por exemplo, tem previsão de inauguração em outubro. Também em praticamente todas elas, assim como grande parte de sua gestão, é apontada pelo Ministério Público como irregular e com alto índice de corrupção. Só a Procuradoria Federal contabiliza 28 ações contra ele. Outras 13 ações correm na Justiça Estadual. Há ainda uma série de investigações internas no órgão. Uma das mais relevantes é a que investiga sua relação com a empresa Belém Ambiental S.A., hoje B. A. Meio Ambiente, que obteve contratos milionários com a prefeitura. Um ex-assessor de Duciomar no Senado e na prefeitura é apontado como procurador da empresa. Os investigadoras o apontam como "laranja" do prefeito. Outras empresas também são suspeitas de ligação com Duciomar e estão sob investigação. O Valor procurou a B.A. Meio Ambiente, mas no telefone disponibilizado em seu site ninguém atendeu. O prefeito nega irregularidades em sua gestão e avalia que o Ministério Público virou "delegacia", pois a população recorre ao órgão para reclamar. Além disso, afirmou que "o MP cumpre o papel dele e o papel dele é fazer ações judiciais". Grande parte das obras em Belém foram feitas graças ao trânsito que Duciomar conseguiu em Brasília quando foi senador, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Lula foi um paizão para mim", afirma o prefeito. O motivo é que a capital paraense vive mais das transferências da União e das operações de crédito que realiza do que de receita própria, que não chegam a um quarto da sua arrecadação. O trânsito em Brasília foi uma das razões por que escolheu seu vice para sucedê-lo. Anivaldo Vale foi superintendente do Banco do Brasil em quatro Estados e presidiu o Banco da Amazônia, além de ter exercido três mandatos como deputado federal. A campanha patina, tendo em vista Vale ter sido um vice discreto e desconhecido da população. Por isso, na TV Duciomar domina o seu programa para apresentá-lo ao eleitor belenense. (CJ) |
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