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É curioso pensar sobre os destinos da nossa cidade. As lentas transformações parecem ter o mesmo destino das transformações bruscas: caos, sujeira, e a crescente autonomia privada dos indivíduos diante dos bens considerados públicos. Em Belém, os limites entre o público e o privado já deixaram de existir. Temos a Estação das Docas no final da subida da av. Presidente Vargas. Temos um porto de embarque de passageiros e de cargas ao lado da Estação das Docas. Temos um casario alto diante da Estação. Temos o Mercado do Ver-o-Peso, à direita. O centro comercial está afunilado entre o bairro da Campina e a Estação das Docas, desce a 15 de Novembro e faz o contorno para a Cidade Velha, com suas lojas de ferragens e materiais de construção. Neste pequeno espaço temos assistido ao saque, realizado pelo trabalho informal e pela pobreza, sobre os equipamentos públicos e sobre o patrimônio histórico da cidade de Belém. Como se não bastasse o processo de saque, temos um Shopping Center encravado no Bairro do Reduto; e outro na Padre Eutíquio. O trânsito é cruel com a Cidade Velha e com o Comércio. O que dirá com o Ver-o-Peso? As populações da cidade migram, durante muitas horas, para essa região. E uma parte está aqui, vivendo, dormindo e trabalhando. Nas noites, pode-se observar que o numero de moradores aumenta debaixo das marquises dos prédios, uma população flutuante. O bairro da Campina foi esquecido à própria sorte pelos sucessivos governos municipais. Buracos, lixo, ocupações irregulares e miséria humana, dão tonalidades decadentes ao bairro; e os prédios abandonados vão sendo ocupados pelos desvalidos e loucos. Saindo da Campina, temos a Praça da República e o Teatro da Paz. Ao lado, o bairro do Reduto margeando as Docas do Pará. Depois o canal da Doca de Souza Franco, antigo Igarapé das Armas. Em meio a este ambiente urbano, tivemos que assistir ao ex-vereador Gervásio Morgado em suas sucessivas tentativas de privatizar o espaço público para atender aos interesses do capital imobiliário e financeiro. Estou cansada de ouvir que sem a Estação das Docas, o Mangal e o Parque da Residência, não teríamos o que mostrar aos visitantes que chegam em nossa cidade. É vero! E, cada vez que ouço isto, tenho a certeza de que não temos planejamento público, em Belém. Temos ações isoladas que não pensam o desenvolvimento econômico e social da cidade e de seus cidadãos. Querem ter certeza? Façam a relação turismo, desenvolvimento urbano e investimentos em equipamentos públicos voltados ao turismo, e com a finalidade de gerar emprego e renda. Feito isto, vamos verificar os retornos destes investimentos ao desenvolvimento econômico, social e cultural do Município de Belém. Pode ser por estratificação de renda; que, aliás, é a grande vedete dos discursos políticos: emprego e renda. De outro, vamos pesquisar quanto custa o investimento público na estrutura urbana de Belém, que leve em consideração saneamento básico: água e esgoto, por exemplo. Estamos vivendo sobre a merda, sem saneamento básico, sem água na torneira de milhares de moradores de Belém; temos um trânsito caótico e cidadãos apáticos; quando não coniventes com a depredação da cidade. O poeta Paulo Nunes se referiu a Belém como um poleiro, e muita gente não gostou. Mas, e de fato, estamos em um poleiro. E que me perdoe a classe média média e a classe alta que andam sobre rodas: o sistema de transporte de Belém é a mais perfeita tradução da iniquidade a que estamos submetidos, como população e como cidadãos. É verdade que não é só Belém; e isto não nos redime; sequer nos consola.
É curioso pensar sobre os destinos da nossa cidade. As lentas transformações parecem ter o mesmo destino das transformações bruscas: caos, sujeira, e a crescente autonomia privada dos indivíduos diante dos bens considerados públicos. Em Belém, os limites entre o público e o privado já deixaram de existir. Temos a Estação das Docas no final da subida da av. Presidente Vargas. Temos um porto de embarque de passageiros e de cargas ao lado da Estação das Docas. Temos um casario alto diante da Estação. Temos o Mercado do Ver-o-Peso, à direita. O centro comercial está afunilado entre o bairro da Campina e a Estação das Docas, desce a 15 de Novembro e faz o contorno para a Cidade Velha, com suas lojas de ferragens e materiais de construção. Neste pequeno espaço temos assistido ao saque, realizado pelo trabalho informal e pela pobreza, sobre os equipamentos públicos e sobre o patrimônio histórico da cidade de Belém. Como se não bastasse o processo de saque, temos um Shopping Center encravado no Bairro do Reduto; e outro na Padre Eutíquio. O trânsito é cruel com a Cidade Velha e com o Comércio. O que dirá com o Ver-o-Peso? As populações da cidade migram, durante muitas horas, para essa região. E uma parte está aqui, vivendo, dormindo e trabalhando. Nas noites, pode-se observar que o numero de moradores aumenta debaixo das marquises dos prédios, uma população flutuante. O bairro da Campina foi esquecido à própria sorte pelos sucessivos governos municipais. Buracos, lixo, ocupações irregulares e miséria humana, dão tonalidades decadentes ao bairro; e os prédios abandonados vão sendo ocupados pelos desvalidos e loucos. Saindo da Campina, temos a Praça da República e o Teatro da Paz. Ao lado, o bairro do Reduto margeando as Docas do Pará. Depois o canal da Doca de Souza Franco, antigo Igarapé das Armas. Em meio a este ambiente urbano, tivemos que assistir ao ex-vereador Gervásio Morgado em suas sucessivas tentativas de privatizar o espaço público para atender aos interesses do capital imobiliário e financeiro. Estou cansada de ouvir que sem a Estação das Docas, o Mangal e o Parque da Residência, não teríamos o que mostrar aos visitantes que chegam em nossa cidade. É vero! E, cada vez que ouço isto, tenho a certeza de que não temos planejamento público, em Belém. Temos ações isoladas que não pensam o desenvolvimento econômico e social da cidade e de seus cidadãos. Querem ter certeza? Façam a relação turismo, desenvolvimento urbano e investimentos em equipamentos públicos voltados ao turismo, e com a finalidade de gerar emprego e renda. Feito isto, vamos verificar os retornos destes investimentos ao desenvolvimento econômico, social e cultural do Município de Belém. Pode ser por estratificação de renda; que, aliás, é a grande vedete dos discursos políticos: emprego e renda. De outro, vamos pesquisar quanto custa o investimento público na estrutura urbana de Belém, que leve em consideração saneamento básico: água e esgoto, por exemplo. Estamos vivendo sobre a merda, sem saneamento básico, sem água na torneira de milhares de moradores de Belém; temos um trânsito caótico e cidadãos apáticos; quando não coniventes com a depredação da cidade. O poeta Paulo Nunes se referiu a Belém como um poleiro, e muita gente não gostou. Mas, e de fato, estamos em um poleiro. E que me perdoe a classe média média e a classe alta que andam sobre rodas: o sistema de transporte de Belém é a mais perfeita tradução da iniquidade a que estamos submetidos, como população e como cidadãos. É verdade que não é só Belém; e isto não nos redime; sequer nos consola.
2 comentários:
A cidade é moderna
Dizia o cego a seu filho
Os olhos cheios de terra
O bonde fora dos trilhos
A aventura começa no coração dos navios
Pensava o filho calado
Pensava o filho ouvindo
Que a cidade é moderna
Pensava o filho sorrindo
E era surdo e era mudo
Mas que falava e ouvia
Milton Nascimento: Milagre dos Peixes?
Triste. E a culpa, infelizmente, é nossa. Nosso desprezo pela cidade, egoísmo, brigas paroquiais e furto, à base de meu pirão primeiro e em segundo, nada.
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