sábado, 2 de fevereiro de 2013

Com ou sem contraste?


Talvez a imprensa seja sensacionalista porque nós, humanos, definitivamente o somos.
E a notícia da morte de três pacientes por injeção de contraste à base de Gadolíneo (Gd), durante exames de Ressonância Magnética em Campinas, no início da semana, repercutirá por anos a fio.
De agora em diante os pacientes brasileiros dificilmente aceitarão a injeção do dito contraste, mesmo que tal atitude dificulte o diagnóstico de uma gama enorme de patologias, como tumores, processos inflamatórios e doenças degenerativas.
Curiosamente os contrastes a base de Gadolíneo, usados em todo o mundo para otimizar as imagens adquiridas pelo método, são tidos como extremamente seguros, sendo as reações anafiláticas raríssimas (algo entre 1/4.000.000 e 1/50.000.000).
O que aconteceu em Campinas ainda será investigado e muitas possibilidades têm sido aventadas.
Pessoalmente acredito que outra substância tenha sido acondicionada nos frascos, seringas ou mesmo no soro usado para a diluição. Falha humana, de equipamento ou mesmo contaminação proposital não podem ser descartados num raciocínio inicial.
Vejo que o esclarecimento da causa das mortes e a sua divulgação ampla talvez possam minimizar o efeito bombástico causado pelo excesso de sensacionalismo empregado pela mídia neste caso.
Afinal, é muito mais "perigoso" tomar um simples comprimido de um analgésico com dipirona, por exemplo, do que receber uma injeção de gadolíneo.
Mas quem acredita nisso?

Halo de captação de Gd - toxoplasmose cerebral

6 comentários:

Pedro do Fusca disse...

Scylla, estas informações deveriam ser dadas por estes Hospitais que fazem este tipo de exame. Eu realmente estou agora com medo de fazer qualquer exame com contrastes.
Os hospitais deveriam deixar de serem mão de vaca e colocarem na impressa estes esclarecimentos que voce tão bem prestou a quem ler o nosso Flanar.

Scylla Lage Neto disse...

Pedro, talvez a nossa cultura seja a de minimizar os riscos, pelo menos verbalmente.
Concordo com você que os profissionais envolvidos deveriam esclarecer melhor os pacientes sobre as possíveis intercorrências advindas de uma cirurgia ou de qualquer outro procedimento, inclusive da injeção de um contraste, e até por escrito.
Mas tal não é feito com a frequência devida, ou pelo menos eu acho que não o é.
Abraços.

Marise Rocha Morbach disse...

As mortes que foram causadas - e que são-, pelo uso de contraste, são crimes. É simples assim. Quanto ao uso? Se este for o meio mais seguro, e mais barato: SIM!

Scylla Lage Neto disse...

Marise, se as três mortes tiverem sido decorrentes de reação alérgica, o que eu não acredito, elas passarão a ser, infelizmente, mera estatística.
A investigação o dirá, assim espero.
Quanto ao uso, não utilizar contraste (quando necessário) por temor às reações, aumentará o número de mortes exponencialmente por doenças não diagnosticadas.
Curiosamente, o contraste iodado da tomografia, que é muito mais usado mundo afora e que pode causar zilhões de complicações e reações, não entrou na discussão da mídia.
Sobrou para o "ex-inocente" Gadolíneo...
Abs.

Silvina disse...

Scylla, imagino que uma substancia consagrada como "segura" e útil na detecção de patologias mais complexas nao poderia ser "lançada no banco dos culpados" sem que ANTES fosse criteriosamente feita investigação. Como vc bem diz, muita gente vai ficar noiado com contraste à base de Gadolíneo. O CFM deveria sim se pronunciar sobre tal questão tão importante, inclusive junto à poderosa industria farmacêutica. Se eu tivesse que fazer uma MR com contraste, eu ficaria apavorada, sim, mas por causa da agulhada!!!!! Rss.
Kss.

Scylla Lage Neto disse...

Eu também não gosto nada de agulhas...
Rss.
Kss.