sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Reação ou reacionarismo?

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Por  Maria de Fátima Morbach de Medeiros

Estamos diante de uma questão muito complexa: até onde vai a liberdade? Pessoalmente fico feliz que Angola tenha reagido à enganação da Universal, assim como anos atrás proibiu a exibição do Sítio do Pica-pau Amarelo, por mostrar tia Anastácia em situação análoga à escravidão. Entretanto, muitos dos que festejam a interdição das Igrejas e repudiam as opiniões de Malafaia, chamaram de ignorantes os que se manifestaram contra o uso de livros de Monteiro Lobato nas escolas.
E se o Governo interditasse a Igreja Católica no Brasil? Muitos se revoltaram contra a ação movida por ateus para tirar os crucifixos dos tribunais. Muitos não aceitam que os povos iraniano e afegão, exercendo sua auto-determinação, queiram Estados teocráticos e chamam de oprimidas mulheres muçulmanas que querem usar véu.
Quer dizer que às vezes temos e às vezes não temos o direito de nos meter nos assuntos de outras pessoas, outros povos, outros fiéis?
Minha opinião: Seja o que quiser, diga o que quiser. Não prejudique alguém por suas convicções, não humilhe, não agrida, mas se quiser fazê-lo lembre-se que há leis e que você pode ser processado. E se você for ofendido, processe. 
Quem diz o que quer ouve o que não quer. Essa é uma lei escrita pela vida. As pessoas acham que tem o direito de ser o que quiserem e fazer o que quiserem mas ignoram o direito do outro de pensar o que quiser e dizer o que quiser.
O politicamente correto está ficando politicamente incorreto. Ninguém pode dizer nada. Toda mulher é boa, todo judeu é bom, todo negro é bom, todo pobre é bom, todo gay é bom, todo índio é bom, todo deficiente é bom. É preciso lembrar que quando se critica alguém de uma dita “minoria”, não necessariamente se está criticando por esse motivo. Não é possível que haja um monte de gente intocável. Nem piada se pode contar mais porque também todo gordo é bom, todo velho é bom, toda puta é boa e todo português é bom.
Aqui no Brasil, por exemplo, muitos mostram estranhamento diante da latinha com brasas e defumador dos terreiros de umbanda, com as saias de baiana rodadas, com o gesto de bater cabeça no congá e de se deitar no chão num gesto de devoção, se espantam com o toque do adejá, mas acham normal o padre – que é homem – vestido de vermelho com rendas por cima, balançando o turíbulo, encostando a cabeça no altar, tocando seus sininhos e se deitando no chão no momento da ordenação. E todo mundo acendendo suas velas! Qual a diferença?
Hoje temos medo de falar que religião praticamos, quando há mais de duas pessoas presentes. Vai que um é crente e despeja em cima de você impropérios, maldições, sentenças de danação eterna. Eu, que coloquei em minha filha o lindo nome de Rosa de Oiá, em homenagem às minhas duas mães, a que me teve e Iansã, mãe espiritual, quando me perguntam qual o nome dela digo somente Rosa para evitar a famosa encheção-de-saco.
Estamos andando pra trás? Viva e deixe viver! Aguenta!

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Um comentário:

Marise Rocha Morbach disse...

Boa, Morbach! Tô de pleno acordo: vivam e deixem viver: tolerância e coragem, meus amigos.