segunda-feira, 4 de março de 2013

Plágio à vista!!!


Fiquei muito curioso com a polêmica envolvendo os livros Max e os Felinos (do falecido escritor gaúcho Moacyr Scliar; 1981) e Life of Pi (do canadense Yann Martel; 2001), celeuma esta reverberada pelas recentes estatuetas do Oscar (quatro!) recebidos pelo filme homônimo Life of Pi.
Sem qualquer pretensão literária e imerso em simples curiosidade, passei à leitura, inicialmente do Max e logo em seguida do Pi (este optei por ler em inglês, apesar de haver edição em português recente da Rocco).
Fiquei pasmo com o número de "coincidências", e incrédulo com o fato de Scliar nunca haver processado Martel.
Fuçando um pouco, tive alento (mínimo, é bem verdade) ao descobrir na Folha de São Paulo que o escritor gaúcho pelo menos pensou em processo lá pelos idos de 2002, quando Pi virou um best seller em escala global.
Acabei descobrindo, para minha tristeza, que no mundo maravilhoso do multimilionário mercado editorial muitas situações também terminam em acordos velados na pizzaria.
Pois desta minha experiência de comparação entre as duas obras, acabei ficando apenas com um gosto residual amargo de derrota e injustiça.
E nada mais.

7 comentários:

Marise Rocha Morbach disse...

Que pena Scylla, espero que o gosto amargo passe logo; eu estava por fora dessa peleja.

Scylla Lage Neto disse...

Foi uma experiência horrível, Marise.
Eu nunca mais repetirei essa "gracinha".
Rss.

Geraldo Roger Normando Jr disse...

CCilão, dois ou três anos antes de morrer, Scliar esteve em Belém, na estação gasômetro, conversando com o público sobre a sua vasta obra literária. Eu estava lá, num desse programas que por vezes faço ao sair do consultório. Foi quando um curioso fez uma pergunta sobre esse tal plágio. Inicialmente pensei que fosse dar em vendaval, ou numa tormenta. Eis a surpresa: Scliar, sobriamente, como um cavalheiro, respondeu à indagação do curioso de maneira bastante simplista e sem mágoa. Cilão, ele me vendeu, ao preço de 1kg de arroz, o gesto da humildade, que hoje, para mim tem o maior dos valores. Não se importou nenhum pouco com o plágio. Por sua vez, o que Martel fez foi transformar a grande ideia num mega livro. Foi isso o que vi da vida desse artista.

Marise Rocha Morbach disse...

Delicia de visão Roger. Depressão zero, valendo! Muito bom saber disto.

Scylla Lage Neto disse...

Roger e Marise, a matéria da Folha me deu outra impressão. Acredito que ele tenha levado um tempo para absorver o "plágio" e me pergunto como ele veria o filme hoje.
Abraços.

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Cilão, eu li uma matéria, não sei se na FOLHA ou no Diário do Pará, em que Martel, no próprio livro, faz um agradecimento a Scliar e diz que aproveitou tão somente a ideia, mas não copiou a obra. Espero que, quando acabares de ler ambas, emita o seu parecer. Eu aguardo.

Scylla Lage Neto disse...

Roger, o Martel inicialmente detonou o Scliar, e só o elogiou após um suposto acordo.
Leia no link abaixo, da Folha impressa de 16 de fevereiro último.

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1231326-moacyr-scliar-quis-processar-yann-martel-por-plagio-diz-editor-luiz-schwarcz.shtml

E eu já li ambos os livros, tendo inclusive o cuidado de ter comprado o Pi em inglês, visando sair das armadilhas da tradução.
Se você não quiser chamar de plágio, palavra forte e pejorativa, pode usar o termo em língua inglesa remake.
Na melhor das hipóteses, é isso.
Abraços.