sexta-feira, 14 de junho de 2013

Tarifa

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Estou super interessada nos fatos que envolvem São Paulo  neste momento: aumento das tarifas de transporte urbano. Lá o serviço é municipal. Meu filho mora em São Paulo, e não parece muito interessado em voltar a viver em Belém. Quando falo com ele, digo logo: "Filho toma cuidado"; "Filho: você chegou bem na USP?". Sou a mãe desse garoto, e sei que jovem é outro papo; e que  adrenalina faz bem para todos os jovens. Fiquei espantada com o tamanho da violência da polícia paulistana, não precisava de tudo aquilo. Não gosto da ideia de depredar o patrimônio público; sei que as soluções não são fáceis, em se tratando de uma cidade do tamanho de São Paulo; e os manifestantes não estão livrando a cara de ninguém. Mas, e também, não dá para reduzir tarifas apenas pelo desejo de muitos; e a questão não é de maiorias, no momento. Leio no Blog do Sakamoto que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, chamou o Conselho da Cidade para uma reunião na próxima terça-feira, dia 18. Fiquei feliz, gosto desta imagem: Conselho da Cidade. É muito salutar sair às ruas para reivindicar direitos, para protestar, para lutar por oxigênio e calor. Muito bom! Mas multidões são fáceis de perder o controle, e de ficar a deriva.Que os ânimos se acalmem! São Paulo tem déficits históricos de quase tudo, não será na pancadaria que as coisas serão resolvidas. A Polícia Militar foi cruel na noite de ontem. Assim não dá. Que venha o Conselho da Cidade. Ele não é deliberativo; é consultivo. Mas, muitas cabeças pensantes e uma boa representatividade, é melhor que conflito aberto  e centenas de pessoas presas e feridas. Torço por uma decisão que não descambe em violência, mais uma vez.

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3 comentários:

André Costa Nunes disse...

O RECADO DAS RUAS
De repente, as coisas acontecendo, o povo nas ruas dizendo basta! apanhando dos gorilas (lembram?), e os meus velhos camaradas, ou ex-camaradas silentes. Sei lá, PC, PCB, PC do B, PPS, PT... Mudou o mundo ou mudei eu? De certo modo, talvez seja melhor assim. O povo livre, leve solto, dizendo, repito, basta! Nenhum destes partidos tem mais legitimidade para liderar uma manifestação de massa tão pungente e verdadeira como a que se viu. Foi também impressionante o sentimento de solidariedade das pessoas. De todos os matizes. Parece que toda a Nação gostaria de estar na Avenida Paulista e na Cinelândia. Os homens do poder deveriam refletir sobre o acontecido que, não tenham dúvidas entrará para a história e a postura de cada um, pesará na sua biografia.
É possível que a escaramuça haja passado, mas ficou a semente e o recado das ruas.

Marise Rocha Morbach disse...


Queridíssimo André Costa Nunes, estou com você, adoraria que os protesto aumentasse - sem violência - mas com a participação cada vez mais ampliada da população.Neste link aí o estadão conta que manifestações em apoio ao Brasil estão sendo organizadas em todo o mundo. Além disse, concordo que não elas não expressam apenas a questão do aumento de passagem; tem muito mais coisas aí.
http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,atos-sao-marcados-em-27-cidades-no-exterior-em-apoio-a-protestos-no-brasil,1042556,0.htm

Lucas de Arruda Câmara disse...

Esse sentimento de que a passagem é só a ponta do iceberg é geral. Aqui em SP, no metrô, na rua, na faculdade, só se ouve falar disso. A truculência da PM só fez aumentar a raiva da população por aqui, e amanhã vai ter mais.
Acho, infelizmente, que a violência ainda vai aumentar bastante. Comentava com um colega de sala que foi detido na manifestação de terça-feira passada que é questão de tempo até morrer um. Os protestos ainda vão crescer, e as elites paulistanas são muito reaças, basta ver o discurso do Alckmin e de vários meios de comunicação. Depois de ver seus repórteres apanharem, a Folha de SP mudou completamente o tom: antes os manifestantes eram vândalos, agora a PM começa a violência. Mais de 50 são detidos por posse de vinagre, motivo pela qual na internet já se chama o movimento de revolta do vinagre.
De todo modo, o protesto não é mais sobre aumento de passagem; essa percepção é geral. Pra alguns é sobre a falta de qualidade de vida, pro Wall Street Journal é sobre inflação e custo de vida, pra quem apanhou da PM é sobre um mínimo de liberdade. E é interessante ver o momento dos regimes no mundo: nos EUA, o Grande Irmão observa; o oriente médio segue turbulento; comenta-se o possível desafio da China com o crescimento da classe média urbana; no Brasil...pra onde vai?