quinta-feira, 17 de março de 2016

Estou de volta pro meu aconchego



Clique meu, de amadora e pronto, falei. Ah! Ri muito desses óculos do Pepe.

Teatro da Sociedade Hebraica Argentina. Dia 17 de março de 2016. As ruas de Buenos Aires ferviam a 37 graus. E a fila era grande para entrar no auditório, meia hora antes do ponteiro acusar o início da aula inaugural do curso internacional América Latina: cidadania, direito e igualdade. O silêncio da imprensa diante da presença de José Pepe Mujica na cidade me causou uma sensação estranha. Sempre lembrava da presença avassaladora do ex-presidente do Uruguai e...

O salão do lado de fora estava preparado com telão e amplificador para garantir acolhida a quem não conseguisse lugar no plenário da casa fundada em 1968. Gente ao meu redor guardava lugar para outros que, em tese, estavam por vir e eu não sabia se era certo ou errado deixar as pessoas presentes em pé ou não enquanto isso. Os privilegiados chegavam a seu tempo. Entre eles, o candidato da Frente para a Vitória a prefeito da capital da nação, Mariano Recalde. Tão bonito quanto nas peças de campanha.

Helena coloca nos meus ouvidos a música Tá Tranquilo, Tá Favorável. O bordão eu usava sem nem saber que era um funk e a falta de ar-refrigerado dizia pra mim que não tava mole, não. Sindicalistas se reconheciam e se cumprimentavam longamente. Uma das responsáveis pelo curso é a uma faculdade criada por iniciativa de 40 organizações sindicais, a Umet.

O burburinho já se notava mais alto. As palmas eclodiam às 16h30. Era tempo de começar. E minutos depois os aplausos eram para o simpático Pepe, de mãos dadas à sua companheira e senadora Lucia Topolansky. Feições suaves e meigas, pisada firme. Gostei de escutar de Pablo Gentili que agradecia a ela em especial, porque tem seus méritos próprios na luta por um mundo melhor, ainda que tantas vezes esteja como a parceira daquele esposo posto à prova.

Hipnotizei com aqueles dois algodõezinhos embelezando o palco até o fim da tarde, sob sequências de euforia do público. Até porque... o discurso era pra isso mesmo, era uma animação política, um jorrar de flores de esperança, um sopro de inspiração.

E eu vibrei quando uma das moças da organização do evento se sentou numa cadeira sempre apontada como ocupada. Antes que a dona do trono repetisse para a milésima pessoa que não podia, a moça retrucou qualquer coisa baixinho e ambas ficaram caladas lado a lado.

Uma hora de conferência. Uma despedida poética levantou suspiros engasgados quando aquele senhor disse que se sentia como um jovem, mesmo à beira do fim.

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