Eu quero entrar na
rede
os bares do Gabão...
pra contactar
os lares do Nepal, os bares do Gabão...
Gilberto Gil, em: Pela internet
Semana passada Amaury Dantas
escreveu, ambientado no metro quadrado de um elevador, a relação entre os Smartphones e essa geração de adolescentes. Dois
cirurgiões experientes, Hamilton Petry (PUC-RS) e Rami-Porta (Universidade de
Barcelona) e a jornalista Erika Morhy (Buenos Aires-ARG) atinaram para o tema, n´outro lado da linha.
E o que esta contra-geração poderia esperar desses dispositivos? Gilberto Gil se
oporia a Bob Dylan e diria que a resposta não vem soprando no vento, mas nos gigabytes
que compõe as velas da jangada que veleja nessa infomaré.
Foi na vazante da maré, às margens
plácidas da baia do Guajará, em momento de visitação e laser nos pontos
turísticos de Belém que, em 2014, durante um congresso de cirurgia dentro do
magno congresso médico-amazônico, que fundamos, no WhatsApp, a rede social CONNECT
(Sigla do Centro-Oeste, Norte e Nordeste de Cirurgia Torácica). Conclamamos todos que tivessem Smarts a compartilhar esse novo mundo virtual
para ampliar abraços. Começamos discutindo temas gerais a casos clínicos mais
simples.
Salvo engano foi de Natal-RN
que se postou o primeiro caso complexo, sobre cirurgia de costelas, empregando
a técnica do simpático Jean-Marie Wihlm, francês que vez por outra está entre
nós. A interatividade da discussão, com participação dos diversos cirurgiões
espalhados pela floresta, sertão e cerrado ficou interessante e ganhou
amplitude clínica. Mais casos vieram e acabamos descobrindo uma fonte farta de
aprendizado e, acima de tudo, de convivência saudável. Só não ficou mais atraente
porque sempre aparecia uma latinha de cerveja no meio da discussão quando a
sexta-feira vergava à frente.
Reciclamos a latinha. Criamos um segundo grupo, o CLINICAL CONNECT, com os
mesmo atores, porém com enredo fechado para discussão clínica - para não se
perder o foco na medicina. Elias Amorim, do Maranhão, abriu a sessão.
Aproveitou e pediu a inclusão da poesia sutil. Sem perder fôlego, o grupo
seguiu a plenos pulmões. Hoje vários casos são discutidos semanalmente e a
discussão pega vento ao baixar vídeos, fotos, radiografias e artigos científicos.
O baluarte do grupo é Manoel
Ximenes, de Brasília, 81 anos e dono de uma ativa participação, dando
oportunidade ímpar de abençoar a todos com sua experiência. Mas a candura da
rede é embalada por Paula Ugalde, baiana de coração-pulmão, mas que hoje é
professora e cirurgiã da Universidade de Laval (Quebec-Canadá). Ela sempre está
enviando casos instigantes com decisões mirabolantes e uma disposição
inebriante, já que é uma das expertises mundiais na área da tecnologia e
avanços em cirurgia.
Assim vamos injetando ares em
nossos Smartphones, sem dispensar
sequer o sagrado domingo, as horas de descanso ou mesmo o metro quadrado do elevador.
O fato é que desde a
revolução industrial, a odisséia da tecnologia muda como o ritmo do mar, que agora
veleja nesta vastidão das redes sociais a bordo de um Smartphone, sem exigir senha e senilidade. Fatal, mesmo, é olhar
a biruta e saber rumo do vento, para que se possa ajustar as velas e seguir
viagem. O resto é sombra criptografada do passado.
2 comentários:
Roger, essa sacada de discussão de casos estranhos, incomuns, raros....num grupo de WhatsApp é sensacional! Imagino, como os nossos grandes e saudosos, Professor Jesse Teixeira e "Jessinho", se encaixariam nessas discussões! Legal seria, se outras especialidades, navegassem nessas ondas Hoje, apesar de traços poéticos, na sua escrita, pude ver ondas jornalísticas no texto! Parabéns..........
Obrigado, Rocha Neto. Trafegue sempre por essas ondas. Acho que a maior contribuição de todos esses amantes da boa discussão é aproximar mais esses grandes cérebros de toda a ninhada que vive distante dele. Temos grandes cérebros, hoje, que não gostam disso; que acham que isso é balela. Paciência! Temos mais é que respeitar.
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