Pelo menos 2 notas na internet fazem menção ao mesmo problema: que o turismo em Belém, só aumenta na propaganda oficial tucana.
A primeira vem da blogosfera no blog "Pelos corredores do Planalto" do Jornalista Val-André Mutran onde mostra inclusive uma reportagem terrivelmente desfavorável publicada na Folha de São Paulo, que reproduzo abaixo:
SABOR PARÁ
Prédios revitalizados se perdem na paisagem confusa, marcada pela sujeira e pelo clima úmido e quente Belém intercala encantos e problemas
HELOISA LUPINACCI
ENVIADA ESPECIAL A BELÉM (PA)
Bem no centro de Belém fica o forte do Castelo, construção ligada à origem da cidade. Erguido em 1616, está voltado para o encontro do rio Guamá com o mar. De lá, das grossas paredes que servem de apoio a grandes canhões, se tem a melhor vista para o principal ponto turístico da capital paraense: o mercado Ver-o-Peso.Entre o forte e o mercado, avista-se um trecho bastante degradado, em que homens e mulheres tomam banho nas águas do rio, comem açaí em barraquinhas e dormem em redes esticadas nos barcos que ficam ali atracados. Apesar de a descrição soar algo bucólica, a cena não é bonita. Tudo sujo, o mau cheiro toma o ar e o moço da farmácia no meio do cenário avisa: cuidado com o "mão fina" (batedor de carteira).Belém é assim: intercala lugares lindos a trechos degradados. À primeira vista, a cidade é feia. Suja, enlameada, quente, bagunçada. As calçadas são tomadas por barracas, que, à noite, se transformam em amontoados de gente e desencorajam o turista de caminhar.A reação é evitar o passeio. Mas ela pode ser exagerada. Um motorista de táxi se recusa a fazer a corrida: "Mas a Estação das Docas [destino da corrida] é a cinco quadras daqui, vá caminhando". Não é perigoso? "Não. Pode ir", garante.Ao passar dos dias, a cidade vai mostrando seu lado bonito. São museus, prédios, vistas do rio. Lugares únicos, que só poderiam estar lá, mas são isolados. Não formam um conjunto bonito, porque não estão colados uns aos outros. Ficam escondidos na bagunça geral, que camufla também iniciativas de revitalização, como a Estação das Docas, uma praça de alimentação montada dentro das docas reformadas, e o núcleo Feliz Lusitânia -onde ficam o forte, a Casa das Onze Janelas e o Museu de Arte Sacra. Pontos que são ilhas na cidade.À terceira vista, na volta da viagem, a primeira impressão é confirmada. A cidade é feia. Mas aqui e ali há lugares que compensam a longa jornada.A viagem, aliás, não é só longa como é cara. A passagem aérea pode custar R$ 1.440. Assim, é difícil encarar a cidade como um destino turístico -exceto para fãs de gastronomia e arquitetura.Porém, aqueles que rumam a destinos de natureza nos arredores passarão alguns dias na cidade. E, nesse tempo, poderão reunir boas lembranças.
A segunda saiu no RD de hoje, fazendo menção aquilo que todos vêem menos a propaganda oficial.
Fora da vitrine
O turismo de lazer, no Pará, não pode fazer bonito na Feira Internacional de Turismo da Amazônia, que começa, hoje, em Belém. Nos últimos anos, o fluxo de turistas desse segmento caiu cerca de 50%, segundo atordoados agentes de viagem. Ao mesmo tempo, o vizinho Maranhão comemora iguais 50%, mas de aumento no número de turistas de lazer.
E por 3 ou 4 governos municipais, ninguém quiz sofrer o desgate político de enfrentar os ambulantes e mantê-los em rígidos limites de urbanização. De tal forma que agora, é bem mais difícil reverter a situação. Até porque o atual, não parece estar muito preocupado com o retrato de sua cidade, tratando de enfeiá-la mais ainda com os "brocolis" laranja.
Um comentário:
Quando lemos as estatísticas mundiais de turismo verificamos que o Brasil é na verdade um traço que desmente "a viagem" que é feita com o tema entre nós. Tem muito, mas demais, propaganda enganosa. O Pará, no caso, não desmente a regra.
Não basta fazer igruejas bonitinhas, descascar paredes e contar janelas, nem tão pouco botar abaixo o muro externo do Forte do Castelo. Mais que o belo e sólido museu sacro montado na antiga residência dos jesuítas, é obrigatório um projeto de turismo que oriente investimentos não só materiais, mas de capital humano, que configurem infraestrutura e segurança. Sem isso - na verdade o vazio entre nós - ficamos a deriva no turismo, embriagando-nos com uma e outra lorota fácil que os donos do poder soltam quando nada têm a dizer, ou precisam dizer alguma coisa para fugir de alguma enrascada.
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