terça-feira, 2 de outubro de 2007

Persistindo no erro

Há alguns anos, a Secretaria Estadual da Fazenda e o Ministério Público Estadual fizeram uma mega-incursão nos supermercados do Grupo Líder, em combate à sonegação de ICMS. À parte discussões sobre a forma com que se deu a operação – quando lojas foram fechadas sem aviso prévio, mobilizando inclusive a Polícia Militar – o crime, ao que parece, foi constatado, materializado, inclusive, pela adulteração do software das máquinas registradoras dos estabelecimentos fiscalizados.

Sentada a poeira, eis que a Receita Federal realizou nova operação em supermercados da cidade, identificando mais focos de sonegação fiscal.

A carga tributária brasileira é extorsiva, disso sabemos todos nós, contribuintes. Mas sonegação fiscal é crime. E mais: se o consumidor já paga tantos impostos, embutidos nos preços dos produtos, o que ainda há para os supermercadistas sonegarem?

Será que essa galera não aprendeu com o exemplo do Líder? Só, por favor, não me venham com a desculpa de que essa é a única forma de concorrer com as redes alienígenas, que ainda sequer se instalaram em nossa terra.

4 comentários:

Anônimo disse...

Espero que ao final, os donos destes estabelecimentos não acabem sendo homenageados na AP, como grandes empreendedores de nosso pobre Estado.

ACM

Anônimo disse...

Acho que a investigação, para ser eficiente, deveria começar de dentro para fora. ;-)

Yúdice Andrade disse...

Eles serão, ACM. Eles serão. Todos os anos.
Vale lembrar que, quando um certo líder supermercadista local foi preso pela Polícia Federal, acusado de evasão de divisas, pulularam milhares de manifestações apostando em sua inocência. E, mesmo que culpado, ele gera tantos empregos!! Ou seja, se emprega muita gente, tem carta branca para enriquecer ilicitamente.
Mas isso é o que define uma província: em vez de mérito, as pessoas valem pelo sobrenome, pelos títulos comprados, pela desenvoltura nos tais meios palacianos e, principalmente, pela conta bancária.

Francisco Rocha Junior disse...

Antônio Carlos, a desculpa da geração de empregos, como bem disse o Yúdice, é a justificativa comum e calhorda do crime de sonegação - ou qualquer um perpetrado contra o consumidor, como sói acontecer nesta terra. Mas certamente, como tu temes, eles serão homenageados. Tanto quanto vários outros que praticam este capitalismo predatório e atrasado em nossa zona equatorial.

Anônimo das 12:02PM, a cultura da corrupção entre auditores fiscais diminuiu muito, mas não acabou. É certo, porém, que com corregedorias fortes e a visibilidade que suas ações hoje alcançam, os fiscais estão muito mais visados que antes, o que diminui o raio de alcance dos "perigosos". Os concursos públicos para estes cargos, muito mais exigentes que antes, também têm triado melhor o pessoal que ingressa no Serviço Público.

Yúdice, disseste muito bem: esta é a marca maior do nosso provincianismo. Obrigado pela visita ao Flanar, do qual agora me orgulho em participar.