terça-feira, 2 de outubro de 2007

Politicagem barulhenta

A coluna Repórter Diário, da folha dos Barbalho, traz hoje a seguinte nota:

Treme-terra
Foi aprovado na Câmara de Belém, ontem, o projeto de lei que reconhece como patrimônio cultural de Belém as aparelhagens de som. A iniciativa é de autoria do ex-vereador e atual deputado estadual Carlos Bordalo (PT). Muitos vereadores votaram contra por causa da poluição sonora, mas mesmo assim o projeto passou.

Na edição de ontem, a mesma coluna fez uma defesa indireta das aparelhagens, fazendo supor que estas prestam um serviço público da mais alta relevância, pois são o único lazer da população de baixa renda, forçadamente alheada de outras formas de diversão.

Engraçado é que ontem assisti Pablo Milanés e Chucho Valdez de graça, no estacionamento do Hangar. Havia muita gente, de todas as classes sociais – sem cachaça, sem porrada e sem onda braba por perto.

7 comentários:

Carlos Barretto  disse...

Sem a menor dúvida, FRJ. Tudo de graça e da mais alta qualidade.
E sem a bandidagem por perto.

ASF disse...

Francisco,

Me desculpe, mas você está sendo preconceituoso e elitista. E eu sinto em dizer, também está desinformado.

Não vou entrar no mérito das motivações do deputado para propor e aprovar o tal projeto de lei. Até mesmo porque seria leviano da minha parte, eu não conheço o projeto.

Agora quanto a questão das aparelhagen, nem tudo é como você está dizendo.

Informe-se mais sobre o assunto e vai descobrir que trata-se inclusive de um negócio rentável para uma parcela da população que de outra maneira estaria marginalizada economicamente e precisando, quem sabe, de alguma dessas bolsas-esmola para viver com o mínimo de dignidade.

Quer uma dica? Faça uma rápida pesquisa sobre os trabalhos da FGV sobre o assunto (tecno-brega, indústria das ruas, etc)

Aparelhagem é produto cultural sim.

Quanto a 'cachaça, porrada...', casei de ver isso por Salinas e nos salões da Assembléia Paraense, lugares que certamente você também deve freqüentar e apreciar.

ASF
http://antoniofonseca.wordpress.com

Yúdice Andrade disse...

As aparelhagens já enviaram à Rede Globo e Regina Casé o seu agradecimento? Nem farei comentários. Apenas assino suas opiniões.

Francisco Rocha Junior disse...

Antônio, discordo.
Não falei da manifestação popular ou dos ritmos que as aparelhagens tocam, ou mesmo de sua origem (muitas delas, inclusive, caribenhas). O que me causa espécie é, e isso afirmo de modo inequívoco, que muitas das aparelhagens servem a interesses escusos de políticos populistas e, em torno delas, há muita venda de drogas e bebidas, a maiores e - pior - a menores.
Quando a Polícia Civil bate à porta, à vista do cumprimento da lei, saltam parlamentares e pretendentes a cargos públicos para defendê-las - e não por causa do que elas possam representar para a cultura popular, mas pelos interesses eleitoreiros e/ou escusos que habitam por trás.
Se você leu as notas do Repórter Diário, publicadas em dois dias seguidos, vai perceber que há um engrandecimento das aparelhagens que também não defende o que elas possam ter de manifestação cultural. Foi esta postura mal disfarçada que critiquei no post.
Quanto ao show do Pablo Milanés, nem todos precisam gostar dele; mas foi uma opção de lazer posta de graça à população, em um ambiente muito mais salutar e seguro que o dos Tupinambás, Princípes Negros "et alli" da vida.
Quanto à Assembléia ou Salinas, nestas circunstâncias, concordamos: em muito se assemelham aos lugares inseguros e insalubres onde variadas vezes tocam as aparelhagens. Nestas ocasiões, não as aprecio, muito menos as freqüento.
Obrigado por sua visita e pela saudável provocação. Volte sempre!

ASF disse...

Francisco,

Então na verdade concordamos.

Mas você precisa concordar comigo que seu texto original teve influência na minha interpretação 'equivocada'.

É sempre bom acompanhar novos colaboradores do Flanar.

Abraço,

ASF
http://antoniofonseca.wordpress.com

Anônimo disse...

É verdade...
É muito bom participar de debates como este.
Fico sinceramente gratificado de poder trocar idéias com pessoas que, nem sempre, concordam em algo.
Por falar em aparelhagem, não sou um fã de carteirinha, mesmo frequentando algumas destas festas.
Porém, devo comunicar aos defensores ferrenhos das aparelhagens, que não venham querer comparar suas festas com festas de outros tipos, afirmando que "drogas, bebedeira e porrada tem em todo lugar", pois o que se vê nas aparelhagens é uma coisa mais do que absurda.
Estive em três eventos de aparelhagens. Em um destes, no show da banda Asa de Águia, da qual sou verdadeiramente fã, fiquei extremamente decepcionado com a organização do eventos por misturar aparelhagem no show.
Quando, após o show do Asa, a aparelhagem SuperPop começou a fazer barulho, houve uma correria e, em questão de segundos, após olhar a hora no meu celular, percebi que este havia sido roubado, justamente na hora em que os fãs enlouquecidos do SuperPop passaram do meu lado.
Minutos depois, já bastante aborrecido, me dirigi ao banheiro, onde, atrás da "casinha", haviam duas pessoas que estavam vibrando com a aparelhagem, cheirando cocaína (ou outro pó branco... sei lá), fazendo o "S", símbolo deste som.
E outras várias vezes em que fui assaltado nas ruas de Belém e Ananindeua por bandidos que usavam a camisa do SuperPop e outras aparelhagens, me fizeram pesquisar sobre o comportamento destas pessoas que frequentam estas festas e concluí que a maioria, tendo consideravel parte de menores, usam drogas frequentemente, além destes menores consumirem bebidas e cigarros, tudo fornecido por pessoas que não nos passam boa índole.
Sinto muito pelos defensores das aparelhagens, novamente, mas que seja dita a verdade.
Além, o que não pode faltar, são as gangues que se reúnem nessas festas e, na saída, provocam o maior "quebra-pau", sobrando até para quem nem estava no evento.
E não venham me dizer que não existe gangue em aparelhagem, porquê os "abraços" que os DJs mandam são exatamente para estes delinquentes.
Quero que fique bem claro que não tento julgar todos os participantes das aparelhagens, já que também conheço pessoas de boa índole que frequentam as festas somente para dançar, já que é um direito garantido pela Constituição Federal, mas que correm o sério risco de pagar pela irresponsabilidade de quem vai às festas para cometer delitos.

Francisco Rocha Junior disse...

Eliélson, o dístico do Flanar é "diversidade de opinião". É isso o que aqui se pratica.
Muito interessante o seu comentário. É nas opiniões diversas que se constrói um debate efetivamente democrático e participativo.
Quanto ao mérito do assunto, ratifico minha opinião anterior. Sobre a música tocada pelas aparelhagens, eu, particularmente, não gosto.
Obrigado pela sua visita. Volte sempre.