domingo, 18 de novembro de 2007

Dalcídio e Drummond

As duas penas geniais, relata-nos a história, foram desafetos desde a mal sucedida experiência de Carlos Drummond de Andrade no Partido Comunista Brasileiro - PCB, piorada depois na acirradíssima disputa ideológica pelo comando da União Brasileira de Escritores - UBDE, quando o poeta mineiro, autor de Sentimento do Mundo, acusou Dalcídio de tomar-lhe das mãos, à força, o livro-registro da eleição. Anos depois houve uma reconciliação entre eles e, à ocasião do falecimento de Dalcídio Jurandir em 1979, Drummond escreveu o seguinte poema, marcado por tristeza e mistério, especialmente nos dois últimos versos:
Chove nos Campos de Cachoeira
e Dalcídio Jurandir já morreu.
Chove sobre a campa de Dalcídio Jurandir
e sobre qualquer outra campa, indiferentemente.
A chuva não é um epílogo,
tampouco significa sentença ou esquecimento.

(Canções de alinhavo - trecho IN: Moraes Neto, Geneton. Dossiê Drummond, 2007)

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