sábado, 19 de janeiro de 2008

Elis


Elis Regina - Fascinação/Conversando no Bar

Há algumas semanas, venho postando às sextas-feiras clipes musicais. Este vídeo, porém, deixei de postar na sexta para apresentá-lo hoje, por um único motivo: neste 19 de março, completa-se mais um ano - o 26º - da morte de Elis Regina.

Não há muito mais o que falar de Elis. Já se disse tudo sobre sua força, seu carisma, seu caráter, sua personalidade marcante e até seus defeitos. Já se falou demasiado sobre sua técnica apurada, suas interpretações apaixonadas e seu domínio de palco.

Por isso, o que ainda pode ser dito sobre Elis são as experiências pessoais baseadas em sua figura. Tenho algumas na lembrança.

Lembro, por exemplo, que morávamos fora do país, meus pais e eu, e que minha mãe tinha uma fita (uma Basf cromo; quanto tempo faz!) com várias músicas de Elis: Travessia, Conversando no Bar, Mestre-Sala dos Mares. Minha referência do Brasil era ela; mal eu sabia que no Brasil, vivia-se um período de exceção, de sangrenta ditadura, e que aquela voz representava muito para quem estava no solo natal.

No ano em que voltamos, Elis morreu. Lembro-me da televisão mostrar, por todo um dia, multidões entrando no Teatro Bandeirantes, fazendo fila para ver o corpo daquela que já era então chamada a maior cantora do Brasil. Fila de gente chorando, sem conhecê-la. Eu não entendia como se podia chorar a morte de quem não se conhecia, e imaginava que todos aqueles que ali estavam eram parentes ou amigos de Elis. De certa forma, eram.

Nesta época, morávamos em Brasília. Meu pai tinha um amigo que era um piadista nato, daqueles que tiram graça de tudo e vivia rindo. Quando, numa festa em casa, ele contou que um dos momentos mais tristes da sua vida foi quando Elis morreu, lagrimou. Passei, então, a entender um pouco mais da fascinação que a cantora exercia sobre as pessoas.

Depois, tive um grande amigo de adolescência - daqueles que gostamos para o resto da vida, mas que a própria vida afasta da gente - que era alucinado pela cantora. Passei a ouvi-la muito: trocávamos discos, gravávamos fitas, copiávamos vídeos, enfim, colecionávamos muito do que existia sobre Elis. Passei a ser fã póstumo de carteirinha.

Tempos mais tarde, li Furacão Elis, a biografia definitiva feita pela jornalista Regina Echeverría. Não me lembro da qualidade do livro, que dizem ser mal escrito. Só os relatos da vida da cantora me interessavam e, disso me recordo, davam a dimensão exata da personalidade daquela que foi, já sem dúvidas, a maior cantora do Brasil. Bem escrito ou não, a história de Elis era fascinante por ser exatamente isto: sua vida.

Hoje, quando lembro de tantos momentos da minha própria vida que foram permeados por suas canções, vejo que ainda havia algo que eu não tinha feito: escrever sobre Elis. Este post, portanto, é mais uma lembrança que guardarei a seu respeito.

4 comentários:

morenocris disse...

Olá, Francisco.

Grande Elis, é verdade. Olhe, já disponibilizei no blog tudo o que vc imaginar de vídeo com ela...já estou no bis... rsrs

Você tem razão, ela foi e é fascinante!

Beijos.
Parabéns pelo post.
Bom final de semana.

Anônimo disse...

Jr,
Pois não é que lembro dessa tua fita BASF Cromo?! Tal e qual as de música erudita que acompanharam parte da nossa história no "Mercado do Jurunas". E assim se passaram tantos anos, hein? Pena que não estiveste comigo, Rodier e Daniel no concerto de Brahms no Da Paz... Saúde, amigo.
DAMAS

Francisco Rocha Junior disse...

Cris, obrigado. Nem precisa, mas assim mesmo Elis tem que sempre ser lembrada.
Beijo e obrigado pela presença.

Francisco Rocha Junior disse...

Damas, querido amigo, sabia que tu ias te identificar nessa... Não estive no concerto porque estava viajando na mesma época. Mas, pode acreditar, estive em pensamento com vocês lá, no Da Paz.