O filho que não fiz
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.
Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apóia em meu ombro
seu ombro nenhum.
Interrogo meu filho,
objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?
Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te
como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.
O filho que não fiz
faz-se por si mesmo.
Carlos Drummond de Andrade
4 comentários:
O que terá motivado o nosso Francisco a postar o belo poema de Drummond? Estará ele acalentando, talvez, desejos de paternidade? Serão explícitos? Serão ainda secretos?
Sou suspeitíssimo para falar, mas penso que "o filho que não fiz" pode ser substituído pelo "filho que eu quero ter", da famosa canção de Vinícius (linda na voz suave de Paulinho da Viola), até chegar ao "filho que espero". Olha que ainda há tempo para ele nascer em 2008! Abraços.
É que eu queria realmente estar passando pela mesma felicidade que tu, meu amigo. O desejo é antigo.
Por enquanto, vivo a felicidade dos amigos que têm, todos, filhos lindos. Já nascidos ou por nascer.
Abração.
Acho uma boa idéia para 2008 ter um filho, Francisco.
Muda suas perspectivas.
Vocês são jovens,cheios de vida, um filho vem a calhar.
Boa sorte,
Ana Marcia
Olá, Ana Márcia!
Já está nos planos, pode crer. Aliás, é O plano...
Obrigado pela visita e pelo comentário carinhoso.
Bjão pra ti e uma abração no meu querido amigo Pantojão.
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