quinta-feira, 8 de maio de 2008

Pará, Capital: Belém*

Euclides da Cunha cunhou expressões únicas para descrever impressões do que experimentava ao contemplar cenários e cenas. A última página do Gênesis que Deus deixara por acabar, registrou ao ver pela primeira vez a floresta amazônica. Do arraial de Canudos disse, em Os Sertões, que lhe parecia uma urbe monstruosa. Pois, foi essa sensação que tive ao ver a primeira página, e, depois, ler os cadernos Cidade e Polícia do Diário do Pará de hoje: bandidos sangrando como bichos no asfalto; um dos maiores hospitais do Estado, a Santa Casa de Misericórdia, em estado periclitante; médicos e professores em greve e ainda os ecos vergonhosos da decisão do Tribunal do Júri para a soltura de réu condenado pelo assassinato da freira Dorothy Stang, que uniu imprensa nacional, internacional e governo federal contra o absurdo lavrado. E assim seguimos ladeira abaixo, sem que gente ou céus movam providência.
* Pará, Capital: Belém - Memória & Pessoas & Coisas & Loisas da cidade, livro de Haroldo Maranhão (*agosto de 1927 / + julho de 2004)


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