Eduardo Tavares Cardoso era um livreiro famoso nos anos 1900, em Belém. Português de Peniche, município litorâneo na região central do país, veio para o Pará no final do século XIX e, além da Livraria Universal - a primeira fundada na cidade, na época áurea da borracha - era proprietário do Chalé Tavares Cardoso, na antiga Vila de Pinheiro, atual distrito de Icoaraci, nos arredores da capital.
Na administração Edmilson Rodrigues, o Chalé Tavares Cardoso foi totalmente reformado para servir de biblioteca pública aos moradores de Icoaraci. Depois disto, foi abandonado à própria sorte. Ignoro se ainda serve de espaço público; o fato é que o prédio está novamente em péssimo estado.
Porém, a família Tavares Cardoso, ainda proprietária do prédio da Livraria Universal, no centro da cidade, tomou a iniciativa de reformá-lo. O projeto recebeu financiamento do Monumenta, do Ministério da Cultura, e fez valer a pena a resolução dos donos do imóvel.
6 comentários:
Bela sequência de imagens e emocionante post.
Abs
Comparando tuas fotos da Livraria Universal de ontem, com a de hoje, percebe-se, com base nas respectivas alturas, que os dois prédios vizinhos pela lateral são os mesmos. Diferem de antigamente só pela destruição promovida pelo mau gosto das fachadas deformadas - Meu Deus, que listrinhas são aquelas!.
Junto com uma PMB que valha, a UFPA, por seus cursos de engenharia e arquitetura, bem poderia oferecer assistência técnica a esses demolidores da história da cidade, que são os comerciantes da João Alfredo e adjacências, mais os da Cidade Velha.
A fachada não ficou tão detalhada e bonita quanto no original, mas a preocupação da família Tavares Cardoso merece todas as nossas homenagens. E não é culpa deles se o entorno é caótico.
Na primeira gestão de Edmilson Rodrigues, quando Ana Júlia era sua vice, assisti à apresentação de um projeto de restauração do centro histórico, feito por ela mesma. O projeto era maravilhoso, mas precisava da iniciativa privada - logo, faltou interesse dos proprietários. E naquela época não havia Monumenta.
Enquanto isso, temos que conviver com essa degradação toda, do que é tão belo.
Não tive outra idéia, Yúdice. Chamei atenção para os vizinhos do lado, legítimas criaturas do descaso oficial para com o patrimônio histórico de Belém.
Quanto a Livraria Universal, registro que o esforço para manter o prédio (internamente, o que é raro), antecede de muito o socorro do BIRD-Monumenta.
Obrigado, Barretto. Fiquei absolutamente entusiasmado quando soube que o prédio havia sido reinaugurado no sábado. Pelo que soube, abrigará uma loja de roupas populares. Espero que seja possível manter a fachada e o interior como estão atualmente.
Yúdice e Oliver,
A reinauguração do prédio, para vocês terem uma idéia, foi notícia inclusive em Portugal, onde moram outros descendentes da família Tavares Cardoso. Seria muito bom se a maioria dos proprietários de prédios ainda de pé no Comércio de Belém adotassem a mesma postura da família portuguesa - a começar, por exemplo, pelo maravilhoso casario da rua Leão XIII, de longe a mais triste nota de abandono de todo o centro histórico da cidade.
Como dizia um professor meu: mais que dinheiro, os homens se distinguem pela mentalidade. Parabéns aos Tavares Cardoso pela resistência à faina do bota-abaixo, que tem destruído a memória dessa cidade de quase 400 anos. Um exemplo cívico, sem dúvida.
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