terça-feira, 7 de outubro de 2008

Parla, Bia!

Do blog do Bogéa, edição de hoje:

A primeira Mestra, ninguém esquece

A socióloga e bibliotecária Adelina Braglia foi a precursora da consciência política comunitária nos diversos bairros e distritos de Marabá, isso lá pelos idos anos 80. Em sua cruzada pela cidadania, formou quadros importantes num momento em que o país tateava intenções de sair da escuridão e do medo da ditadura militar.

O poster já teve a oportunidade de ler diversas atas de fundação de associações de bairros dos Núcleos da Nova Marabá e Cidade Nova em que nelas aparecem assinaturas de Adelina, presente às reuniões como cão de guarda de nova ordem que se implantava, assegurando com seu poder de persuasão o nascimento das entidades populares que passariam a ter papel definitivo na construção da sociedade livre e soberana dos dias de hoje marabaenses.

Incompreendida pelas forças políticas dominantes da época, Adelina plantava sementes, “fabricava” consciências nascidas do calor das massas.

Belos frutos daquele trabalho ainda estão por aí dando prosseguimento ao que a Mestra ensinou.

Em Murumuru, distrito a 30 km de Marabá, Maurino Magalhães, então um simples agricultor buscando espaço para a sobrevivência, fazia parte do time de soldados de Adelina, expandindo depois os ensinamentos dela na criação de outras entidades populares e novas consciências por diversas povoações.

Hoje, os dois estão distantes, um do outro, 500 km. Ele, prefeito eleito de Marabá. Ela, sempre batendo firme contra as desigualdades sociais, morando em Belém.

Tempos desse, lendo post no Travessia, blog da Bia, que vem a ser a nossa querida Maria Adelina Guglioti Braglia, ela escreveu sobre ela:

- Tenho a fé desaprendida dos corredores do colégio de freiras onde estudei e dos silêncios das igrejas que nunca mais freqüentei. Mais do que meu verniz esquerdista, foi – e ainda é - a comiseração pelo sofrimento do outro que me move pela vida.

Eleito majoritariamente pelos menos abastados, Maurino Magalhães bem que poderia trazer de volta à Marabá, pra bem perto dele, o talento e a experiência de Adelina. Agora, mais do que da “mão de Deus”, o futuro prefeito precisará de quadros qualificados. Os que têm em Marabá de sua inteira confiança devem ser raríssimos.

Adelina, num futuro governo, pode dar o rumo, gerenciando ações de combate às desigualdades que apequenam o presente e não nos remetem para um futuro melhor.

Que achas, Bia?

23 comentários:

Anônimo disse...

Caramba, Francisco!

Vim aqui xeretar - como faço quase todas as noites - o que vocês tão bem escrevem. e dei de cara com esse Fala, Bia!

não acho nada ainda, caro amigo. Acho que só quando passar o susto, serei capaz de achar alguma coisa.

Abraço.

Francisco Rocha Junior disse...

Pois eu acho, Bia: acho que Marabá só tem a ganhar, se o Maurino encampar a idéia do Bogéa. E se você aceitar, é claro.

Anônimo disse...

Caro Francisco,

o susto foi real. Só agora pela manhã fui ao Hiroshi e pude responder. Transcrevo aqui pra você minha resposta de lá.

Você é muito generoso.

Um abração.

"Caro Hiroshi,

ontem, ao passar pelo Flanar, tomei um susto com o post do Francisco, que remetia a este seu. E eu, que sempre tenho a língua afiada - no caso, o teclado..rsrs...- não consegui responder.

Vim aqui agora pela manhã e li direto na fonte, comovida, o que havia lido lá. Li também os comentários. E agradeço o carinho de vocês. Agora, refeita do susto e após uma noite onde memórias e reflexões se cruzaram, já posso comentar.

Primeiro, essa história fica engraçada se lembrarmos uma "tirada" do Tancredo, que para um afoito que queria ser nomeado para alguma coisa lhe disse "Governador, disseram que o senhor vai me nomear secretário", ele respondeu: “Diga que eu o convidei e que você recusou!"...rsrsrs...

A história é boa e mesmo não sendo o nosso caso - não pensei em ser nomeada e Maurino e eu, em que pese nossa antiga amizade, não nos falamos há cerca de dois anos - serve para descomprimir o Maurino e seus apoiadores de qualquer pressão...rsrsrs...

Mas, o que me sinto na obrigação de dizer é que não recusaria nenhum apoio ao Maurino, mas que esse apoio não se configura num cargo que, certamente, Maurino, a cidade e a sociedade local têm como preencher. Não nego minha alegria. Mas isso não é mérito. O mérito é exclusivamente do novo Prefeito, da sua convicção e daqueles que acreditaram nele. Meu é apenas o gosto doce na boca de ver florescer o que nuca deixei de acreditar: Marabá tem jeito!

Dos quinze anos passados aí, não me arrependo de um só dia. Isso, porém, não me dá nenhum direito de estagnar Marabá nos meus desejos. Hoje os marabaenses e suas lideranças têm condições objetivas muito melhores do que as minhas de apontar caminhos novos para corrigir velhos problemas.

Torço muito por Marabá, por todos vocês e por Maurino. E quando, há umas semanas, seguindo minha velha mania de escrever sobre o que sinto comentava no Quinta sobre a eleição em Marabá e manifestei minha torcida por Maurino, o fiz com a mesma emoção com que escrevo aqui agora: revejo o olhar do meu aluno, solidário, inteligente, ávido pelo conhecimento - e só fui professora mesmo é de História por um único ano na escola de Morada Nova...rsrsrs...- e que seguiu seu próprio talento de ter sempre compaixão pelo sofrimento do outro.

Fico feliz por vocês. E por mim também. E agradeço muito seu carinho.

Um forte abraço."

Carlos Barretto  disse...

Queridíssima, Bia.
Há tempos curtia em silêncio sua sempre amável e lúcida presença neste blog. Encantava-me com suas reflexões honestas denotando sempre muita maturidade e experiência de vida. Muitas delas, fizeram-me pensar e rever algumas posições de minha própria experiência de vida. Só por isso, já me considero feliz de ter entrado na blogosfera e poder tirar a máxima interatividade que esta genial ferramenta tecnológica nos propiciona, principalmente quando bem frequentada.
E agora, depois de alguns anos, me sinto presenteado com esta surpreendente revelação feita pelo genial FRJ.
Diria que a sensação foi de um casamento do mel com o pão (Por favor, me perdoe pelo simplismo da analogia. Poderia, se tivesse um pouco mais de tempo, pensar em algo mais poético). Mas é exatamente o que sinto em relação a este post e sua candente revelação.
Aliás, estamos em época de revelações. Algo de valor inestimável.
Por isso tudo, só posso dizer a vc que aceite o justo mérito de sua vida. Se temos merecimentos, devemos aproveitá-los.
Anda encantado, mando-lhe meus sinceros respeitos e agradecimentos.

PS: sabia que aquelas plantas tinham sua mágica. Por esta singela razão, ainda cuido delas diariamente.

Bjs

Anônimo disse...

Carlos,

as plantinhas sobrevivem porque isso também tem a ver com a sua generosidade.

Ainda não "caiu" aqui minha resposta ao Hiroshi e transcrita para o Francisco. E nela você verá que eu não recuso o mérito pelo que fiz. Mas mérito não é poupança, né, que a gente deposita pensando que um dia vai ter troco. Não deve ser usado pelas pessoas como alguma coisa da qual se tem "crédito". E, se há créditos, Marabá e eu não nos devemos nada.

Marabá foi a minha maior lição de amadurecimento. A cidade e sua gente contribuíram para que eu me tornasse uma pessoa melhor.

Mas, o mote serviu pra receber demonstrações de carinho como a sua. Isso sim, é crédito. E desse, eu não abro mão.

Um abraço grande. Obrigada por você ser como é.

Yúdice Andrade disse...

Bia, querida, o Barretto deu a tônica do que eu ia dizer. Após tantos e tantos comentários aqui no Flanar e também no Arbítrio, sabendo apenas que tinhas uma atuação política de longa data, que és uma avó amorosa e que gostas de tapioquinha, agora descubro quão longe eu estava de saber com quem trocava idéias - e até rusgas iniciais por divergências políticas.
E o melhor: o perfil delineado na postagem revela exatamente o tipo de ser humano que admiro - o ser humano que se importa. Com os outros, com o mundo, com a cidade.
Muito prazer em te re-conhecer, Bia. Encantado.

Anônimo disse...

Ei, meninos flanantes,

meu coração quase sexagenário, tá transbordando. De alegria.

E como aqui não mentimos uns para os outros, há uma pontinha de orgulho a sair debaixo do tapete e vou deixá-la ir até onde quiser aparecer.

Proponho marcarmos a tapioquinha coletiva. Escolham o dia e a hora. Porque o local já foi escolhido pelo Yúdice e por mim centenas de posts atrás: o Ver-o-Rio.

Um abraço grande pra vocês. Pra Júlia mando hoje além do beijo, um afago de avó orgulhosa. Quase metida a besta!

Abraços.

Francisco Rocha Junior disse...

Ao Luís Sodré, de Marabá: vá procurar sua turma, babaca. Ache um vaso sanitário onde possa despejar suas palavras chulas.

Carlos Barretto  disse...

Bia
Por mim, proposta aceita!
Estamos há algum tempo tentando combinar um encontro entre nós mesmos daqui, ainda sem sucesso. Os dias vão passando e continuamos amigos virtuais. Mas muitas vezes, a sensação é que já somos amigos de longa data.
Esta seria uma boa oportunidade de fazê-lo finalmente. E sem álcool, como prefere o Yúdice.
Por mim, tudo bem.
Bjs

Anônimo disse...

Tô dentro.

Abração procês.

Itajaí disse...

Alô, Flanares e amigos. Vou até aí no máximo até final deste mês. Só não fui pro Círio, pq. dormi no ponto e não aceitei pagar a extorsão cobrada pelas companhias aéreas!

Itajaí disse...

"Seu" Luiz, o negócio é o seguinte: ou tu pões no preto-e-no-branco essa conversa de acho isso ou aquilo; ou bem vais encher o saco em outra freguesia, porque estás no endereço errado.

Carlos Barretto  disse...

Ô "bastião da moralidade" de Sucupira, que se "denomina" Luiz. Cai fora daqui! Xô!

Carlos Barretto  disse...

A vinda de Oliver à Belém, seria mesmo uma ótima oportunidade para realizarmos este encontro. Sendo assim, proponho que ele, de posse de um calendário, faça a proposta inicial de dia e hora, levando em conta a experiência dos demais convidados, da melhor hora de comer a tapioquinha no Ver-o-rio. Do encontro destas 2 informações, e da disponibilidade da maioria, sairia a data ideal.
Para tanto, sugiro que continuemos o debate sobre o encontro através do e-mail regular.

Abs

Francisco Rocha Junior disse...

Luiz Sobreira, tua turma é a mesma do Plínio Salgado e do William Joseph Simmons. Cuche!

Anônimo disse...

Bom dia, flanares,

parece que vocês estão tendo algum trabalho um Luiz.

E deduzo, como essa visita é recente e é aqui no nosso post - gostaram da apropriação? - que se refira a Marabá e a mim e, possivelmente, de forma ruim...rsrsrs...

Pelo tom dos protestos do Francisco, do Carlos e do Itajaí, acabei deduzindo que se trata de chibatada moral!

Caramba! Ainda há muito a percorrer na estrada dos direitos e da cidadania neste mundo de deus!

Se eu estiver correta, podem publicar minha manifestação. Se não, podem censurá-la para não perturbar mais este espaço.

Pelo protesto do Carlos, referindo-se ao Luiz como bastião da moralidade, penso que a crítica dele pode ser sobre minha opção pessoal. Vamos a ela.

Tive e tenho uma companheira. E sobre isso, não há nada de novo sob o céu de Marabá: fui exposta da forma mais desonesta e desumana quando era vereadora e na campanha para a vice-prefeitura.

Paredes pintadas com frases grosseiras, meu filho, à época com 7 anos, sendo provocado diariamente na escola, etc. e tal. Resultado disso?

A Associação da Mulher de Marabá, fundada em dezembro de 1980, é uma das poucas associações de gênero que sobreviveram entre as fundadas no Pará naquela época.

A participação das mulhgers - especialmente as do campo - na minha campanha e no meu mandato era massiva. Muitas vezes avaliei isso como sendo o feito reverso do antagonismo perverso.

Explico: na falta de críticas reais - não sou corrupta, não sou burra, não sou injusta - como avançávamos na consciência dos direitos, o "ataque moral" induzia as mulheres à reação de contrapor-se ao que movia os atacantes: o jugo econômico, a expoliação, a necessidade da passagem da Marabá medieval para uma cidade que queria ser contemporânea.

Guardo duas fotos do nosso comício da vitória, realizado na Praça Duque de Caxias, em 1985, onde as mulheres do campo e da cidade marcaram presença. Lotavam a praça, majoritariamente.

O achincalhe teve efeito contrário. Minha postura pessoal, familiar, pública e política jamais interferiu, atrapalhou ou "deslustrou" - palavra que "seo" Luiz deve achar bonita - minha atuação.

Se é isto, companheiros, deixem seu Luiz vir à tona. Quem sabe, submergindo da própria escuridão, ele possa, um dia, ser uma pessoa melhor.

E se não é, que venha também. Não temo meu passado. Dou conta dele. Como dou do presente e se viver até amanhã, do futuro também.

Obrigada novamente e um abraço fraterno pra vocês.

Adelina.

Yúdice Andrade disse...

Meus caros, não estou indiferente a essa presença nefasta que assomou aqui no blog. Ia comentar, mas não cheguei a ler a mensagem inicial dele. Nem importa, imagino. Nossa querida Bia, com a serenidade e verdade que a notabilizam, já jogou uma pá de cal na questão. Demos minutos demais a esse indivíduo infeliz, recalcado e perdido.
O aspecto positivo disto é constatar que os "flanares" estão de acordo em suas opiniões - o que, se não é indispensável à existência do blog, que se funda na diversidade, demonstra a harmonia de ideais que nos fazem participar dele. Cada um com sua própria visão de mundo, mas todos irmanados por sentimentos comuns de justiça, de respeito, de responsabilidade, de engajamento social e de valorização do ser humano.
Tenho orgulho de vocês e dos tantos leitores que passam por aqui para reforçar esses sentimentos, particularmente a Bia, que a cada dia nos ensina algo mais.
À tapioquinha, então. Temos que combinar direito. Afinal, para eu sair de casa há toda uma mão de obra envolvendo bolsas, roupinhas extras, carrinho, etc.

Carlos Barretto  disse...

Nem se preocupe, Bia. Estes tipinhos inomináveis (não exatamente anônimos) que vez por outra aparecem por aqui, recebem sua resposta de imediato. Tediosa rotina de um blog.


Bjs

Francisco Rocha Junior disse...

Adelina (permita-me "esquecer" a Bia),

Sem querer fazer qualquer proselitismo, tua presença constante aqui engrandece o blog. Tuas manifestações demonstram o grau de humanidade, altura moral e inteligência que possuis. Pensei em te enviar cópia das manifestações deste pobre coitado que andou comentando por aqui, para que, se quisesses, utilizasses como o preferisses. Vejo, porém, que não há necessidade; minha sanha algo persecutória das canalhices talvez seja decorrente da minha profissão de advogado, mesclada à juventude que ainda me dá estes arroubos de raiva contra pilantragens morais como esta, que este tal Luiz tem tentado perpetrar.
Quisera eu ter a serenidade que demonstras ter. É esta uma lição que me deste, e ficará comigo; sinto-me como mais um de teus alunos, que se manifestaram de modo tão bonito lá no blog do Bogéa.
Sou orgulhoso de te conhecer, ainda que virtualmente, Adelina. Sê sempre muito, mas muito bem-vinda por aqui.
Beijão.

Val-André Mutran  disse...

Colegas. Tentaremos resolver o problema com esse cidadão de outra maneira.
Já enviei um e-mail reservado sobre o assunto.
Não percamos mais tempo com pessoas que não se respeitam e por isso não respeitam ninguem.

Anônimo disse...

Flanares todos: Francisco, Carlos, Yúdice, Itajaí, Juca e o filho mais novo Val-Andre:

quando cheguei aqui, há meses, foi por acaso. uma menção ao Flanar, no Quinta, me trouxe aqui.

Ter permanecido, foi escolha. Obrigada.

Vamos à tapioquinha. Com algum tempo de preparo, para o Yúdice juntar os apetrechos da Júlia e eu poder apanhar a Bia, a verdadeira.

Axé, amigos.

Um bom Círio para todos nós. Pro Luiz, inclusive. Ou, principalmente.

Val-André Mutran  disse...

Bia. Você merece todo o nosso carinho, admiração e respeito. Seus méritos são extraordinários.
Eu sou testemunha das perseguições que sofrestes e nunca compactuei com atos dessa natureza partindo de quem partir.
Graças a Deus tudo que conquistei na vida foi fruto de muito esforço e trabalho e a independência é o meu lema. Ser justo a minha meta.
Que pena que não posso estar ai confraternizando ao redor da tapioquinha no Ver-o-Peso.
Quem sabe em 2009 que não será ano eleitoral possa vê-los ai em Belém.
Façam muitas fotos do encontro e me enviem para que eu e Lúcia possamos sentir o incomparável gostinho de partilhar-mos as boas amizades de verdade que a vida nos empresta.
Um Círio de muita alegria e confraternização para todos.

Hiroshi Bogéa disse...

Meus queridos Flanares: depois da campanha eleitoral, dei um tempo para descanso e somente agora, 17hs do dia 14 de outubro, aqui em Belém onde vim passar o Círio com a familia, tive tempo de surfar em sossego por todos os blogues, incluive por este espaço gostoso de minhas habituais leituras. Esse mesmo "Luís Sodré" havia feito tal sujeira em meu blog. Ele e outros quatro anônimos (certamente o mesmo "Luís"?. A lata de lixo foi o destino final às manifestações acabraiadas deles. E o desprezo, sem uma nota sequer como resposta, porque vermes merecem apenas e tão-somente isso.
Adelina é o lírio mimoso de quem conhece a sua extensão humana de Mulher serena.
Fiquei feliz em ver tantos amigos no front defendendo-a, flanando bondades.
Meu abraço fraterno a todos.