quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Os desafios de Obama

Alguns desafios imediatos do presidente americano eleito Barack Obama são de ordem interna, o que não dimiu a enorme responsabilidade sobre seus ombros em ações na política externa que possa diferenciá-lo da "inesquecível" era Bush II.

Economia em frangalhos
Analistas preveêm que Obama viverá, para seu azar, o ápice da crise financeira que abateu o mundo a partir do Estados Unidos. O déficit dos Estados Unidos ultrapassará a casa do US$ 1,2 trilhão neste ano. A dívida externa americana é de US$ 11 trilhões e a montanha de dinheiro que o país drena para manter as tropas no Afgnistão e no Iraque, literalmente jogou milhões de norte-americanos na rua. Há hoje naquele país um contingente de sem-tetos com a falência do sistema de hipotecas imobiliárias nunca antes visto na história e o total de títulos do governo na mão de potências e investidores estrangeiros superou a cifra de US$ 10 trilhões, segundo a Durst Organization.

Déficit Social
Outra "herança maldita" que herdará é o de cerca de 46 milhões de americanos, inclusive 9 milhões de crianças, não têm acesso a qualquer forma de seguro-saúde. A taxa de mortalidade infantil nos Estados Unidos ainda é mais alta que a de outras nações desenvolvidas e o custo da assistência médica é o maior das nações industrializadas.

Afeganistão
O fracasso e a incompetência daquele que um dia foi o melhor exército do mundo e que não conseguiu capturar ou mesmo eliminar o seu maior inimigo (Osama Bin Laden) associado a resistência talibã cresceu devido a um governo corrupto e ineficiente, a uma reduzida ajuda econômica e social para as populações carentes e por uma política de engajamento inadequada, que causa grandes danos colaterais na população civil. Além disso, faltam recursos militares para impor no terreno o domínio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Iraque
Mesmo tendo criado as condições para eliminar Sadam Hussein e seu alto comando, o atual secretário de Defesa, Robert Gates, conseguiu reduzir de maneira módica a insurgência no Iraque contratando, para combater a Al-Qaeda, milícias sunitas formadas por ex-integrantes do exército de Saddam Hussein (desmontado no início da ocupação). O maior problema para sair do país em 16 meses, como prometido pelos democratas, é que as forças norte-americanas servem de catalisador para impedir uma explosão sectária entre xiitas e sunitas e uma invasão turca preventiva contra a guerrilha curda. É encrenca para muitos anos a frente.

Oriente Médio
Obama é tido como pró-palestino pela opinião pública israelense. Isso pode dificultar sua participação nas conversações de paz com a Autoridade Palestina, paralisadas pela disputa eleitoral no Estado judeu, única potência atômica da região, principalmente se a coalizão conservadora, comandada por Benjamin Netanyahu, vencer. O novo presidente também necessita rever as relações com a Síria, que integra o Eixo do Mal de George W. Bush, para reduzir o fluxo de armas para a resistência iraquiana e diminuir a influência de Damasco na política libanesa. Há ainda os gastos excessivos da Arábia Saudita, tradicional aliado americano que refez as contas e resolveu tirar o pé do acelerador dos gastos bilionários com a compra da suposta proteção de suas fronteiras.

Irã
Devem permanecer azedadas as relações com o país, outro integrante destacado do Eixo do Mal de George W. Bush, que acusa o governo de Teerã de perseguir a construção de armas atômicas. O Estado fundamentalista, dominado pelo clero xiita, declarou diversas vezes sua intensão de destruir Israel. Além de conter as pretensões nucleares dos aiatolás, Obama precisa encontrar um modus vivendi com Teerã, que possui forte influência no Iraque, para facilitar a saída das forças norte-americanas do país. Sem esse apoio os americanos terão que continuar com as barracas armadas por anos a fio no deserto.

Problemas Menores
A política de expansão da Otan impressa pelos neoconservadores na Casa Branca criou focos de tensão com a Rússia. Tentativas de golpe de Estado frustradas contra os governos da Venezuela e da Bolívia reduziram a influência de Washington na América do Sul. Resta ainda a revisão da política norte-americana em relação a Cuba. Mais de 40 anos de embargo não causaram nenhuma fissura no regime comunista da ilha.

Problemas Maiores
Se não rever a sua política de protecionismo com os demais países os americanos podem ser alvos de processos na OIT como já vem acontecendo; sua postura em relação aos acordos de redução de emissões e na Rodada Doha estão expondo as relações daquele país com antigos aliados, inclusive o Brasil.

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