sábado, 10 de janeiro de 2009
Descobrindo a lua
Neste natal, meu filho menor pediu um telescópio. Em tempos de jogos eletrônicos, computadores e internet, devo admitir que achei o pedido estranho. Mas não discuti. Saí em busca do equipamento, acabando por encontrá-lo na web, por um precinho bem razoável.
Mesmo pensando na trabalheira do dia 25, quando bem cedinho, teria que botar a mão na massa para montar aquela traquitana.
Lembrei-me então, que na mesma idade que ele tem, tive também meu primeiro telescópio. Mas na época era caro, o tripé era de mesa e a lente de visão direta, me levava a fazer malabarismos com o corpo para observar o céu. Uma "luneta" era a melhor definição para aquele cometimento. Mas acabei por utilizá-lo bastante em Mosqueiro, para observar o movimento de navios que entravam e saíam da baía do Marajó. Acompanhava também a lua, alvo de observação desarmada por qualquer mortal que habite este planeta. Até mesmo, por ser o elemento mais escandaloso do firmamento.
Ontem, aproveitando uma janela entre as nuvens de chuva com a lua quase totalmente cheia, virei a noite montando o telescópio de meu filho, que vem com um bom tripé regulável, um excelente conjunto de lentes e uma ocular de visão indireta (um espelho facilita que você aponte o equipamento para o céu, sem torcer toda sua coluna).
Após calibrar o equipamento, chamei meu filho e, enquanto ele observava, peguei o notebook para acessar informações sobre o relevo lunar.
Foi aí que começou a minha viagem. Neste ponto, já a nossa viagem.
Encontrei sítios fantásticos, imagens incríveis e uma quantidade gigante de informações de ótima qualidade. Fiquei tão entusiasmado que diria agora mesmo: comprem imediatamente um telescópio.
Vou tentar passar apenas uns 10% de nossa viagem na noite de ontem, que foi até 1:30 h da madrugada.
Em primeiro lugar, à olho nu ou com o auxílio de um binóculo razoável, é possível observar o mais evidente elemento do relevo lunar: a cratera Tyco. Não é das maiores, possuindo apenas 85 km de diâmetro. Mas as estruturas radiais, que espalham-se a partir de seu centro, a fazem com que seja o elemento mais chamativo do disco lunar. Hoje à noite, se as nuvens permitirem, observe com atenção. Ela, apesar de situar-se próximo ao pólo sul da lua, será observada por nós aqui no hemisfério sul, na posição 11 horas de seu telescópio/binóculo.
No mapa da imagem acima, que dividi em quadrantes como numa planilha de computador, você poderá vê-la no canto superior esquerdo do quadrante C4.
Em segundo, aprofundando-se um pouco mais, na posição 4 horas de sua luneta (no quadrante D2 da imagem acima), você poderá ver claramente duas manchas: uma abaixo, quase totalmente incluída no quadrante, e outra apenas parcialmente incluída, acima. São planícies lunares, que se convecionou chamar de "mares". A de cima é o Mare Serenitatis. A de baixo e maior, Mare Tranquilitatis. No Mar da Tranquilidade (em bom português) foi o local escolhido pela missão Apollo dos anos 70, que levou o primeiro homem a pisar na lua. Aliás, aproveite e dê uma passadinha no Google Moon. Lá temos belas imagens e um bom resumo das missões espaciais à lua. Se quiser aproveitar a parada e pirar de vez, veja também o Google Mars.
Em terceiro, também a olho nu, com um pouco de boa vontade, (mas muito melhor com um singelo binóculo), observe na posição 1 hora de sua ocular ou no quadrante B2, mais uma importante cratera da face visível da lua: Copernicus com 93 km de diâmetro situada em pleno Mare Insularum. No mesmo quadrante, bem menor e talvez só visível com o telescópio, encontra-se a cratera Eratosthenes, com apenas 58 km. Copernicus também possue os desenhos radiados que partem de seu centro, provocado pelo impacto que a produziu a bilhões de anos atrás.
Em quarto, agora com o auxílio imprescindível do telescópio, aproveite que a lua ainda não está totalmente cheia e veja o horizonte lunar: perceba como as crateras, com a luz de través, aparecem de perfil, como cadeias intermináveis de montanhas.
Quer mais? Então não perca esta animação da NASA mostrando uma viagem virtual, rente ao solo do pólo sul lunar.
Por fim, o pulo do gato. Visite o incrível The Full Moon Atlas, e veja tudinho à olho nu, na tela de seu computador. Você jamais vai esquecer o que viu.
Se não tiver nem binóculo nem telescópio, você tem olhos, seu maluco! Abra sua janela, torça para que as nuvens permitam e simplesmente olhe a lua. Os relatos em prosa e verso sobre seus efeitos na alma, acumulam-se ao longo dos tempos.
Bom sábado!
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10 comentários:
O seu filho é um cara muito especial.
Se ele pede para olhar para as coisas do Céu, ele é, da minha devoção.
Somos astronautas, Carlos!
Somos sim.
Lua cheia cumpadre!
Finalizo o set list acima quando Micha (assim mesmo) ainda era Michael Jackson, dos Jacksons Five.
Remember this time.
Abs e parabéns ao futuro astronauta.
Sou um astronauta convicto, Val-André. Há muito tempo. Bem antes do Lulu e Gabriel burilarem esta ótima música.
A despeito dos protestos de muitos, que insistem em manter os 2 pés caretas na terra.
Danem-se! Eu vivo com um na Lua.
Rssss
E eu, com o outro pé na vaga: da Lua, claro!
E olha que tem vaga pra muitos pés por lá.
Rssss
Lá só coloca os pés os pré-destinados.
Sem concurso público, diga-se!
Nada a ver com a disputa da corrida espacial, ressalto!
Hey, Charlie, parabéns a você e ao rebento, afinal, o primeiro telescópio a gente não esquece nunca, né?
Eu sou suspeito para falar sobre o assunto, pois sou um apaixonado por astronomia.
Infelizmente, em tempos de games de "ultíssima" geração, Pânico na TV e besteirol tecnológico de todos os tipos (alguns, aliás, bastante interessantes), ninguém em casa compartilha do mesmo interesse.
Comprei a coleção toda de astronomia da National Geographic em DVD, e o máximo que consegui foi que o meu enteado visse um pedacinho do volume um.
Se você quiser me "adotar" para observações do céu equatorial, me ofereço como voluntário.
E se a NASA descobre que na ilha do Mosqueiro existe um "buraco negro" que se abre no reveillon, virá certamente investigar o fenômeno.
Um abraço.
Rssss...
No Mosqueiro, Scylla, o que se abriu no Reveillon foi um PULSAR!
Rssss
Yes, it was!!!
Rsss
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