sábado, 10 de janeiro de 2009

Onde estamos, para onde vamos

A violência é a derradeira linha que separa o estado de natureza hobesiano da sociedade política, engenhosa construção do sec. XVI para submeter o cidadão ao Leviatã. Ela mostra, singularmente, o funil no qual desemboca a exploração, a má distribuição, a degradação dos controles, a face perversa da ação política, a submissão ao crime.
Encontro da escassez com o desejo, a violência exibe a fratura das relações, daí sua indiscutível força enquanto categoria de análise da cena social.
Quando o Estado, detentor do monopólio da violência, deixa de exercê-la contra os agentes públicos que assaltam a res publica, sucumbe aos bandidos. E avaliza a violência.
É exatamente o que acontece nestas bandas.
O Pará quebrou. Nova Déli quebrou.


Na íntegra aqui, numa recaída do Quinta Emenda.

7 comentários:

Anônimo disse...

Belo apurado, Juva.

Ops, belo??? Buáááá...

Amanhã, irei postar, dois momentos de final/início de ano que passei, com minha família, na pequena e única férias de fim de ano, em Salinas. O Estado, pra variar, semiausente, natimorto. Tive pena dos meus "salvadores".

Unknown disse...

Olá, Lafayette. Obrigado.
Vc e André fizeram falta ontem, no aniversário do blog do Alencar.
Abs

Anônimo disse...

Meu nervo ciático não me deu outra escolha se não a de ficar deitado (ui).

O velho só foi, antes, para a reunião de preparação de recepção aos cubanos para o FSM, e teve que voltar para o sítio, onde mora, pois tinha uma outra reunião por lá, dos secretários municipais de Marituba.

Mas, não faltarão outras oportunidades de encontro.

Val-André Mutran  disse...

Que pena não poder comparecer, mas acredito que em 2009 nos veremos pessoalmente por ai.
Transmita ao amigo Alencar votos de feliz aniversário e muita saúde.

JOSE MARIA disse...

Obrigado, amigos, pela presença, pela ausência justificada e pelos votos. Enquanto existir pessoas como vocês, há esperança.
Sei que a situação é difícil.
Parte das nossas conversas de aniversário foram sobre isso.
Concordo com Juvêncio.
A pergunta é antiga (e famosa): o que fazer?
Sem querer livrar a cara de ninguém, primeiro quero reconhecer de minha parte uma inciência: a de um conceito - preciso como deve ser, para ser também operacional - de violência. Poderia conceituar violência como tudo aquilo que provoca sofrimento. É amplo o bastante para abarcar toda forma de violência, urbana inclusive. Mas me parece insuficiente para permitir a realização de operações, intelectuais inclusive. Não serve para fazer da violência um objeto do conhecimento (em academês, cognoscível).
Uma segunda constatação é quase uma tautologia: a incapacidade do estado (sociedade política) para a resolução desse problema que é básico, para que a barbárie não se imponha e faça desaparecer o próprio estado.
Outra é a incapacidade da própria sociedade civil - a outra face dessa mesma moeda gramsciana - em fazer o, digamos assim, dever de casa. Não são poucas as instituições da sociedade civil que estão falhando (a família inclusive).
Uma conclusão óbvia é que dessa não sairemos sós, precisamos de ajuda. Digo nós, sociedade civil e política (eu tenho um pé em cada uma e por isso talvez tenha uma sensibilidade dobrada).
Mas para a pergunta básica, honestamente, não tenho resposta. Não sei o que fazer.
Quando muito me atrevo a propor um método para descobrir o que fazer.
Assim, me ocorre propor à Universidade - a UFPA, se for o caso - a criação de um Núcleo de Estudos da Violência, necessariamente transdisciplinar e aberto à participação ativa e positiva de agentes da sociedade política (policiais, membros do Ministério Público, magistrados, defensores públicos) e civil (ONGs, Igrejas, entidades sindicais e órgãos de controle de profissões regulamentadas etc), cuja missão seria basicamente fazer um diagnóstico e propor soluções para o problema e acompanhar sua evolução.
Não é muito, mas é a contribuição que tenho para dar.
A outra parte procuro fazer no meu dia-a-dia, institucional e pessoal.

Itajaí disse...

Cumpadi, parabéns. Seu texto aqui e no 5a. Emenda está excelente e aterrorizante. Rsrsrsrs. Fez sucesso tanto aqui em casa, como entre amigos nossos a quem distribuímos. Eles concordaram quanto a excelência da análise.

Unknown disse...

Valeu, cumpadi. E agradeça aos amigos tb. Confesso que meu desejo seria escrever exatamente o contrário, se fosse verdadeiro.
Abs