A violência é a derradeira linha que separa o estado de natureza hobesiano da sociedade política, engenhosa construção do sec. XVI para submeter o cidadão ao Leviatã. Ela mostra, singularmente, o funil no qual desemboca a exploração, a má distribuição, a degradação dos controles, a face perversa da ação política, a submissão ao crime.
Encontro da escassez com o desejo, a violência exibe a fratura das relações, daí sua indiscutível força enquanto categoria de análise da cena social.
Quando o Estado, detentor do monopólio da violência, deixa de exercê-la contra os agentes públicos que assaltam a res publica, sucumbe aos bandidos. E avaliza a violência.
É exatamente o que acontece nestas bandas.
O Pará quebrou. Nova Déli quebrou.
Na íntegra aqui, numa recaída do Quinta Emenda.
7 comentários:
Belo apurado, Juva.
Ops, belo??? Buáááá...
Amanhã, irei postar, dois momentos de final/início de ano que passei, com minha família, na pequena e única férias de fim de ano, em Salinas. O Estado, pra variar, semiausente, natimorto. Tive pena dos meus "salvadores".
Olá, Lafayette. Obrigado.
Vc e André fizeram falta ontem, no aniversário do blog do Alencar.
Abs
Meu nervo ciático não me deu outra escolha se não a de ficar deitado (ui).
O velho só foi, antes, para a reunião de preparação de recepção aos cubanos para o FSM, e teve que voltar para o sítio, onde mora, pois tinha uma outra reunião por lá, dos secretários municipais de Marituba.
Mas, não faltarão outras oportunidades de encontro.
Que pena não poder comparecer, mas acredito que em 2009 nos veremos pessoalmente por ai.
Transmita ao amigo Alencar votos de feliz aniversário e muita saúde.
Obrigado, amigos, pela presença, pela ausência justificada e pelos votos. Enquanto existir pessoas como vocês, há esperança.
Sei que a situação é difícil.
Parte das nossas conversas de aniversário foram sobre isso.
Concordo com Juvêncio.
A pergunta é antiga (e famosa): o que fazer?
Sem querer livrar a cara de ninguém, primeiro quero reconhecer de minha parte uma inciência: a de um conceito - preciso como deve ser, para ser também operacional - de violência. Poderia conceituar violência como tudo aquilo que provoca sofrimento. É amplo o bastante para abarcar toda forma de violência, urbana inclusive. Mas me parece insuficiente para permitir a realização de operações, intelectuais inclusive. Não serve para fazer da violência um objeto do conhecimento (em academês, cognoscível).
Uma segunda constatação é quase uma tautologia: a incapacidade do estado (sociedade política) para a resolução desse problema que é básico, para que a barbárie não se imponha e faça desaparecer o próprio estado.
Outra é a incapacidade da própria sociedade civil - a outra face dessa mesma moeda gramsciana - em fazer o, digamos assim, dever de casa. Não são poucas as instituições da sociedade civil que estão falhando (a família inclusive).
Uma conclusão óbvia é que dessa não sairemos sós, precisamos de ajuda. Digo nós, sociedade civil e política (eu tenho um pé em cada uma e por isso talvez tenha uma sensibilidade dobrada).
Mas para a pergunta básica, honestamente, não tenho resposta. Não sei o que fazer.
Quando muito me atrevo a propor um método para descobrir o que fazer.
Assim, me ocorre propor à Universidade - a UFPA, se for o caso - a criação de um Núcleo de Estudos da Violência, necessariamente transdisciplinar e aberto à participação ativa e positiva de agentes da sociedade política (policiais, membros do Ministério Público, magistrados, defensores públicos) e civil (ONGs, Igrejas, entidades sindicais e órgãos de controle de profissões regulamentadas etc), cuja missão seria basicamente fazer um diagnóstico e propor soluções para o problema e acompanhar sua evolução.
Não é muito, mas é a contribuição que tenho para dar.
A outra parte procuro fazer no meu dia-a-dia, institucional e pessoal.
Cumpadi, parabéns. Seu texto aqui e no 5a. Emenda está excelente e aterrorizante. Rsrsrsrs. Fez sucesso tanto aqui em casa, como entre amigos nossos a quem distribuímos. Eles concordaram quanto a excelência da análise.
Valeu, cumpadi. E agradeça aos amigos tb. Confesso que meu desejo seria escrever exatamente o contrário, se fosse verdadeiro.
Abs
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