terça-feira, 22 de junho de 2010

Construção civil em Belém: quem explica?

De 2003 a 2007, a indústria da construção civil na região Norte foi a que deteve a maior produtividade do setor em todo Brasil. No mesmo período, foi também a que apontou a segunda maior média salarial do país.

No entanto, à frente das estatísticas, não é o Pará quem aparece: Amapá e Amazonas, respectivamente, foram os Estados que mais contribuíram para o aumento dos percentuais estudados, segundo o IBGE.

O Estado do Pará, por sua vez, possui duas fábricas de cimento implantadas em seu território, ambas do grupo João Santos (Cimento Nassau): uma em Capanema e outra em Itaituba, esta de grande porte. Também há uma unidade de moagem e ensacamento de cimento da Votorantim em Barcarena, próximo a Belém. Finalmente, o grupo João Santos também já lançou as bases de uma outra unidade fabril, esta no sul do Pará, no município de Barcarena.

A tecnologia da construção civil, é bom que se diga ainda, evoluiu muitíssimo ao longo dos últimos dez anos. As obras de grandes empresas, hoje, são limpas, rápidas e mais seguras.

Também houve evidente alavancagem da indústria local pela associação com grandes empresas do sudeste brasileiro. Agre (junção das antigas construtoras paulistas Agra e Abyara), Inpar, Cyrela, invadiram o mercado paraoara após abrirem seu capital nas bolsas de valores.

Evidentemente, aliado a todos estes aspectos, o consumo elasteceu-se, abrindo a oportunidade para que mais pessoas tenham acesso à casa própria ou ao mercado de imóveis como investimento. Linhas de crédito de bancos estatais e privados facilitaram sobremaneira a nova realidade paraense, reflexo do momento econômico que o país vive.

O retrato da construção civil no Pará, portanto, deveria apontar para preços compatíveis com esta realidade. Há muita oferta, enorme concorrência, bom mercado consumidor e dinheiro farto para investimento e financiamento de aquisição. No entanto, a construção civil paraense continua vendendo seus imóveis à média de R$ 5.500,00 o metro quadrado construído. Em Belém, vendem-se apartamentos de 56 m2 (cinqüenta e seis metros quadrados) – o tamanho de uma sala de estar, em imóveis antigos – por cerca de R$ 328.000,00, isto é, mais ou menos R$ 5.800,00 o metro.

Alguém consegue explicar esta conta?

4 comentários:

Anônimo disse...

Falando nisso, dia desses assistia no Fox Life um programa chamado House Hunters International, no qual pessoas que querem se mudar (geralmente ricaços americanos procurando uma praia paradisíaca no Caribe) tem três opções de imóveis oferecidas por um corretor convidado pelo programa. Vi um episódio em Toronto, onde um ap de 50m² custava em torno de 200.000 dólares americanos. Em Toronto! Em Vancouver, um ap do mesmo tamanho, mostrado n'outro episódio custava 275.000 US dolars, se não me engano. No coração de Vancouver, diga-se de passagem, um dos ap's mostrados tinha até campinho de vôlei de praia. Não imagino o que Belém oferece, em termos de infra-estrutura, que permitam essa comparação - desproporcional, admito - entre tais cidades.
Sem contar a imundície que essas construtoras fazem nas calçadas dos prédios em construção, as torres monstruosas que são construídas à beira da baía - são licenciadas, o pior de tudo. Enfim...incivilidades!
Abs
Lucas Câmara

Itajaí disse...

Taí uma pergunta que também faço quando tenho a atenção chamada para os preços praticados em Brasília. Por exemplo, no inicío do ano, um dois quartos c/ garagem na expansão noroeste custava a bagatela de 1 milhão de reais; ou seja: 14 mil reais o metro quadrado!
Na mesma época, o sogro de um colega da UNB vendia a cobertura dele em Floripa, com dois quartos, com 120 m2 + 2 vagas de garagem, com vista para o mar pelo mesmo preço! A explicação? Os especuladores desse milionário mercado certamente tem.

Francisco Rocha Junior disse...

Não oferecem nada de mais, Lucas. Daí a perplexidade do consumidor, quando se depara com estes preços absurdos.
O licenciamento de obras em locais que deveriam ser preservados, por sua vez, dependem de nossa representação na Câmara e do trabalho do MPE - duas coisas que, neste aspecto, não funcionam.

Francisco Rocha Junior disse...

Itajaí,
Realmente, os preços em BSB são mais assustadores ainda. Mas pelo menos aí temos um mercado consumidor com maior poder aquisitivo, mão-de-obra com salários maiores e outros insumos cujo preço encarece o produto final. De todo modo, o preço também é abusivo e é evidente que há uma parcela significativa de especulação imobiliária pressionando os valores para cima.