sexta-feira, 9 de julho de 2010

Um debate sobre segurança pública - II

Na caixinha do post Um debate sobre segurança pública, o professor Fábio Castro, que iniciou a discussão em seu Hupomnemata, deu sequência ao debate fazendo o seguinte comentário:

(...) Para esclarecer: Os dados que coloquei foram apurados pelo Instituto Zangari, que há dez anos publica o seu Mapa da Violência - Anatomia dos Homicídios no Brasil. É uma instituição séria.

O último ano apurado foi 2007, por isso ainda não há dados referentes a anos mais recentes do governo Ana Júlia. De qualquer forma, não se pense que haverá uma mudança tão rápida na questão da violência. O que quero dizer é que uma política de segurança ostensiva não é suficiente para reduzir, efetivamente/sustentavelmente os índices da violência. O que é necessário é o investimento em políticas sociais. Os grandes exemplos de combate à violência dão conta disso.

O governo AJ tinha um programa de política de segurança social, o Segurança Cidadã, mas a urgência do combate à criminalidade exigiu que a maior parte do orçamento fosse destinada, de fato, à segurança ostensiva, sobretudo às operações policiais. Não penso que seja o ideal, mas percebo que foi o politicamente possível.

Por tudo isso, o impacto não será imenso. Porém, terá impacto, nos números futuros, certamente, a contratação de mais de 2 mil policiais. Fazia 10 anos que não havia contratação, e a população do Pará, ainda que menos que a criminalidade, subiu bastante nesse tempo.

Em seu próprio blog, Fábio responde à provocação que um comentarista fez à postagem que originou o debate. Recomendo sua leitura.

Um comentário:

Yúdice Andrade disse...

Acho válida a tréplica, mas preciso lembrar que, embora seja essencial aumentar o contingente policial - e nesse ponto realmente merece elogios a iniciativa de empossar os dois mil novos policiais -, sem o treinamento adequado os resultados podem ser, na melhor das hipóteses, insuficientes. Na pior, podem ser literalmente mortais.
Gente despreparada e mal remunerada com uma arma na mão e poder no costado, inserido numa instituição com problemas históricos graves, pode fazer mais mal do que bem. Na época em que esses dois mil novos policiais foram às ruas, afirmou-se que o curso preparatório deles fora reduzido, para que chegassem às ruas mais rapidamente. De que isso adianta?
Gostaria que o nosso ex-secretário falasse um pouco sobre isso.