terça-feira, 12 de abril de 2011

Energia. O maior desafio contemporâneo

Fukushima - Imagem: News Reporter
Que tal acordar com uma má notícia. Péssimo, não? Mas quando as coisas estão acontecendo do outro lado do mundo, (que ainda é tarde na hora desta postagem), e ainda com este grau de significação para a humanidade, não há hora para divulgar. Tem que ser em "real time".
A CNN acaba de informar agora há pouco, que a Usina nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, acaba de ser alçada ao nível 7, na escala que avalia a severidade de acidentes nucleares. Ou seja, está "top rated". 
Para se ter uma idéia, o último acidente nuclear que ganhou este ranking, foi Chernobyl, na antiga União Soviética. Evacuações já foram providenciadas numa área de até 30 km da usina.
Ou seja, os homens estão sendo forçados a fugir de suas próprias invenções. E bastou uma catástrofe natural, bastante previsível na região, para que isso acontecesse. Marca registrada da insanidade e baixa racionalidade das decisões humanas no tocante a geração de energia.
Em outras palavras, motivo suficiente para que o gênio e a inventividade humanas, passem a ser direcionados a formas alternativas de energia, que não mudem o curso de rios de rara beleza e não massacrem ou explorem o próprio homem. Nada que seja fácil de conseguir, num ambiente com demandas exponencialmente elevadas de energia. Mas a demanda por energia, necessária ao desenvolvimento, não pode mais justificar fatos como este. Como afirmei, transparece insanidade, ou no mais provável, anseios ilimtados de lucro e desenvolvimento irresponsável. 
E as soluções tecnológicas para atender a demanda (que parece ser historicamente crescente) têm que começar a aparecer logo. E se já existem e são efetivas, de acordo com consensos científicos internacionais, devem logo começar a ser adotadas pelos povos e nações do planeta. 
Em paralelo a soluções tradicionais, (que infelizmente devem ser temporariamente executadas, para atender a infinita demanda) desta feita, tidas e assumidas como transitórias e deletérias, o esforço por energias alternativas deve constar das agendas dos governantes, desde já responsáveis pelo futuro de nossos filhos e netos. Mas acordos mais favoráveis ao homem devem ser garantidos mesmo na efetivação das ações assumidas como obsoletas e destruidoras, na falta de outra opção palpável e eficaz, capaz de ainda garantir emprego, desenvolvimento e renda. 
Ou seja, em meu ponto de vista, está chegando a hora de encerrar a vergonhosa fase de obtenção de energia a qualquer custo. Principalmente se este custo, envolver o próprio homem, talvez obtendo resultados e indicadores sociais historicamente díspares do objetivo primordial da solução (atender o homem).
Mas as ações neste sentido, devem ser pontuais. Evitando-se o discurso emocional, capaz de ao invés de atrair seguidores, afastá-los, pela primariedade dos argumentos, muitas vezes pouco palpáveis, ou até mesmo, à serviço flagrantemente ingênuo, ou útil, de outros interesses políticos de ocasião, igualmente predatórios da consciência e da libertação verdadeira de um povo. Informação sempre foi a arma mais elementar da humanidade. Mas sempre há e sempre haverá, quem a use para libertar ou para dominar.
É atrás deste elemento fundamental, que pessoalmente almejo quase que obsessivamente. Informação com qualidade, descomplicada mas sem ser desprovida de adequada profundidade. Para que todos possamos decidir de forma tranquila, sobre os destinos reais dos atos que apoiamos ou rejeitamos agora, sem ferir o amanhã. Tirar o eixo decisório de um punhado de notáveis, sejam contra ou a favor de uma solução ou outra, é o grande desafio de cada um de nós. 
Lutas, muitas já tivemos. Lutamos contra uma ditadura violenta e predatória de consciências. Lutamos contra a inflação. Lutamos contra a corrupção, que no passado, apesar de historicamente endêmica, já foi utilizada como argumento para inclusive instalar o regime de exceção. 
Concluindo, lutar, é um ato contínuo. Cansativo, modorrento, mas necessário. Alcançar os objetivos mais cidadãos, sem perder o eixo da dívida social deixada por outros tantos, sem perder o eixo da sustentabilidade desprovida de retórica parnasiana, da preservação dos recursos naturais e consequentemente do próprio homem, é um objetivo gigante. Muito maior do que possam imaginar nossas, muitas vezes, simplórias concepções de classe média. Talvez um dos maiores desafios da atualidade. Nenhuma solução simplista é cabível e aceitável.  
Mas se para mantermos o equilíbrio do planeta, inclusive considerando suas mandatórias e respeitáveis imprevisibilidades naturais, for necessário modificarmos paradigmas energéticos preguiçosos e supostamente inevitáveis, vamos então encarar mais uma luta.  Nem que para isso, tenhamos que mostrar ao capital, que precisa ser mais correto e eficiente. Nem que para isso precisemos prová-lo mais rentável e humano. Uma luta de Davi contra o Golias. Mas quantas outras já perdemos ou já ganhamos nos mesmos moldes? 
Falo de idéias. De poucos fatos. Mas de idéias. Assumo-as talvez como algo emberbes, talvez cheias de retórica pequeno-burguesa como muitos podem apontar. Mas são autênticas. Reais, e sinceras.
O exemplo do Japão está aí, para quem quiser ver. A que ponto chegam as decisões dos "notáveis", num país com altíssimo grau de desenvolvimento, mas que em algum momento, fechou os olhos para o simples fato de ser uma das regiões com mais altos índices de terremotos do planeta. 
Isso é fato. O resto, vamos conversar.

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