domingo, 24 de julho de 2011

A mão

Imagem: Scylla Lage Neto

A MÃO AO ASSINAR ESTE
PAPEL

A mão ao
assinar este papel arrasou uma cidade;
cinco dedos soberanos lançaram a sua
taxa sobre a respiração; duplicaram o globo dos mortos e reduziram a metade um
país;
estes cinco reis levaram a morte a um rei.

A mão soberana
chega até um ombro descaído
e as articulações dos dedos ficaram imobilizadas
pelo gesso;
uma pena de ganso serviu para pôr fim à morte
que pôs fim às
palavras.

A mão ao
assinar o tratado fez nascer a febre,
e cresceu a fome, e todas as pragas
vieram;
maior se torna a mão que estende o seu domínio
sobre o homem por
ter escrito um nome.

Os cinco reis
contam os mortos mas não acalmam
a ferida que está cicatrizada, nem
acariciam a fronte;
há mãos que governam a piedade como outras o céu;
mas nenhuma delas tem lágrimas para derramar.

Dylan Thomas ( tradução: Fernando Guimarães)

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