quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Salve, Yemanjá!



O ano era mil novecentos e oitenta e poucos.
A data exata era sete de dezembro, terça-feira.
Às 23:00h, precisamente, o movimento no Pronto Socorro da 14 de Março era quase nenhum.
Os acadêmicos de medicina então se reuniram para determinar quem ficaria no plantão e quem iria dormir em casa.
Eu estava entre os sortudos, e já planejava passar no saudoso Rango do Goiano (com certeza para exterminar um cheese-tudo) quando recebi um chamado de quatro colegas numa Brasília marrom: "queres ir à Icoaraci ver a festa de Yemanjá? - "claro!", respondi meio sem convicção.
A Vila Sorriso ficava muito longe, naqueles tempos, e mesmo assim estava abarrotada de gente, de centenas (ou milhares?) de devotos da Rainha do Mar.
Percebi imediatamente que os nossos trajes brancos nos davam um certo status, à medida que andávamos Primeira Rua abaixo (pais-de-santo, quem sabe?!).
Logo sentamos numa barraca na Praia do Cruzeiro e alguns de nós demonstraram de imediato enorme disposição para celebrar com muita vodca (certamente não-russa) e rum (nada caribenho).
Eu, sempre contido, comecei a beber devagar, mas mesmo assim, talvez pelo jejum, a alcoolemia foi aumentando rapidamente, embotando os sentidos e aniquilando o super-ego.
Estimo que até lá pelas 2:00 h eu ainda tinha domínio (mesmo não pleno) da situação, quando então ouvi a última frase que ficou estampada da minha memória: "eu já vi esse gordinho lá na casa do Pai João", dito por uma moça para a sua amiga.
O próximo registro deu-se lá pela 6:00h, enquanto eu andava pela Av. Cristóvão Colombo, e vinha da Brasília salvadora: "Caramba, onde tu andaste, cara?", gritado por um hoje famoso cirurgião do sistema digestivo.
O regresso pela Rodovia Augusto Montenegro foi gravado de forma meio embaralhada nos neurônios, e quando dei por mim estava já dentro do meu Golzinho, indo para casa.
Entrei pela cozinha e me deparei com toda a família tomando café.
Meu pai, como fazia usualmente, perguntou: "como foi o plantão?", num tom casual.
Enchi então o peito de ar e respondi com firmeza: "inesquecível!"
Fui dormir e só acordei bem tarde, lá pelas 16:00, com uma tremenda cefaléia e sede atroz.
Até hoje não sei se fui vítima de um pilequinho ou de alguma forma de transe, mas nunca mais se passou um Dia de N. S. da Conceição, digo, de Yemanjá, que eu não me lembrasse dela e desta inesquecível história cujo conteúdo foi esquecido.
Salve, Yemanjá!

8 comentários:

Marise Rocha Morbach disse...

Salve!Salve!Salve!

Silvina disse...

Eu sabia! De alguma forma... Eu já sabia! Rsssssss.
Scylla, você num congá faz (ia) o maior sucesso! Rsssssss
Num consigo parar de rir!!!!!!!

Scylla Lage Neto disse...

"Mãe Silvina, voceze tassi mi istranhandu, mifilha, tassi?!!!
Djá ti vi nas seti encruzilhada, mifilha!
Onti levassi fauta!!!
'brassu pertadu!" *

* comentário psicografado endereço à nossa comentarista frequente, Silvina.

Silvina disse...

Scylla, mizifio, suncê já pitô hoje?
Ogum lê, meu pai! 
Nanã Burukê!
Odofiaba!
Saravá!
Mo ni fe, Scylla!

Scylla Lage Neto disse...

Silvina, não se entregue tanto assim!!!
Rsssssssssssssss

Anônimo disse...

Scylla, acho que você "bolou no santo" nesse pretérito 08/12. Agora não tem jeito, vai ter que ser raspado e catulado, pra ser consagrado ao seu orixá de cabeça!

Scylla Lage Neto disse...

Alan, meu nome de guerra seria algo como Pai Siloca de Oxóssi...
Com todo o respeito às entidades!!

Anônimo disse...

"Pai Siloca"...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!