Cara de mau, porte robusto. Agora é carro de homem. |
Traseira com ares de Hyundai. Dá vontade de ter um. |
A presente postagem não se limita a simples entusiasmo de um fã de carros. Por incrível que pareça, este acontecimento sinaliza mudanças relevantes na economia mundial. Pense bem: Salão do Automóvel de Nova Délhi? Alguns anos atrás, isso seria impensável. Mas agora os países emergentes não são mais meros mercados do refugo da indústria automobilística. A indústria depende deles, já que os países ricos estão há anos numa crise que não dá sinais de arrefecimento. Consequência: os emergentes agora querem carros mais recheados de tecnologia, mais modernos e bonitos, econômicos e com preço justo.
O outro sintoma é que, pela primeira vez na história da Ford, uma empresa americana, será vendido no mundo (o tal conceito de carro global) um veículo desenvolvido pela engenharia brasileira. Yes, we can. E os brasileiros fizeram bonito, porque o resultado enche os olhos e faz o pé direito coçar.
Robusto, ele até impressiona. Mas sem os enfeites, lembra os carros da Lada, aquela russa que passou por aqui nos anos 1990. Ou seja... |
Quando o novo EcoSport chegar, terá condições de dar uma chega pra lá no Renault, que tem seus méritos, mas incomoda com aquele design do leste europeu — o projeto é da Dacia, subsidiária romena da Renault, responsável pelo Logan, um dos carros mais feios já vendidos no Brasil. Seu visual algo coreano é magnífico, mas precisa oferecer mais do que isso: preço, consumo de combustível e melhorias no acabamento pobrinho, que sempre comprometeu o Eco.
Seja como for, a dobradinha governo (por causa dos impostos) e empresariado (por causa da ganância) farão o EcoSport custar muito mais do que poderia. Essa é uma realidade que ainda nos constrangerá por muito tempo. Quem sabe até aprendermos a ser eleitores e consumidores conscientes.
Que tal apoiarmos a ideia de boicote a carros caros?
4 comentários:
Yúdice, não consigo comungar do seu entusiasmo pela origem "genética" do novo Ecosport.
Há 20 anos sonhávamos com o padrão europeu e/ou americano de qualidade, com o fim das "carroças" e com o total alinhamento de lançamentos com o primeiro mundo.
O que temos hoje?
A Chevrolet com um festival de carros velhos, tentando se equiparar ao padrão chinês de design e de qualidade. Seus melhores produtos são oriundos do México.
A FIAT, campeã de vendas, re-estilizando a velharia automotiva de 20 anos atrás e trazendo projetos direcionados ao terceiro mundo (Linea), ou fracassos comerciais da Europa, como o Brava.
A Volkswagen colocando quase todos os carros no chassis do Fox, e importando do México o resto.
A Ford também produz o ultrapassado aqui, importando dos "hermanos" o seu creme.
Pelos padrões atuais de segurança, os carros comuns devem ter itens como controle de estabilidade, controle de tração, motores pouco poluentes e econômicos, além dos clássicos ABS e airbag.
Pegue um Golf alemão comum, por exemplo, e ele terá tudo isso, por um custo justo (lá, é claro).
Vejo que assumimos que a nossa praia é a mesma da China, Índia, Tailândia e do leste europeu, mercados pouco exigentes, de mão-de-obra barata e com muita possibilidade de lucro.
Lamento, mas é assim que nos vejo no mercado automotivo.
E concordo totalmente que deveríamos parar de comprar carros caros e também os baratos, como um movimento pelo preço e qualidade justos.
Que tal uma campanha tipo "uma semana sem comprar no carro", no país inteiro?
Um abraço.
Por essa breve, mas incisiva, manifestação do Scylla é que eu digo: um viva aos carros coreanos.
Caro Scylla, complementando o seu belo comentário sobre estes "carrões" o item destes carros com respeito a segurança são reprovados em todos os testes e ninguem toma uma providencia para que isto não aconteça. É a nossa classe politica mamando nas montadoras!
Meus caros, não julgo que eu estivesse entusiasmado na hora em que escrevi o texto. Minha intenção foi dizer que, quem sabe a partir de agora, finalmente a indústria automobilística terá que melhorar seus produtos voltados para os mercados emergentes. Nesse caso, Scylla, talvez acabe essa distinção entre os mercados e fiquem apenas os projetos globais. O carro que eu comprasse aqui teria o mesmo projeto (quiçá os mesmos acessórios) do mesmo modelo comprado nos Estados Unidos, no Japão ou na Europa.
Quem sabe?
Com efeito, o cenário descrito pelo Scylla é a nossa realidade e por isso mesmo a crítica. É simplesmente ridículo que lancem por aqui, como novidade, um carro que é vendido na Europa há 2, 3 anos. Às vezes, até deixou de ser produzido por lá. Isso é refugo.
Em suma, especulo se a economia mundial não forçará a indústria a homogeneizar seus produtos (quanto possível). E aí comprará o carro quem puder, de acordo com seu bolso e com a ganância do governo de seu país. Mas é só uma especulação, mesmo.
Abraços em todos.
PS - Queria muito um coreano desses em minha vida, Francisco.
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