sábado, 4 de fevereiro de 2012

ABAETETUBA, DE AVIÃO

Os espelhos verdes paralelos
e, entre eles,
os anelos
o escaravelho, o outrora...
A lesma do sempre
soletrando-se
viscosissimamente...


Ali a praia de Beja. Ali
desinocências.
Ali a Ponte Grande.
Ali o Velho Camões, a Igreja, O Lobisomem.
Ali Joaceli, Brígida, as maninhas. Ali o tempo
a mergulhar no rio, O Boto arisco. Ali prazeres,
bubuiar nas águas, sonhos. Adão ali adolescente
na fileira ávida de Laura (o pênis verga erguendo
as velas do prazer mal bordejado...) Ali
as Pastorinhas, O Tio Miguel, a Nina Abreu.
O cemitério ali, o deletério medo
ante ao eterno. Ali o Grupo Escolar.
Ali a poesia.
Ali a vida, igarapé-oceano,
com palavras de amor boiando em preamares
eu-mesmo a pescar
entre piabas
as sílabas do ser, a eterna fala...


---------------
João de Jesus Paes Loureiro/Água da Fonte.

2 comentários:

Scylla Lage Neto disse...

Marise, lamento informar que a pista de pouso de Abaeté não mais existe: foi englobada pelas ruas do bairro da Aviação.
Ainda bem que o poeta lá esteve em tempo oportuno, né?!
Abraços.

Marise Rocha Morbach disse...

É, ainda, bem! E a poesia é linda. No frigir dos ovos os poetas não precisam mesmo de avião, rsrs. Abs Scylla.