domingo, 5 de fevereiro de 2012

Teenteen



Contra os meus próprios prognósticos, gostei muito do filme Tintin, na versão motion capture em 3D de Steven Spielberg e Peter Jackson.
Os apreciadores da obra maior do belga Hergé não terão dificuldades para identificar as três histórias originais que cederam parte de seus enredos ao roteiro do filme: O Segredo do Licorne, O Caranguejo das Patas de Ouro e O Tesouro de Rackham, o Terrível.
O filme flui bem, com ótima música, visual bem clean (a la Hergé) e com a esperada ironia fina dos personagens.
Minhas poucas críticas dizem respeito à duração talvez um pouco longa demais do filme , ao excesso de cenas de ação e a uma leve americanização do resultado final (que pensando bem, não poderia ser diferente: o filme, nos EUA, deveria se chamar Teenteen!).
Mas o ingresso vale cada real - não percam!

PS: na verdade cometi um grande erro, pois resolvi reler Os Charutos do Faraó na mesma noite em que fui ao cinema e acabei gostando mais do livro de 1955 do que do próprio filme. Falha de estratégia...

8 comentários:

Andrea filha do Pedro do Fusca disse...

Bom dia Scylla, meus filhos também adoraram este filme, mas com todo respeito a Hergé, vejo conotaçoes racistas em algumas de suas obras, e me oponho a toda forma de racismo.

A BD Tintin no Congo é um exemplo vivo deste preconceito. Sem esquecer que muitos "malvados" das aventuras de Tintin sao negros ou asiaticos.

Aqui na Bélgica todos sabem que Hergé teve suas obras censuradas depois da Segunda Guerra devido a sua amizade com alguns nazistas, mas "aceitam" este desvio de conduta porque ele faz parte do pequeno grupo dos belgas conhecidos mundialmente.

Adoro a Bélgica, minha segunda patria. Acho que outros belgas merecem mais respeito e reconhecimento mundial que Hergé.

Ainda nao li Os Charutos do Farao, talvez seja um bom momento para reler Hergé.

Bom e abençoado fim de semana

Scylla Lage Neto disse...

Andrea, é impossível não ver traços fortes de racismo e de colonialsmo em quase toda a obra de Hergé, mesmo com a "maquiagem editorial" a ela aplicada.
E a sua ligação com o líder nazista belga Léon Degrelle foi algo tão marcante que todos na bélgica lembram e repetem até hoje.
Mas o que me fez e faz gostar de Tintin desde a adolescência é a riqueza de detalhes das estórias e o traço limpo dos desenhos.
Não vi sinais de racismo no filme e nem Spielberg deixaria escapar algo assim. Curiosamente o filme manteve intocado o lado assexuado do personagem
Aliás, no cinema americano pós-11/9/01 sobram vilões muçulmanos e do leste europeu, não é verdade?!
Um abraço.

Marise Rocha Morbach disse...

Tim-Tim fez parte das tardes dos meus filhos na frente da televisão. Assisti vários episódios; e gostava. Mas não é da minha infância, mesmo que com dois irmãos que curtiam quadrinhos e desenhos. Abs

ASF disse...

É claro que não podemos tolerar racismo ou discriminação de qualquer natureza.

Mas igualmente importante é contextualizar histórica e socialmente a obra de Hergé para verdadeiramente compreender suas influências. A educação que Hergé recebeu, a trajetória da Bélgica, tudo precisa ser considerado.

Coisa não muito diferente ocorre se revistarmos a celebrada obra do nosso Monteiro Lobato.

Scylla Lage Neto disse...

Marise, eu tenho algumas animações do Tintin e muitos livros, mas caso eu ganhasse na Megasena certamente compraria toda a coleção em língua francesa.
Aliás, compraria também Asterix, Corto Maltese, tudo do Moebius e mais...
Rssss.
Abs.

Scylla Lage Neto disse...

ASF, muito bem lembrado.
Curiosamente, como criança, eu tinha muito mais afinidade com Tintin e Asterix do que com Monteiro Lobato, pois algo na obra dele (que não consigo lembrar ou identificar) me repelia.
Um abraço.

Andrea filha do Pedro do Fusca disse...

Caro Scylla e ASF

Nunca consegui ler um livro de Monteiro Lobato até o fim quando criança, acabo de saber o por que.

Tentarei levar em conta a educaçao de Hergé e suas infuencias, para conhece=lo um pouco mais.

O lado bom das trocas de idéias caracterisco de um blog, é que a gente pode mudar. Tentarei ser menos radical nos meus principios. Sem esquece=los, bien sûr.

Uma boa semana à todos

Scylla Lage Neto disse...

Andrea, você poderia tentar o Monteiro Lobato com os seus filhos.
Talvez o lado exótico das estórias fosse interessante para eles.
Abs.