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É bom de ler A Agenda do velho comunista, principalmente quando o autor é o personagem. E isto acontece muitas vezes. Se os anos 1960 são de enorme repressão; os anos de jumbo estão em 1969; estão condensados aí! Quando Médici assume a presidência da república, depois da morte de Costa e Silva. É prá lá que André Costa Nunes vai nos levar. É lá que entendemos a agenda do velho comunista. Mas ele já havia encontrado ótimas razões para escrever a agenda. Eu gostei de conhecê-las. A violência entra no enredo da Agenda por meio de um assalto. E é um bom enredo. E, o que mais tarde o autor vai deixar evidente, é que a geração dele viu no comunismo uma forma da juventude ter acesso às mudanças institucionais; e a via era a representativa. Mas, com o fechamento dos regimes políticos, uma geração de jovens idealistas foi morta e torturada. Isto é lamentável! Principalmente o uso da tortura!
O que o velho comunista - já velho - começa narrando, é o assalto que presencia. E que nos fala de uma juventude que vive de fazer assaltos e de cometer crimes. E em seus próprios bairros. São conhecidos; estão próximos das vitimas! A estes o autor contrapõe seu personagem - ele próprio - que vive entre um discurso sobre a violência cotidiana e a sua contraposição: a ideologia da pobreza. Alguns militantes da época - já velhos - eram da opinião de que o que leva o jovem ao crime, é a sua condição de pobreza. Para aqueles, os jovens são o lupemproletariado. Os fatos do velho comunista são reais; de fato! Ou será que não é mais uma das invenções do comunista?!? É crime ou é luta de classes? Bom texto, gostei de ler.
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André Costa Nunes/ A Agenda do Velho Comunista. São Paulo: Boitempo, 2005.
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