domingo, 29 de julho de 2012

O doce e o azedo

 Marina Silva carregando a bandeira olímpica na abertura dos Jogos Olímpicos em Londres foi um dos momentos mais doces e emocionantes nessa minha vida de brasileiro que vive fora do Brasil. No dia seguinte,  com um saudável orgulho, passamos um tempo explicando, aos nossos poucos amigos europeus que ainda não a conheciam, porque Marina estava ali.
Uma rápida olhada nos sites de notícias brasileiros, já nos azedou o dia. As reações no Planalto à supresa foram as mais sórdidas possíveis, afinal ninguém sabia, nem mesmo a presidente Dilma, que a ex-ministra participaria com tanto destaque de um evento global transmitido ao vivo. Entre outras coisas, se falou até em "ofensa ao Governo brasileiro", "mal-estar na comitiva presidencial" etc. O ministro do Esporte, Aldo Rabello,  ironizou a participação de Marina. Segundo ele, não é o governo quem escolhe a pessoa que vai levar a bandeira olímpica e sim a Casa Real.“Não podemos determinar quem a Casa Real vai convidar, fazer o quê?”, afinetou. “A Marina Silva sempre teve boas relações com a aristocracia europeia”. Errado!!! Quem organiza o evento é o Comitê Olímpico Internacional , e para o COI, Marina Silva mereceu ser convidada, pela “luta contra a destruição da floresta brasileira”, além de “enfrentar a oposição política e o assassinato de seu colega Chico Mendes”.
O sábio Tom Jobim dizia que sucesso no Brasil é ofensa pessoal. Eu acrescentaria que é também ofensa mortal quando quem faz sucesso é da oposição,  de origem pobre  e amazônida.
As reações dos políticos no poder não podem "apequenar" um grande momento histórico para o Brasil e para a luta pelos povos da Amazônia, como disse a própria Marina, numa emocionada entrevista à TV Estado.
Aqui, preferi postar um outro depoimento da mais importante ativista amazônida. Ela fala sobre como foi estar lá, junto com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, o maestro argentino-israelense Daniel Barenboim, Sally Becker (voluntária durante a Guerra da Bósnia com a Angel Operation), Shami Chakrabati (presidente da  British Civil Liberties Advocacy Organisation),  Leymah Gbowee (primeira mulher presidente da Libéria e Nobel da Paz em 2011),  Haile Gebrselassie ( o etíope considerado um dos maiores maratonistas da História), Doreen Lawrence (ativista britânica que teve dois filhos mortos em crimes raciais). E ainda, o grande Mohammed Ali.
Marina Silva estava ali por todos nós! Viva Marina! Viva  o Brasil que resiste!

7 comentários:

Marise Rocha Morbach disse...

Edvan, como sempre você vai nos brindando com ótimas reportagens dessas bandas daí. Adorei e a concordo com você; bj.

Marise Rocha Morbach disse...

Viva! E viva o sábio Tom Jobim!

Pedro do Fusca disse...

Não gosto de algumas atitudes desta Senhora que as vezes quer entravar o progresso que o Brasil precisa com as suas idéias de preservação da natureza, mas querer desmerecer o prestigio e o trabalho dela no minimo é uma indecência. Pobre do país que é comandado por ptralhas!

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Belíssimo comentário (leitura). Eu não pude ver a abertura, pois estava num conclave, mas percebi na epiderme do Edvan seu sentimento, que é meu, que é nosso.

Yúdice Andrade disse...

Viva! Essa expressão, "Brasil que resiste", significa muito.
Como sempre, o valor dos grandes brasileiros só é visto por quem está fora. Aqui, quem não pertence às elites tradicionais é imediatamente hostilizado. E quando ganha destaque, ridicularizado.

AURÉLIO MICHILES disse...

Amigo, Realmente é um orgulho muito grande apreciar Marina Silve e tudo mais o que elea simboliza (especialmente isto), ela é uma amazônica da floresta e se criou na linha de frente das injustiças que até hoje imoperam em nossa região, somente este ano de 2012 foram dezenas de assassinatos contra pessoas iguais a Marina seringueira. Em tempo: não houve oficialmente nenhuma manifestaçao contraria ou jocosa da parte da presidente Dilma contra Marina, houve sim, declaraçoes pessoais do notorio "companheiro" do agranegocio ministro Aldo Rebelo.

Raul Reis  disse...

Otimo post, Edvan! Concordo plenamente. Marina Silva é motivo de orgulho sim. A reação demonstra a pequenez de quem a proferiu...