-----------------------
Por Ana Célia Pinheiro/ Blog Perereca da Vizinha
Peço desculpas aos leitores, mas resolvi mudar de profissão: vou deixar o Jornalismo e virar corrupta.
“Mas corrupto não é profissão”, dirão os leitores.
Ora, ora... Pra ver como vocês “num capiscam niente”, né mermo?
Corrupto é a profissão mais promissora de todos os tempos, nesta República-Imperial do Pará.
Pra começo de conversa, corrupto tem isenção de impostos.
Aliás, não apenas isenção.
Tem o direito de ASPIRAR impostos, para gastar alegremente nas chiquérrimas capitais europeias.
Tem adubadas sinecuras para toda a família – e até para o cachorro, o periquito e o papagaio.
Tem salvo-conduto contra todas as prisões, as leis, as investigações, os processos que se possa imaginar.
É sempre Digníssimo, Meritíssimo, Excelentíssimo!...
Vira nome de rua, é incensado nas academias, tem a foto estampada nas colunas sociais.
Porque, como diria o poeta, os corruptos que por aí “gorjetam”, não “gorjetam” como cá!...
E ai de quem acusar um corrupto de corrupção!...
Será processado, amordaçado, espancado em praça pública e condenado a pagar impressionantes indenizações.
Ele, o espancado, a vítima.
Afinal, corrupto que é corrupto tem de deixar uma biografia inatacável à posteridade.
Espelho entre os espelhos, para as futuras gerações...
“E o Jornalismo?”, perguntará o estressante leitor.
Bem, a verdade é que Jornalismo não tem presente nem futuro no estado do Pará.
Como até já escrevi, no Pará da bandidagem, o bandido tem sempre razão!
Porque ao lado do bandido, do corrupto, sempre haverá um Meritíssimo disposto a assinar graciosas sentenças.
Ou a sentar, por décadas, em cima de processos, até que prescrevam.
Ou a censurar e ameaçar de prisão àqueles que se recusem a calar.
E que não pense o leitor que é tudo uma questão de bufunfa.
Trata-se, também, de uma sebosa compulsão de servir.
Servir ao rei. Ao preposto do preposto do rei. À criadagem do rei.
Uma ânsia, um desejo incontornável, que leva o sujeito até a se colocar de quatro e latir...
Mas, é claro, há também o necessário espírito de corpo.
Afinal, se a bandidagem não se proteger, quem a protegerá?
E não me venha dizer, desinformado leitor, para chamar a polícia.
Que polícia?
Essa que troca de comando como quem troca de roupa?
Essa que aluga carros de uma empresa mafiosa?
Essa que é assaltada em plena luz do dia, em pleno centro de Belém?
Então, já decidi: vou me graduar em Corrupção - e "farcudadis" é que não faltam no Pará...
Terei diploma, anel.
Serei, enfim, Digníssima, Excelentíssima, Meritíssima!...
Doutíssima e, o que é melhor, dulcíssima!...
E se você, leitor intriguista, sair por aí dizendo que escrevi tudo isso porque o Lúcio Flávio Pinto foi condenado a pagar mais de R$ 400 mil de indenização aos Maiorana, eu processarei você por dano moral!
Afinal, até as pedras do Pará sabem que os nossos desembargadores são honestíssimos!...
E tão doutos, mas tão doutos que levariam até Kelsen a perguntar: “mas como é que eles puderam chegar a essa conclusão?!!!”
Claro está, por envergonhado, acabrunhado, ao perceber o seu miserável saber jurídico, diante desses nossos... (como direi?) tão impressionantes luminares!...
E tire mais é esse sorriso do rosto, “visse”?
Vou já, já é redigir uma retratação, para o caso de algum desembargador acreditar nas suas intrigas, leitor futriqueiro!...
Ela começará assim: “Nunca antes se viu desembargadores tão honestos, tão íntegros, tão sábios, tão desprendidos, em toda a História Universal!”.
FUUUUUIIIIIIIII!!!!
--------------------------------
Por Ana Célia Pinheiro/ Blog Perereca da Vizinha
Peço desculpas aos leitores, mas resolvi mudar de profissão: vou deixar o Jornalismo e virar corrupta.
“Mas corrupto não é profissão”, dirão os leitores.
Ora, ora... Pra ver como vocês “num capiscam niente”, né mermo?
Corrupto é a profissão mais promissora de todos os tempos, nesta República-Imperial do Pará.
Pra começo de conversa, corrupto tem isenção de impostos.
Aliás, não apenas isenção.
Tem o direito de ASPIRAR impostos, para gastar alegremente nas chiquérrimas capitais europeias.
Tem adubadas sinecuras para toda a família – e até para o cachorro, o periquito e o papagaio.
Tem salvo-conduto contra todas as prisões, as leis, as investigações, os processos que se possa imaginar.
É sempre Digníssimo, Meritíssimo, Excelentíssimo!...
Vira nome de rua, é incensado nas academias, tem a foto estampada nas colunas sociais.
Porque, como diria o poeta, os corruptos que por aí “gorjetam”, não “gorjetam” como cá!...
E ai de quem acusar um corrupto de corrupção!...
Será processado, amordaçado, espancado em praça pública e condenado a pagar impressionantes indenizações.
Ele, o espancado, a vítima.
Afinal, corrupto que é corrupto tem de deixar uma biografia inatacável à posteridade.
Espelho entre os espelhos, para as futuras gerações...
“E o Jornalismo?”, perguntará o estressante leitor.
Bem, a verdade é que Jornalismo não tem presente nem futuro no estado do Pará.
Como até já escrevi, no Pará da bandidagem, o bandido tem sempre razão!
Porque ao lado do bandido, do corrupto, sempre haverá um Meritíssimo disposto a assinar graciosas sentenças.
Ou a sentar, por décadas, em cima de processos, até que prescrevam.
Ou a censurar e ameaçar de prisão àqueles que se recusem a calar.
E que não pense o leitor que é tudo uma questão de bufunfa.
Trata-se, também, de uma sebosa compulsão de servir.
Servir ao rei. Ao preposto do preposto do rei. À criadagem do rei.
Uma ânsia, um desejo incontornável, que leva o sujeito até a se colocar de quatro e latir...
Mas, é claro, há também o necessário espírito de corpo.
Afinal, se a bandidagem não se proteger, quem a protegerá?
E não me venha dizer, desinformado leitor, para chamar a polícia.
Que polícia?
Essa que troca de comando como quem troca de roupa?
Essa que aluga carros de uma empresa mafiosa?
Essa que é assaltada em plena luz do dia, em pleno centro de Belém?
Então, já decidi: vou me graduar em Corrupção - e "farcudadis" é que não faltam no Pará...
Terei diploma, anel.
Serei, enfim, Digníssima, Excelentíssima, Meritíssima!...
Doutíssima e, o que é melhor, dulcíssima!...
E se você, leitor intriguista, sair por aí dizendo que escrevi tudo isso porque o Lúcio Flávio Pinto foi condenado a pagar mais de R$ 400 mil de indenização aos Maiorana, eu processarei você por dano moral!
Afinal, até as pedras do Pará sabem que os nossos desembargadores são honestíssimos!...
E tão doutos, mas tão doutos que levariam até Kelsen a perguntar: “mas como é que eles puderam chegar a essa conclusão?!!!”
Claro está, por envergonhado, acabrunhado, ao perceber o seu miserável saber jurídico, diante desses nossos... (como direi?) tão impressionantes luminares!...
E tire mais é esse sorriso do rosto, “visse”?
Vou já, já é redigir uma retratação, para o caso de algum desembargador acreditar nas suas intrigas, leitor futriqueiro!...
Ela começará assim: “Nunca antes se viu desembargadores tão honestos, tão íntegros, tão sábios, tão desprendidos, em toda a História Universal!”.
FUUUUUIIIIIIIII!!!!
--------------------------------
4 comentários:
Também "fuiiiiii........", Ana Célia Pinheiro.
Fomos todos, esse o grande problema!
Quem sabe, Edyr, este seja o grande problema: quem sabe?
E, Edyr, eu ainda não fui, mas vou.
Postar um comentário