sábado, 16 de fevereiro de 2013

Muito bom!

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Por Ana Célia Pinheiro/ Blog Perereca da Vizinha



Peço desculpas aos leitores, mas resolvi mudar de profissão: vou deixar o Jornalismo e virar corrupta.

“Mas corrupto não é profissão”, dirão os leitores.

Ora, ora... Pra ver como vocês “num capiscam niente”, né mermo?

Corrupto é a profissão mais promissora de todos os tempos, nesta República-Imperial do Pará. 

Pra começo de conversa, corrupto tem isenção de impostos. 

Aliás, não apenas isenção. 

Tem o direito de ASPIRAR impostos, para gastar alegremente nas chiquérrimas capitais europeias.

Tem adubadas sinecuras para toda a família – e até para o cachorro, o periquito e o papagaio.

Tem salvo-conduto contra todas as prisões, as leis, as investigações, os processos que se possa imaginar.

É sempre Digníssimo, Meritíssimo, Excelentíssimo!...

Vira nome de rua, é incensado nas academias, tem a foto estampada nas colunas sociais.

Porque, como diria o poeta, os corruptos que por aí “gorjetam”, não “gorjetam” como cá!...

E ai de quem acusar um corrupto de corrupção!...

Será processado, amordaçado, espancado em praça pública e condenado a pagar impressionantes indenizações.

Ele, o espancado, a vítima.

Afinal, corrupto que é corrupto tem de deixar uma biografia inatacável à posteridade. 

Espelho entre os espelhos, para as futuras gerações...

“E o Jornalismo?”, perguntará o estressante leitor.

Bem, a verdade é que Jornalismo não tem presente nem futuro no estado do Pará.

Como até já escrevi, no Pará da bandidagem, o bandido tem sempre razão! 

Porque ao lado do bandido, do corrupto, sempre haverá um Meritíssimo disposto a assinar graciosas sentenças.

Ou a sentar, por décadas, em cima de processos, até que prescrevam. 

Ou a censurar e ameaçar de prisão àqueles que se recusem a calar.

E que não pense o leitor que é tudo uma questão de bufunfa.

Trata-se, também, de uma sebosa compulsão de servir.

Servir ao rei. Ao preposto do preposto do rei. À criadagem do rei. 

Uma ânsia, um desejo incontornável, que leva o sujeito até a se colocar de quatro e latir...

Mas, é claro, há também o necessário espírito de corpo. 

Afinal, se a bandidagem não se proteger, quem a protegerá?

E não me venha dizer, desinformado leitor, para chamar a polícia.

Que polícia? 

Essa que troca de comando como quem troca de roupa?

Essa que aluga carros de uma empresa mafiosa?

Essa que é assaltada em plena luz do dia, em pleno centro de Belém?

Então, já decidi: vou me graduar em Corrupção - e "farcudadis" é que não faltam no Pará...

Terei diploma, anel. 

Serei, enfim, Digníssima, Excelentíssima, Meritíssima!...

Doutíssima e, o que é melhor, dulcíssima!...

E se você, leitor intriguista, sair por aí dizendo que escrevi tudo isso porque o Lúcio Flávio Pinto foi condenado a pagar mais de R$ 400 mil de indenização aos Maiorana, eu processarei você por dano moral!

Afinal, até as pedras do Pará sabem que os nossos desembargadores são honestíssimos!...

E tão doutos, mas tão doutos que levariam até Kelsen a perguntar: “mas como é que eles puderam chegar a essa conclusão?!!!”

Claro está, por envergonhado, acabrunhado, ao perceber o seu miserável saber jurídico, diante desses nossos... (como direi?) tão impressionantes luminares!...

E tire mais é esse sorriso do rosto, “visse”?

Vou já, já é redigir uma retratação, para o caso de algum desembargador acreditar nas suas intrigas, leitor futriqueiro!...

Ela começará assim: “Nunca antes se viu desembargadores tão honestos, tão íntegros, tão sábios, tão desprendidos, em toda a História Universal!”.

FUUUUUIIIIIIIII!!!!

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4 comentários:

Marise Rocha Morbach disse...

Também "fuiiiiii........", Ana Célia Pinheiro.

Edyr Augusto Proença disse...

Fomos todos, esse o grande problema!

Marise Rocha Morbach disse...

Quem sabe, Edyr, este seja o grande problema: quem sabe?

Marise Rocha Morbach disse...

E, Edyr, eu ainda não fui, mas vou.