domingo, 30 de junho de 2013

O dia em que a dra. Juliana chorou

Cora Rónai, o Globo
Não sou a favor de corporativismo ou de reserva de mercado em área alguma. Acho que se o problema da saúde pública fosse única e exclusivamente a falta de médicos para regiões remotas do país, a importação de estrangeiros — cubanos, letões, belgas — seria uma ótima medida. Acontece que, do jeito que estão os nossos hospitais, essa é só mais uma medida populista, uma cortina de fumaça para esconder a verdade de um sistema falido.
Como bem observou um dos cartazes das manifestações, “importar médicos para locais onde faltam leitos, hospitais, remédios e exames é como querer resolver o problema da fome importando cozinheiros para locais onde faltam panelas, fogão e comida”. Essa síntese é exemplar; mas nada mexeu tanto comigo quanto o depoimento da médica carioca Juliana Mynssen, leitura obrigatória para quem quer saber do Brasil. O contundente texto da dra. Juliana está circulando desde o começo da semana na internet e, onde quer que seja postado, é logo seguido por comentários de outros profissionais da saúde, que relatam problemas e frustrações semelhantes.
Vejam só:
“Há alguns meses eu fiz um plantão em que chorei. Não contei a ninguém; não é nada fácil compartilhar isso numa mídia social. Eu, cirurgiã-geral, “do trauma”, médica “chatinha”, preceptora “bruxa”, que carrego no carro o manual da equipe militar cirúrgica americana que atendia no Afeganistão, chorei.
Na frente da sala da sutura tinha um paciente idoso internado. Numa cadeira. Com o soro pendurado na parede num prego similar àqueles em que prendemos plantas (leia-se samambaias). A seu lado, o filho. Bem vestido. Com fala pausada, calmo e educado. Como eu. Como você. Como nós. Perguntava pela possibilidade de internação do pai numa maca, pelo menos, já que estava há mais de um dia na cadeira. Ia desmaiar. Esperou, esperou, e toda vez que eu abria a portinha da sutura ele estava lá. Esperando. Como eu. Como você. Como nós. Teve um momento em que ele desmoronou. Se ajoelhou no chão, começou a chorar, olhou para mim e disse “não é para mim, é para o meu pai, uma maca”. Como eu faria. Como você. Como nós.
Pensei “meudeusdocéu, com todos que passam aqui, justo eu… nãoooo… porque se chorar eu choro, se falar do seu pai eu choro, se me der um desafio vou brigar com cinco até tirá-lo daqui”.
E saí, chorei, voltei, briguei e o coloquei numa maca retirada da ala feminina.
Já levei meu pai para fazer exame no meu Hospital Universitário. O endoscopista, quando soube que era meu pai, disse “por que não me falou, levava no privado, Juliana!” Não precisamos, acredito nas pessoas que trabalham comigo. Que me ensinaram e ainda ensinam. Confio. Meu irmão precisou e o levei lá. Todos os nossos médicos são de hospitais públicos que conhecemos e, se não os usamos mais, é porque as instituições públicas carecem. Carecem e padecem de leitos, aparelhos, materiais e medicamentos.
Uma vez fiz um risco cirúrgico e colhi sangue no meu HU. No consultório de um professor ele me pergunta: “e você confia?”. “Se confio para os meus pacientes tenho que confiar para mim.”
Eu pratico a medicina. Ela pisa em mim alguns dias, me machuca, tira o sono, dá rugas, lágrimas, mas eu ainda acredito na medicina. Me faz melhor. Aprendo, cresço, me torno humana. Se tenho dívidas, pago-as assim. Faço porque acredito.
Nesses últimos dias de protestos nas ruas e nas mídias brigamos por um país melhor. Menos corrupto. Transparente. Menos populista. Com mais qualidade. Com mais macas. Com hospitais melhores, com mais equipamentos, e aos quais não faltem medicamentos. Um SUS melhor.
Briguei pelo filho ajoelhado do paciente. Por todos os meus pacientes. Por mim. Por você. Por nós. O SUS é nosso. Não tenho palavras para descrever o que penso da “presidenta” Dilma. (Uma figura que se proclama “a presidenta” já não merece minha atenção). Mas hoje, por mim, por você, pelo meu paciente na cadeira, eu a ouvi.
A ouvi dizendo que escutou “o povo democrático brasileiro”. Que escutou que queremos educação, saúde e segurança de qualidade. “Qualidade”… ela disse.
E disse que importará médicos para melhorar a saúde do Brasil.
Para melhorar a qualidade…?
Senhora “presidenta”, eu sou uma médica de qualidade. Meus pais são médicos de qualidade. Meus professores são médicos de qualidade. Meus amigos de faculdade. Meus colegas de plantão. O médico brasileiro é de qualidade.
Os seus hospitais é que não são. O seu SUS é que não tem qualidade. O seu governo é que não tem qualidade.
No dia em que a senhora “presidenta” abrir uma ficha numa UPA, for internada num Hospital Estadual, pegar um remédio na fila do SUS e falar que isso é de qualidade, aí conversaremos.
Não cuspa na minha cara, não pise no meu diploma. Não me culpe pela sua incompetência.
Somos quase 400 mil, não nos ofenda. Estou amanhã de plantão, abra uma ficha, eu te atendo. Não demora, não. Não faltam médicos, mas não garanto que tenha onde sentar. Afinal, a cadeira é prioridade dos internados.
Hoje, eu chorei de novo.”
(O Globo, Segundo Caderno, 27.6.2013)

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Jazz in The Air





















Isso é Jazz!

Set List







































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Atualizando às 20h50.

O DJ VAMP retorna aos trabalhos flanantes.

Para baixar o arquivo para a máquina. Clique na seta "share" do player, e opte para a opção download.

— Enjoy!

Bag Boy


Lançado hoje Bag Boy, o primeiro single da banda norte-americana Pixies após 9 anos de "silêncio produtivo".
Para mim, caiu perfeito como o primeiro gole de Coca Zero no deserto da praia do Atalaia.
Só lamento que há duas semanas a baixista Kim Deal tenha pulado fora da canoa, caindo de dois pés no seu outro projeto, a banda The Breeders (que tocará em julho em SP), junto com a sua irmã gêmea Kelley Deal.
Anyway, Bag Boy tem free download no site oficial Pixiesmusic.
Just dig it, Flâneurs!

Filha de Mandela: "Os jornalistas são como abutres"

Fio da navalha: entre o cumprimento da função e a ultrapassagem dos limites da ética

Filha de Mandela: “Os jornalistas são como abutres que esperam os restos do búfalo”

27 junho 2013

Mandela se encontra em estado crítico e foi conectado a respirador artificial

A filha mais velha de Nelson Mandela, Makaziwe, criticou os periodistas por sua falta de respeito com o ex-presidente sulafricano e com sua família, comparando-os com abutres de estrada, segundo AFP.

Deste modo explica Makaziwe a situação que vivem os familiares de Mandela desde que ele foi hospitalizado: “É como quando os abutres esperam que o leão devore o búfalo para comerem os restos do corpo que sobraram”.

Depois das primeiras informações sobre o agravamento do estado de saúde de Mandela, numerosos jornalistas de todo o mundo acompanharam o caso pelos arredores do hospital onde está internado desde o início de junho e pela comunidade onde passou sua infância.

Makaziwe Mandela explicou que “não estamos contra o interesse” público com a personalidade de seu pai, mas a situação já “passou” do ponto. “Se as pessoas dizem que realmente se preocupam com Nelson Mandela, deveriam respeitar sua privacidade”, destacou.

Segundo os últimos informes sobre a saúde do antigo lutador contra a segregação racial sulafricana, Mandela se encontra em estado crítico e foi conectado a um respirador artificial.

[Livre tradução minha]

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Recôncavo e reconvexo

Nessa areia movediça de informações e debates sobre as mais recentes manifestações no Brasil, aproveito para deixar de presente dois textos de intelectuais que admiro e que, assim como divergem, aproximam-se. A atual conjuntura é de partir os miolos e vale a pena parti-los, tanto quanto ir às ruas, aos sindicatos, às ONG´s, à porta das instituições... Às urnas? É só uma parte do processo. Bom mesmo é o agora.


Segunda, 24 de junho de 2013
''Vejo esses movimentos como Maios de 68 pós-modernos'', diz Michel Maffesoli

Com mais de 20 obras publicadas no Brasil — como “A transfiguração do político” e “A dinâmica da violência” —, o sociólogo Michel Maffesoli vê o país como um “laboratório” no fim dos tempos modernos e diz não ter sido surpreendido com a eclosão das manifestações em diversas cidades brasileiras. Conhecedor do Brasil, para onde viaja há mais de 30 anos para conferências e intercâmbios intelectuais, Maffesoli disse que vai “dar uma passada” na manifestação de brasileiros que ocorrerá no fim da tarde de hoje, em Paris, em solidariedade ao movimento. Na sua opinião, manifestações como as do Brasil e da Turquia podem ser vistas como “Maios de 68 pós-modernos”, de curta duração, mas com marcas indeléveis.
A entrevista é publicada pelo jornal O Globo, 22-06-2013.

Eis a entrevista.
Como o senhor analisa estes movimentos no Brasil?

É um bom exemplo destas sublevações pós-modernas que se desenvolvem em vários lugares. É uma revolta bastante disseminada, que não se origina de um projeto político preciso e programático, mas, ao contrário, propaga-se como um fogo rápido a partir de um pequeno pretexto, como R$ 0,20 de aumento da passagem de ônibus. É algo que pode ser comparado com o exemplo turco, onde a partir de algo anódino — construir algo ou não num parque — se criou uma sublevação que se alastrou. Vivemos o fim de uma época, e umas das manifestações disso é que algo cotidiano suscita um movimento que questiona o sistema.

Para o senhor, é o fim de um modo de se fazer política?

É o fim da política moderna. Tive como professor na França o sociólogo Julien Freund (1921-1993), também conhecido no Brasil, que dizia que o político é a ideia de um projeto, de um programa, da dimensão racional, seja de esquerda ou de direita. O objetivo programático é mobilizar energias para alcançar o fim desejado. Era a grande ideia marxista dos sistemas socialistas do século XIX, das políticas conservadoras etc. Vemos que há uma saturação, um tipo de indiferença, esses jovens não se reconhecem mais num programa, num partido ou sindicato. Não é mais programático, mas, sim, emocional. A modernidade é racional, e a pós-modernidade é emocional. Com o que ocorre no Brasil temos uma boa ilustração disso.

O senhor se surpreendeu pelo fato de essas manifestações ocorrerem agora no Brasil?

Vejo o Brasil como um laboratório da pós-modernidade. Algo assim não vejo ocorrer na França, onde espírito, clima e intelligentsia permanecem muito racionais. Não vejo surpresa neste tipo de explosão, forte, mesmo brutal, num país como o Brasil.

Não se trata de revolução. Como o senhor definiria este movimento?

A palavra “revolução” significa uma ruptura. Etimologicamente significa “revolvere” em latim, voltar a coisas que acreditávamos superadas. Não é uma revolução no sentido moderno do termo, como ruptura. Mas no sentido etimológico vemos voltar essa ideia de fraternidade, de estar juntos, das tribos. Por isso o Brasil é um país importante, porque vejo que resta essa velha ideia, que vem das culturas ancestrais, de comunidade, de solidariedade de base. Vejo uma espécie de ilustração da minha teoria de tribos urbanas. E, quando há um tal ajuntamento, os políticos ficam perdidos, desamparados, porque ultrapassa suas categorias, que permanecem programáticas. Vemos uma sublevação, um tsunami das tribos urbanas.

As redes sociais também têm um papel importante nessas sublevações...

Brinco dizendo que neste caso não se deve mais fazer sociologia, mas epidemiologia, pois é algo viral. É a sinergia do arcaico com o desenvolvimento tecnológico. Arcaico são as tribos; desenvolvimento tecnológico, a internet. Há mobilidade graças às redes sociais. As tribos urbanas se tornam comunidades interativas. Há essa expressão em inglês, “flash mob” (abreviação de flash mobilization, movimentação relâmpago). De repente surge uma mobilização que desampara as instituições. Como não é programático, há o risco de murchar como um suflê, de forma rápida. Mas é algo que deixa marcas.

O movimento pode degenerar?

Não se faz omelete sem quebrar ovos. Não podemos atuar como moralistas. Mesmo que os participantes se manifestem contra a violência, é algo que não é controlável. Não se pode prever, mas é quase certo que haverá algum dano. Está na natureza humana, quando ocorre algo que quebra a ordem das coisas é certo que haverá desvios.

Como compara o que ocorre no Brasil com outros países? Teria alguma relação com Maio de 68?
Não se pode comparar com a Primavera Árabe, a não ser pelo uso de tecnologias e redes sociais. Acho que é mais comparável com a Turquia. Vejo esses movimentos como Maios de 68 pós-modernos: emoção coletiva, que provoca o contágio e se alastra de forma incontrolável. Poderá secar, mas com um verdadeiro corte, e o depois não poderá ser como o antes.


Exclusivo: Marilena Chauí pede que Haddad quebre cartel de empresários de ônibus
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, professora da USP diz que revogação do aumento da tarifa de ônibus não resolve problema a longo prazo. Filósofa afirma que Haddad errou ao demorar para dialogar

São Paulo – A filósofa Marilena Chauí, professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, avalia que a eventual revogação do aumento da tarifa de ônibus, embora importante, não resolverá o problema do transporte público de São Paulo. “Enquanto o prefeito não quebrar o oligopólio dos empresários de ônibus, vamos andar sempre mal das pernas, não vai funcionar, mesmo que no curto prazo ele atenda às exigências do movimento e revogue o aumento da tarifa. No longo prazo o problema não estará resolvido”, disse à Rádio Brasil Atual.

Ela lembrou de quando era secretária municipal de Cultura, na gestão da prefeita Luíza Erundina (1989-1992), quando foi elaborado o projeto de lei da Tarifa Zero, que pretendia custear o transporte público através de uma reforma tributária muncipal. “Erundina enfrentou a máfia dos ônibus, e uma reação em cadeia provocada pelos grandes empresários da construção civil e dos lojistas. Movimentos contrários dos chamados bairros nobres, como Cidade Jardim, Higienópolis, Moema, pipocaram. Foi uma coisa medonha no nível da sociedade civil, e os empresários de ônibus se mancomunaram com a Cãmara Municipal para impedir a aprovação do projeto.”

Ontem, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, admitiu que os empresários são um grupo difícil de enfrentar. “São um setor atrasado, tanto que foram contra a criação do Bilhete Único. É um setor cartelizado. Hoje é muito difícil retirar um operador do sistema”, avalia.

Chauí afirmou que as manifestações pela revogação do aumento das passagens são legítimas e têm de estar na pauta dos movimentos sociais. “As manifestações não poderiam ser mais justas, significa que a luta pela dignidade do cidadão na luta pela educação, pela saúde, pelo trabalho, na moradia, tem de incluir aquilo que é condição de mobilidade, que é o transporte.”

A professora, uma das conselheiras que esteve presente na reunião de ontem (18) do Conselho das Cidades, afirmou que a convocação do Movimento Passe Livre como participantes da reunião pelo prefeito foi democrática, mas ressalta que o prefeito Fernando Haddad (PT) demorou a agir.

“As reações do governador Geraldo Alckmin e do prefeito foram diferentes, embora as duas demoradas. Alckmin reagiu com a polícia e com prisão. E Haddad foi pego de surpresa, demorou na resposta. Mas a atitude do prefeito foi de grandeza política porque ele chamou os movimentos, todas as lideranças, o conselho, o secretariado, para um debate transparente.”

A filósofa ressalta, porém, que o momento atual de mobilização e protestos é importante para a democracia, mas não configura um momento histórico. “Não é momento histórico, é um instante politicamente importantíssimo, no qual a sociedade vem às ruas e manifesta sua vontade e sua opinião. Mas a ação política é efêmera, não tem força organizativa do ponto de vista social e política, não tem uma força de permanência, caráter dos movimentos sociais organizados, de presença organizada em todos os setores da vida democrática.”

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Vão indo........................

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Com uma semana de muito trabalho pela frente, vou dando um tempo do Flanar para militar em outros campos. Muito bom o debate de ideias e a possibilidade de duvidar. E foi o  que eu exerci nestes últimos dias; e diante de acontecimentos muito instigantes! O exercício da dúvida é minha companhia constante. Como escreveu  Max Martins: escrevo duro, escrevo escuro, o que procuro: furo!  
Temos muito o que pensar e o que fazer!! Não fiquem aí parados. Como diz o Macaco Simão: quem fica parado é poste! Vão indo............





Outras palavras?

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Política não se dará mais dentro dos partidos, mas nas ruas
Não haverá mais política como conhecemos até agora. Daqui para a frente ela irá em direção aos extremos.
Uma sociedade, quando passa por mobilizações populares como as que vimos nas últimas semanas, fica para sempre marcada.Nesse sentido, devemos nos preparar para um embate de outra natureza. Quando a política popular ganha as ruas em uma reação em cadeia, todo o espectro de demandas sobe à cena.
Uma contradição de exigências que pode dar a impressão de estarmos em um buraco negro da política. No entanto, não há que temê-la, pois tal contradição é a primeira manifestação de um novo conflito de ideias que servirá de eixo de combate.
Por isso, a política brasileira não se dará mais no interior de partidos que há muito perderam sua função de caixa de ressonância dos embates sociais. Ela será decidida nas ruas.
Foi assim em países como Tunísia e Egito. As manifestações foram engendradas por estudantes esquerdistas e sindicatos com demandas parecidas com as nossas: democracia direta, reconstrução de serviços públicos gratuitos e de qualidade, Estado de bem-estar social, luta contra corrupção e corruptores.
No entanto, rapidamente o descontentamento mobilizou também salafistas e setores muçulmanos nacionalista-conservadores.
De fato, há uma luta em torno do rumo da maior mobilização popular recente do país. Por exemplo, setores conservadores da imprensa nacional, amigos até a hora da morte do imaculado são Demóstenes Torres, tentam impor sua velha pauta de sempre, a saber, indignação seletiva contra corruptos, mas silêncio tumular contra os corruptores (empreiteiras, bancos e empresários).
Mas que os que lutaram durante todos esses anos por universidades mais democráticas, mais impostos para os ricos e mais serviços sociais para os pobres, direitos iguais aos homossexuais e causas ecológicas radicais recolham suas bandeiras, eis algo que a história nunca perdoará.
Agora é hora de compreender que o verdadeiro embate começou e será longo.
Um dia teríamos que nos confrontar duramente com aqueles que têm o despudor de se chamarem “nacionalistas” em uma época em que “nação” só significa fronteira, limite, expulsão da diferença e defesa dos bons valores preconceituosos da “nossa terra”.
Não temos problemas em nos declararmos sem nação, sem pátria, sem identidade, porque nos apegamos a um desejo de igualdade que desconhece fronteiras.
Mas, e isso eles verão, nosso desejo é mais forte. Agora não é hora de medo. Agora é hora de luta.
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domingo, 23 de junho de 2013

Lovestórias....


Angeli
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Adão Iturrusgarai
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Glauco

Como derrubamos Fernando Collor

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Alan Souza

Fernando Collor de Mello, 32º presidente do Brasil e o único a ser destituído do cargo até hoje, começou a cair em 13 de agosto de 1992. Naquela data, uma quinta-feira, o então presidente da República Fernando Collor foi à TV e pediu às pessoas que fossem às ruas, no próximo domingo, 16 de agosto, vestidas de verde e amarelo (as cores da sua campanha), em apoio ao governo. Collor estava sendo acusado de corrupção e havia uma CPI para apurar as acusações, no Congresso Nacional.

A UNE - União Nacional dos Estudantes, e a UBES - União Brasileira de Estudantes Secundaristas, decidiram realizar na mesma data passeatas de estudantes vestidos de preto, em todas as capitais, pedindo a cabeça de Collor. Saímos às ruas aos milhares, naquele domingo dia 16 de agosto, gritando palavras de ordem contra Collor e a corrupção. Sem arruaça, sem quebra-quebra, junto com partidos políticos e organizações da sociedade civil (sim, eramos politizados, aceitávamos os partidos e até nos filiávamos a eles!).

Detalhe: fizemos isso sem internet e sem celular. Em 72 horas botamos os jovens do país nas ruas, unidos em torno de uma ideia, com as nossas lideranças (sim, aceitávamos lideranças e inclusive gostávamos delas!), na base do panfleto mimeografado e da xerox, e com muito boca-a-boca. Na semana seguinte o movimento cresceu, com a adesão de trabalhadores, donas de casa e servidores públicos. Em 25 de agosto botamos 400 mil pessoas no Vale do Anhangabaú, em Sampa, 100 mil no Marco Zero, em Recife, e 80 mil na avenida Sete, em Salvador. No dia seguinte tomamos a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, com 60 mil pessoas.

Derrubamos um presidente sem que nenhum incidente com a polícia fosse registrado, sem depredações e saques, sem destruição de patrimônio público. Os políticos perceberam que se ficassem contra nós perderiam nossos votos para os partidos que nos apoiavam. Collor caiu sufocado pela falta de apoio parlamentar - ninguém queria contrariar o povo nas ruas.

Ao contrário dos movimentos atuais, convocados pelo Facebook, sem lideranças, sem causas centrais, apoiados por gente que mora na Califórnia e vídeos do YouTube em inglês (ué, nós não falamos português?), ou em português com sotaque, nos organizamos em torno de uma ideia e de nossas lideranças - UNE, UBES, OAB e partidos políticos de esquerda, como PT, PDT e PC do B. O pedido de impeachment de Fernando Collor foi assinado por Barbosa Lima Sobrinho, presidente da ABI - Associação Brasileira de Imprensa (à época com 92 anos e nosso ídolo!) e Marcelo Lavenére, presidente da OAB.

Em 29 de setembro de 1992 Collor foi afastado pelo Congresso. Não voltaria mais até 29 de dezembro, quando renunciou pra tentar escapar ao impeachment - o que não funcionou.

Sem internet, sem celular, sem quebra-quebra, com partidos políticos e organizações sociais e com lideranças, nós derrubamos um presidente.

Mostradas essas diferenças, se os protestos atuais não chegarem a algum resultado relevante além da redução de passagens de ônibus, vocês já sabem o motivo.
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Ônibus, direto ao ponto!

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André Costa Nunes

                                  
Problemas de Segurança Pública, Saúde Pública e Ensino Público, se houver vontade política, isto é, compromisso dos governos, todos, dá para resolver em uma geração. É muito tempo, mas é o mesmo que parar de fumar. No outro dia já se sentem melhoras.
Transporte Público dá para solucionar em seis meses! E só depende do prefeito.  
Basta que prefeito e vereadores, deixem de ser reféns do cartel dos proprietários de ônibus e, pela metade do preço dos BRTs e elevados da vida, comprem 2.000 ônibus (ou quantos forem necessários), desses comuns, mesmo, mas com ar refrigerado, limpos, com acessibilidade e lotação respeitadas, passando a cada 15 minutos nas paradas obrigatórias, e acreditem, metade dos automóveis particulares permanecerá nas garagens desafogando as ruas.
Os detalhes legais e formais vêm depois da determinação de fazer. O interesse público prevalece.
 Transporte público urbano é um caso emblemático do que não funciona na privatização. Não deu, não dá e não dará certo. Empresa privada vive de lucro. Tanto mais competente quando maximiza os ganhos com a mesma planta instalada, ou seja, quanto mais passageiros levar por menos ônibus. Empresa não faz filantropia e nem embarca no “tudo pelo social”. Ela existe para dar lucro e ponto final. E isto é aceito como dogma de fé. Clausula pétrea. A tal planilha de custos que baliza o preço da passagem faz o caminho perverso. Começa pelo lucro até chegar à tarifa que “tem que ser paga pelo povo”. Até por falta de opção. Monopólio, cartel, oligopólio e quejandos são assim, por definição, em qualquer lugar do mundo. E não admitem meio termo, negociação.
O negócio é tão escandalosamente lucrativo que os concessionários sequer reclamam dos ditos transportes alternativos. Kombis caindo aos pedaços trafegando com a porta aberta a pegar passageiros de qualquer maneira, até uns nos colos dos outros. Se não houver algum tipo de “acordo”, as infrações ao Código de Trânsito Brasileiro, somam pontos suficientes, em um único dia, para suspensão da habilitação do condutor.
Situações como esta é que podem a qualquer momento destampar a panela de pressão e cidadãos trabalhadores honestos, tolerantes, perdem a paciência e o controle. E, aí, se tal acontecer eles, que são as vítimas, violentados e vandalizados todos os dias serão execrados como violentos e vândalos. Esse filme é recorrente desde que, certa vez, foram aconselhados a comer brioches. Seria como uma Maria Antonieta rediviva a dizer que se não estão satisfeitos que vão de taxi.
Os últimos acontecimentos de revolta, pacífica, bem no estilo Gandhi, pela juventude dourada da classe média foi maravilhoso e, de certa maneira, inesperado, pela proporção que alcançou, mesmo com o viés de Cohn-Bendit. Imaginem quando a eles se juntar o chamado povão das madrugadas espremido por horas e horas em trens e ônibus velhos.
E o melhor, ou pior, é que, neste caso, a solução só depende do poder discricionário legal e legítimo do prefeito. Claro que para tal há que ter aquilo roxo. Fora isso é BRT e empurrar com a barriga. Simples assim.

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Estranho?

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O tema do estranhamento é muito conhecido da psicanálise. Muito! Mas também é muito conhecido dos que estiveram em situações limites, como é o caso de Primo Levi, e do seu É isto um homem?. Os alemães mandaram para o crematório e câmara de gás, milhares de seres humanos. Primo Levi relata o estranhamento que sentia diante da posição de ser um humano entre humanos, em um campo de concentração. Parece-me que o sentimento de estranhamento aflorou nas classes médias brasileiras, e em parte de seus cronistas e jornalistas. O que será que está recalcado, e que quer assumir um lugar nas praças e nas ruas?   O estranhamento sobre as  ruas me parece perfeitamente plausível. E, ao terminar de ler a crônica de Carlos Heitor Cony - postada aqui pelo Roger Normando -,  mais se amálgama  o meu entendimento de que somos filhos de 300 anos de escravidão oficial, e do silêncio imposto por um apartheid mascarado e crudelíssimo. Não "entender" sobre "as razões" que estão levando milhares às ruas do Brasil, e não querer assumir nem a posição do "estranhamento", é o sintoma melhor acabado de que as nossas heranças históricas e culturais abriram brechas incontornáveis no nosso Narcisismo.

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Com inteligência é melhor......

O disse o relator do Mensalão

Joaquim Barbosa, relator do mensalão, diz que Brasil evoluiu sob as gestões de Lula e Dilma e critica a imprensa brasileira: “imprensa e empresariado brasileiro estão nas mãos de pessoas brancas e conservadoras”

O “dia mais chocante” da vida de Joaquim Benedito Barbosa Gomes, 57, segundo ele mesmo, foi 7 de maio de 2003, quando entrou no Palácio do Planalto para ser indicado ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A ocasião era especial: ele seria o primeiro negro a ser nomeado para o tribunal.
joaquim barbosa dilma lula
O ministro Joaquim Barbosa em seu gabinete no STF (Supremo Tribunal Federal), em Brasília
“Eu já cheguei na presença de José Dirceu [então ministro da Casa Civil], José Genoino [então presidente do PT], aquela turma toda, para o anúncio oficial. Sempre tive vida reservada. Vi aquele mar de câmeras, flashes…”, relembrava ele em seu gabinete na terça-feira, 2.

A importância de Frei Betto

Barbosa diz que foi Frei Betto, que o conhecia por terem participado do conselho de ONGs, que fez seu currículo “andar” no governo.
“Eu passava temporada na Universidade da Califórnia, Los Angeles. Encontrei Frei Betto casualmente nas férias, no Brasil. Trocamos cartões. Um belo dia, recebo e-mail me convidando para uma conversa com [o então ministro da Justiça] Márcio Thomaz Bastos em Brasília.” Guarda a mensagem até hoje.
“Vi o Lula pela primeira vez no dia do anúncio da minha posse. Não falei antes, nem por telefone. Nunca, nunca.”
Por pouco, não faltou à própria cerimônia. “Veja como esse pessoal é atrapalhado: eles perderam o meu telefone [gargalhadas].”
Dias antes, tinha sido entrevistado por Thomaz Bastos. “E desapareci, na moita.” Isso para evitar bombardeio de candidatos à mesma vaga.
“Na hora de me chamar para ir ao Planalto, não tinham o meu contato.” Uma amiga do governo conseguiu encontrá-lo. “Corre que os caras vão fazer o seu anúncio hoje!”
Depois, continuou distante de Lula. Não foi procurado nem mesmo nos momentos cruciais do mensalão. “Nunca, nem pelo Lula nem pela [presidente] Dilma [Rousseff]. Isso é importante. Porque a tradição no Brasil é a pressão. Mas eu também não dou espaço, né?”
O ministro votou em Leonel Brizola (PDT) para presidente no primeiro turno da eleição de 1989. E depois em Lula, contra Collor. Votou em Lula de novo em 2002.
“Vou te confidenciar uma coisa, que o Lula talvez não saiba: devo ter sido um dos primeiros brasileiros a falar no exterior, em Los Angeles, do que viria a ser o governo dele. Havia pânico. Num seminário, desmistifiquei: ‘Lula é um democrata, de um partido estabelecido. As credenciais democráticas dele são perfeitas’.”
O escândalo do mensalão não influenciou seu voto: em 2006, já como relator do processo, escolheu novamente o candidato Lula, que concorria à reeleição.
“Eu não me arrependo dos votos, não. As mudanças e avanços no Brasil nos últimos dez anos são inegáveis. Em 2010, votei na Dilma.”

DE LADO

No plenário do STF, a situação muda. Barbosa diz que “um magistrado tem deveres a cumprir” e que a sociedade espera do juiz “imparcialidade e equidistância em relação a grupos e organizações”.
Sua trajetória ajuda. “Nunca fiz política. Estudei direito na Universidade de Brasília de 75 a 82, na época do regime militar. Havia movimentos significativos. Mas estive à parte. Sempre entendi que filiação partidária ou a grupos, movimentos, só serve para tirar a sua liberdade de dizer o que pensa.”

VENCEDOR E VENCIDO

Barbosa gosta de dizer que não tem “agenda”. Em 2007, relatou processo contra Paulo Maluf (PP-SP). Delfim Netto não era encontrado para depor como testemunha. Barbosa propôs que o processo continuasse. Foi voto vencido no STF. O caso prescreveu.
No mesmo ano, relatou processo em que o deputado Ronaldo Cunha Lima (PSDB-PB) era acusado de tentativa de homicídio. O réu renunciou ao mandato e perdeu o foro privilegiado. Barbosa defendeu que fosse julgado mesmo assim. Foi voto vencido no STF.
Em 2009, como relator do mensalão do PSDB, propôs que a corte acolhesse denúncia contra o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo. Quase foi voto vencido no STF –ganhou por 5 a 3, com três ministros ausentes.
Dois anos antes, relator do mensalão do PT, propôs que a corte acolhesse denúncia contra José Dirceu e outros 37 réus. Ganhou por 9 a 1.

NOVELA RACISTA

Barbosa já disse que a imprensa “nunca deu bola para o mensalão mineiro”, ao contrário do que faz com o do PT. “São dois pesos e duas medidas”, afirma.
A exposição na mídia não o impede de fazer críticas até mais ácidas.
“A imprensa brasileira é toda ela branca, conservadora. O empresariado, idem”, diz. “Todas as engrenagens de comando no Brasil estão nas mãos de pessoas brancas e conservadoras.”
O racismo se manifesta em “piadas, agressões mesmo”. “O Brasil ainda não é politicamente correto. Uma pessoa com o mínimo de sensibilidade liga a TV e vê o racismo estampado aí nas novelas.”
Já discutiu com vários colegas do STF. Mas diz que polêmicas “são muito menos reportadas, e meio que abafadas, quando se trata de brigas entre ministros brancos”.
“O racismo parte da premissa de que alguém é superior. O negro é sempre inferior. E dessa pessoa não se admite sequer que ela abra a boca. ‘Ele é maluco, é um briguento’. No meu caso, como não sou de abaixar a crista em hipótese alguma…”
Barbosa, que já escreveu um livro sobre ações afirmativas nos EUA, diz que o racismo apareceu em sua “infância, adolescência, na maturidade e aparece agora”.
Há 30 anos, já formado em direito e trabalhando no Itamaraty como oficial de chancelaria –chegou a passar temporada na embaixada da Finlândia–, prestou concurso para diplomata. Passou. Foi barrado na entrevista.

DE IGUAL PARA IGUAL

É o primeiro filho dos oito que o pai, Joaquim, e a mãe, Benedita, tiveram (por isso se chama Joaquim Benedito).
Em Paracatu, no interior de Minas, “Joca” teve uma infância “de pobre do interior, com área verde para brincar, muito rio para nadar, muita diversão”. Era tímido e fechado.
A mãe era dona de casa. O pai era pedreiro. “Mas ele era aquele cara que não se submetia. Tinha temperamento duro, falava de igual para igual com os patrões. Tanto é que veio trabalhar em Brasília, na construção, mas se desentendeu com o chefe e foi embora”, lembra Joaquim.
O pai vendeu a casa em que morava com a família e comprou um caminhão. Chegou a ter 15 empregados no boom econômico dos anos 70. “E levava a garotada para trabalhar.” Entre eles, o próprio Joaquim, então com 10 anos.

RUMO A BRASÍLIA

No começo da década, Barbosa se mudou para a casa de uma tia na cidade do Gama, no entorno de Brasília.
Cursou direito, trabalhou na composição gráfica de jornais, no Itamaraty. Ingressou por concurso no Ministério Público Federal.
Tirou licenças para fazer doutorado na Universidade de Paris-II. E passou períodos em universidades dos EUA como acadêmico visitante. Fala francês, inglês e alemão.
Hoje, Barbosa fica a maior parte do tempo em Brasília, onde moram a mãe, os sete irmãos e os sobrinhos. O pai já morreu. Benedita é evangélica e “superpopular”. Em seu aniversário de 76 anos, juntou mais de 500 pessoas.
O ministro tem também um apartamento no Leblon, no Rio, cidade onde vive seu único filho, Felipe, 26. Se separou há pouco de uma companheira depois de 12 anos de relacionamento.

DEVER

Nega que tenha certa aversão por advogados. E nega também que tenha prazer em condenar, sem qualquer tipo de piedade em relação à pessoa que perderá a liberdade.
“É uma decisão muito dura. Mas é também um dever.”
“O problema é que no Brasil não se condena”, diz. “Estou no tribunal há sete anos, e esta é a segunda vez que temos que condenar. Então esse ato, para mim e para boa parte dos ministros do STF, ainda é muito recente.”
Diante de centenas de grandes escândalos de corrupção no Brasil, e de só o mensalão do PT ter chegado ao final, é possível desconfiar que a máquina de investigação e punição só funcionou para este caso e agora será novamente desligada?
“Não acredito”, diz Barbosa. “Haverá uma vigilância e uma cobrança maior do Supremo. Este julgamento tem potencial para proporcionar mudanças de cultura, política, jurídica. Alguma mudança certamente virá.”

MEQUETREFE

O caso Collor, por exemplo, em que centenas de empresas foram acusadas de pagar propina para o tesoureiro do ex-presidente, chegou “desidratado” ao STF, diz o ministro. “Tinha um ex-presidente fora do jogo completamente. E, além dele, o quê? O PC, que era um mequetrefe.”
O país estava “mais próximo do período da ditadura” e o Ministério Público tinha recém-conquistado autonomia, com a Constituição de 1988. Até 2001, parlamentares só eram processados no STF quando a Câmara autorizava. “Tudo é paulatino. Mas vivemos hoje num país diferente.”

PONTO FINAL

Desde o começo do julgamento do mensalão, o ministro usa um escapulário pendurado no pescoço. “Presente de uma amiga”, afirma.
Depois de flagrado cochilando nas primeiras sessões, passou a tomar guaraná em pó no começo da tarde.
Diz que não gosta de ser tratado como “herói” do julgamento. “Isso aí é consequência da falta de referências positivas no país. Daí a necessidade de se encontrar um herói. Mesmo que seja um anti-herói, como eu.”
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O bolo e a sopa

Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo

Concordo com o cronista Antonio Prata quando disse [em coluna na Folha], que precisamos admitir uma verdade: ninguém está entendendo nada. Exemplo: muita gente, sobretudo no governo, acreditou que os protestos nas ruas de todo o Brasil foram motivados pelo aumento de 20 centavos nos transportes públicos.
Por causa disso, manifestantes em Brasília depredam o Itamaraty, no Rio atacam a prefeitura, em Ribeirão Preto um rapaz é morto, ônibus e carros são incendiados em várias cidades.
Eisenstein, em seu "Encouraçado Potemkin", fez a revolução russa começar no cais de Odessa, com o corpo de um marinheiro assassinado "por causa de uma sopa". Para início de história, não estava errado. A Revolução Francesa não começou com Maria Antonieta mandando o povo comer bolos.
Antes da tomada da Bastilha, data oficial do movimento, já tinha havido a convocação dos Estados Gerais (nobreza, clero e povo) e os enciclopedistas, tudo estava pronto para um Robespierre inaugurar o terror com a tecnologia da época fornecida pelo dr. Guillotin.
Espero que esteja exagerando, mas essas coisas costumam acontecer. Principalmente quando não há uma liderança visível, uma causa específica para provocar um tumulto.
O normal seria que, de um lado, houvesse um grupo responsável pelos protestos e, de outro lado, um grupo para negociar ou abrir um caminho para a normalização da vida pública.
Seria o caso de a presidente Dilma não apenas lamentar a indignação popular, mas fazer por onde. Na semana passada, o senador Cristovam Buarque acentuou a falta de uma liderança na crise que atravessamos. Sem ironia, disse que só há um nome forte no atual panorama nacional: é de um cidadão suíço, Joseph Blatter, presidente da Fifa.

Canalhas, é o que são!

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Comparar Dilma Rousseff com Collor é de uma canalhice sem tamanho. Sem tamanho, e que denota o grau de alienação das classes médias brasileiras, e de uma parte do jornalismo que trabalha para os corruptos e corruptores. E é exatamente isto que está sendo construído nas redes sociais. Querem colar o mensalão ao collorgate. São irresponsáveis, pois diante da tragédia das cidades brasileiras,  estão tirando proveito. Canalhas é o que são, os que estão se orquestrando para produzir relações, e sentidos, na direção de associar o mensalão ao collorgate. É por isso que eu não tenho piedade com a burrice; principalmente aquela que foi institucionalizada pela Escola Brasileira. A burrice torna os indivíduos reféns dos fatos. Eles não são capazes de pensar, e de fazer relações entre coisas. A mídia canalha vem reforçando estas relações. Isto é um crime, e tem que ser tratado como tal. São criminosos os que estão trabalhando para fazer esta associação perversa. Precisamos botar o dedo na cara dessa turma, e urgentemente. Não há relações entre Dilma Rousseff e o Collorgate. Não podemos aceitar este golpe contra a cidadania brasileira. Isto é grave! 

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Humano?

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São Paulo é uma cidade desumana. É o que os paulistas estão dizendo. Eles querem mais protestos nas ruas. E o movimento Passe Livre está se reunindo com três bairros de São Paulo para organizar as ações dos moradores. Belém é  tão desumana quanto São Paulo. O transporte público desta cidade é de arrepiar; é quase uma tumba. Os motoristas de ônibus são sequelados, marginais, e não passariam por um bom teste psicológico. Mas por que? Estou sem ar condicionado no meu carro há alguns dias, tento racionalizar as minhas saídas, e faço o que posso a pé. Imaginem o que é passar  oito horas dirigindo estas banheiras velhas e sem água, neste trânsito infernal, e com um calor que beira 35 graus. Uma cidade alienada e desumana, a nossa Belém. Diria que a cidade é uma favela horizontal com ilhas de casas e edifícios em condições "civilizadas"; e a belíssima Baia do Guajará a lhe adornar a miséria. Uma pena a cidade estar sobre a égide do PSDB, neste momento. Lamento profundamente que não tenhamos Duciomar Costa no comando de Belém. Não sou anarquista, nunca fui. Mas reconheço os valores dos movimentos anarquistas e punks. Eles tem muito a nos dizer sobre a nossa hipocrisia e sobre o nosso cinismo.  Os intelectuais estão horrorizados; e as teses do controle saem das salas de aulas e passam a marchar sobre as manifestações de rua. É para ter medo mesmo. É para suar a camisa. É para rezar dia e noite. É mesmo. Temos que pedir proteção aos deuses, pois, há muito, esquecemos do humano, do demasiadamente humano

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sábado, 22 de junho de 2013

Calmamente....

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Passe livre e democracia
Renato Renato Lessa (Fundação Biblioteca Nacional;Departamento de Ciência Política, Universidade Federal Fluminense; Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa)
renato.lessa@bn.br

Duas das principais cidades brasileiras – São Paulo e Rio de Janeiro – viram emergir no início do mês de junho passado mobilização crescente em torno do preço das passagens dos transportes públicos urbanos. A polícia de São Paulo, coerente com suas tradições corporativas, reprimiu brutalmente manifestações na capital paulista conduzidas pelo Movimento Passe Livre. Trata-se da polícia que abriga orgulhosamente as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar – a Rota -, uma das mais sombrias instituições do regime de 1964.  A corporação conta, ainda, em seu currículo o massacre do Carandiru, além de inúmeros marcadores de violência contra a população pobre. A polícia carioca, sem qualquer dificuldade, mas sem a competência operacional de sua co-irmã, seguiu o exemplo de brutalidade, e dispensou bordoadas e jatos de gás aos “desordeiros”. Conduzidas por governos de cariz conservador, tais corporações, com imensa facilidade e júbilo, sempre que podem, passam ao ato e acabam por fazer o que fazem de melhor.

Com adesão crescente, o movimento – na verdade um desaguadouro expressivo de uma diversidade de grupos e de identidades – trouxe para a agenda política e social brasileira um tema central. Na verdade, seu principal mérito é o de indicar o quanto o direito ao transporte importa para a qualidade de vida das pessoas e para a própria consistência de uma sociedade democrática.

O nexo pode parecer esdrúxulo, mas a comparação internacional pode bem nos ajudar. A oitava economia do planeta pode muito bem suportar o teste da comparação com parceiros europeus do G-10, por que não? O comum na União Européia – desde Portugal à Alemanha – é o fato de que o transporte público é essencialmente multi-classista, enquanto que na experiência brasileira consolidaram-se a cultura e a prática de que se trata de coisa para pobres. A própria associação entre os termos “público” e “popular” a produtos e serviços de péssima qualidade atesta o lugar dessas palavras em nosso imaginário cívico e social.

Não raro, cidadãos brasileiros são transportados sobre chassis de caminhões, em condições precárias de segurança e como participantes involuntários de graves violações das leis de trânsito. Mas, não se trata apenas de desconforto e de risco físico. Transporte é um bem público cuja provisão afeta – para o bem ou para o mal – de modo compulsório a qualidade de vida dos cidadãos. De modo não supreendente, o direito à mobilidade e sua provisão pública constituem um dos pontos centrais da agenda do Estado de Bem Estar. Nos países nos quais tal Estado se afirmou com alguma centralidade, a gestão pública dos transportes, os subsídios e as gratuidades aparecem como itens obrigatórios. Outros aspectos são, por certo, cruciais na agenda do Estado de bem Estar, tais como a saúde, a educação e a habitação, mas a garantia pública de mobilidade é condição básica da liberdade de movimento, do acesso ao trabalho e das possibilidades de interação social mais alargada.

Um país que concede a máfias o transporte de seus cidadãos diz bem do apreço que tem por aqueles que não dispõem de meios privados de deslocamento. A sub-cidadania da mobilidade constitui um contingente sobre o qual se pode impor o sacrifício da passagem cara, do desconforto, da insegurança e da supressão do tempo.

É esse o pano de fundo que justifica as manifestações que tomaram algumas das cidades brasileiras. Dizer não a uma cultura de mobilidade urbana demofóbica parece ser o cerne no movimento. Ao introduzir o ponto não se está a trocar a crítica global do modelo por uma intervenção particular, em apenas um de seus aspectos. Assim como o diabo, a vida começa nos detalhes. É neles que o mal estar social se faz presente, e é por eles que pode ser mitigado ou eliminado. A demanda das ruas é tanto pela extensão da democracia quanto pela fixação de um limite ao privatismo predatório na provisão de direitos públicos e sociais.



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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Na TV

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Sim, Dilma Rosseff precisa ir à TV dizer aos brasileiros que são eles mesmos que estão nas ruas. E que ela deseja ouvi-los. E que  suas manifestações são legítimas, e que espelham aquilo que o Brasil precisa fazer na produção de maior equidade. A CNBB tem razão ao dizer que Dilma Rousseff  tem que falar com a grande Nação brasileira. Concordo  plenamente com isto. E ela vai falar agora, às 21 horas, horário de Brasília. Concordo plenamente que há uma instabilidade causada pela descrença nas instituições da política brasileira; e que isto ocorre desde que o mundo é mundo. E que não será o fim deste mundo chamado Brasil. É uma pena um cara como o José Dirceu falar que querem desestabilizar a democracia. Se ele conhece tanto a Mídia brasileira, por que não pagou as contas do Roberto Civita - da editora Abril - ao invés de financiar os políticos corruptos, para governar com tranquilidade. Querem que tenhamos medo de dizer que estamos insatisfeitos e de saco-cheio da canalhice nacional. Ora bolas, que venha Dilma Rousseff para dar freios aos histéricos que não tem mais o que dizer diante da desordem nas prioridades públicas e nacionais. Queremos ter prioridade. Ter acesso a transporte público de qualidade. Queremos ter hospitais decentes. Atendimento de saúde. Queremos ter acesso a educação de qualidade. Queremos uma justiça que não seja só para os ricos. Enfim, queremos equidade real.

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À direita: que adora tudo em ordem, tem horror de tatuagem, não tolera piercing, odeia gritos, e tem pavor da violência; mas que mata a sangue frio! E, adoram pinguins, principalmente na geladeira.


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Angeli

Ao amigo

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Um amigo acaba de me fazer uma pergunta que gostaria de ampliar ao leitores do Flanar. Pergunta, o amigo, o que penso sobre multidões que saem às ruas sem propostas e objetivos claros?  Lamento que você não goste de política; mas que goste de ouvir falar sobre ela? Bom, eu responderei a sua pergunta fazendo perguntas: Você tem ideia de quantas pessoas são traficadas por dia, em todo o mundo, e que saíram de seus lugares de origem com acordos e metas fechadas sobre o que iriam fazer nos outros países em que iriam ganhar a vida? Você tem ideia de quantas crianças nascem todos os dias, neste mundo, sem eira nem beira, e com apenas um destino traçado: exclusão e violência? Você tem ideia de quantos trabalhadores rurais foram atraídos para a Amazônia, na década de 70, com a promessa de terra e trabalho? Você tem ideia de quantos deles foram transformados em eleitores, e fazem parte das conexões eleitorais, que mantém centenas de corruptos no poder? Você tem ideia do que é acordar e não ter uma colher de arroz para oferecer a um filho, e não poder fazer aborto por que Deus não quer, e porque não tem um hospital público em que você possa ser atendido, e exercer o legítimo direito de decidir o que fazer com o seu corpo? O que significa multidões irem para as ruas sem um plano fechado e organizado? Você, e milhares, estão morrendo de medo da resposta! Faz parte, meu caro! O grau de incerteza sobre o que quer que seja, tende a aumentar. Resta saber o que é melhor: Tolerância ou coerção? Sou pela tolerância.

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Sobre enfermos e doentes.....

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Em países como a França, temos ruas à disposição dos manifestantes para que manifestem suas posições em relação ao Estado e suas  instituições. As multidões assustam; mas em países onde o Estado incentivou as manifestações dos cidadãos por justiça e equidade, as coisas são levadas de outras formas. Nossa herança política é autoritária: para o bem e para o mal. Imaginem esta enorme quantidade de jovens, que precisa extravasar sobre o beco sem saída no qual foram metidos? E com um saco de papel na cabeça! Podem queimar a qualquer momento. São reféns do crime organizado, e da violência de seus pais e familiares. Alguns foram e são, alvos, da pedofilia organizada, e aceita por uma sociedade de machos alienados e tarados. Como também são reféns da ausência de limite, de senso de responsabilidade e de coragem para enfrentar as adversidades da vida. São reféns de uma cultura pecuniária que idolatra a posse do dinheiro como a grande meta a ser atingida nesta vida. Quem não leu Casa Grande e Senzala, está na hora de abrir suas páginas. Diante de uma classe média zelosa por seus cargos, suas propriedades e seus filhos, é melhor baixar a porrada na juventude e cessar logo o movimento. Pergunte para esta classe média que está aí, o que eles denominam por bem público? Onde eles estavam quando tiraram seus filhos da escola pública, e foram se matar de trabalhar para pagar a escola privada? Quem não viu este filme? Eu já vi por muitas vezes. Amo profundamente Julio Cortázar. Sou fã do escritor que não calou diante da moralidade da classe média argentina, e nem diante da vida; sequer diante do autoritarismo, que não serve para organizar o dia a dia dos grandes centros urbanos do Brasil; mas que serve para clamar pela ordem. Quanta ambivalência neste Brasil. Varoníl? Sim, mas só para fazer acordos com pedófilos, assassinos de mulheres, e corruptos! Varoníl? Sim, para idolatrar a inveja e o preconceito, levando milhares de jovens a acreditar que basta ser bonito e rico para que todos os problemas estejam resolvidos. Nestes quesitos, não tenho nada a declarar: são mestres!

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quinta-feira, 20 de junho de 2013

Pânico

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Uma gracinha o tema da "não violência" diante das tantas violências cotidianas, e dos milhares de fatos da violência, que falam muito sobre o Brasil. O que aconteceu hoje, no entorno do Palácio Antônio Lemos,  é a mostra redundante de que os nossos policiais não estão preparados para milhares de pessoas nas ruas. Imagine! Quem não se lembra da Curva do S - e das armas que, os que ocupavam a Curva do S, portavam? -; e do final trágico daquela ação desastrada? É de pasmar que diante daquela montanha de jovens,  o final tenha sido este aí. Eu estava lá, e vi como as coisas começaram a acontecer; e o tipo de pânico que tomou conta daquele monte de jovens.  A cavalaria da PM poderia estar em outro local, que teria evitado a praça de guerra. Que tivessem isolado o Palácio Antônio Lemos, como fizeram em trechos ao longo da manifestação. Sei não. Os caras que soltam fogos pesados para assustar são uns babacas. A polícia é despreparada, também. Tá faltando muita manifestação, nas ruas do Brasil.

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Vinte centavos de cinzas

Antonio Maria

O grito ocupou o ar e expulsou o silêncio incômodo e viciado das esquinas.

Antonio Maria, poeta paraense.

A beleza

Gonçalo Tavares
 
Numa certa cidade o arco-íris um dia apareceu e nunca mais foi embora. Durante um ano permaneceu no mesmo sítio do céu. Tornou-se aborrecido.
Um dia finalmente, o arco-íris desapareceu e o céu ficou cinzento escuro por completo. As crianças dessa cidade, excitadas, apontavam para o céu cinzento e gritavam uns para os outros: olha, que bonito!

Gonçalo Tavares, escritor português.

na cidade....

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Bom, saí de casa às 14 e 50. Fui até o CAN; o lugar onde a Virgem de Nazaré vai ao final do Círio. Pois é, de lá saímos até a Prefeitura de Belém. O percurso foi absolutamente tranquilo, e com montanhas de jovens para todos os lados, muito barulho e muito calor. Muita gente nas janelas por onde a manifestação passou. Vários motivos moviam a manifestação; mas nenhuma bandeira de partido; e sim do movimento de mulheres, dos movimentos pela saúde, e muitas menções à PEC que quer retirar poderes do Ministério Público Federal; a PEC 37. Muitos estudantes de medicina da UEPA. Eu, minha filha e uma amiga em comum. Muito bom, muito calor; muito bom; muita gente; muito bom. Muito bom ver pessoas muito jovens, e  aos milhares; incluindo a minha filha. Quando chegamos ao Palácio Antonio Lemos, sede da Prefeitura Municipal, viemos embora. Foi muito bom caminhar por horas. Soube que houve, e está havendo, tumultos, inclusive apedrejaram a prefeitura de Belém. Há movimentação por lá, e a polícia está reprimindo. Era de se esperar, de um movimento que reúne razões diversas para acontecer. Mas que tem acontecido. E é o Prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, quem deve receber este movimento, pois é lá, na prefeitura, que repousam as razões da  existência deste movimento. Ele  passa, justamente, pela representação. Que os partidos políticos aguentem a dor, e os efeitos deste movimento. Eles tem grande responsabilidade pelo descaso sobre as cidades, e sobre os habitantes das cidades. Que respeitem o movimento, e se coloquem para resolver os problemas das cidades.

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Procura-se uma mão



A MÃO AO ASSINAR ESTE PAPEL
                                                                           (Dylan Thomas)

A mão ao assinar este papel arrasou uma cidade; 

cinco dedos soberanos lançaram a sua taxa sobre a respiração; duplicaram o globo dos mortos e reduziram a metade um país; 
estes cinco reis levaram a morte a um rei.

A mão soberana chega até um ombro descaído

e as articulações dos dedos ficaram imobilizadas pelo gesso;
uma pena de ganso serviu para pôr fim à morte
que pôs fim às palavras.

A mão ao assinar o tratado fez nascer a febre, 

e cresceu a fome, e todas as pragas vieram; 
maior se torna a mão que estende o seu domínio 
sobre o homem por ter escrito um nome.

Os cinco reis contam os mortos mas não acalmam 

a ferida que está cicatrizada, nem acariciam a fronte; 
há mãos que governam a piedade como outras o céu; 
mas nenhuma delas tem lágrimas para derramar.


(tradução: Fernando Guimarães)

Ele mesmo

Lendo a edição de hoje do Diário do Pará, percebe-se com clareza que o PMDB está sendo ele mesmo, nada mais que o PMDB de sempre.

Em notas sucessivas, faz críticas ácidas e levanta suspeições contra o governo tucano, a quem deu sustentação desde o primeiro momento. Mas como já estamos em pleno clima pré-eleitoral (!!!) e o rompimento entre as duas legendas já foi anunciado, porque a turma do Jáder deve se coligar com o PT, como em âmbito nacional, de repente o jornal que nosso saudoso Juvêncio de Arruda chamava de folha sobrancelhuda mudou a redação.

O negócio é nunca perder um bom negócio. Ora se negocia com o PT, supostamente com vistas a lançar o nome de Helder Barbalho ao governo (e Paulo Rocha para o Senado), ora se causa um constrangimento para os tucanos, que, a despeito de seu inexpressivo governo, têm fortes chances de reeleição porque dispõem da máquina pública para usar como coisa privada.

Em suma, de um lado ou de outro, eu quero é me dar bem.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Tô gostando de ver!

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Minha filha vai apresentando as fontes; e eu vou vendo a cobertura amadora, e a  cobertura jornalística, das manifestações. Uma coisa é certa: As cidades estão virando poleiros e vida de merda, para a grande maioria de suas populações. Não ter transportes público é não ter Bem Público. Assim mesmo, em maiúsculo. Qual é? As cidades estão um lixo; e em muitos países do mundo, não é só aqui! E por que será? Porque não há respeito pela Cidade. E por que, não são para serem usufruídas por todos: Só por alguns. A autoridade para ordenar as cidades eles tem; mas só a  usam para eleições ou estratégias de poder. Talvez durasse mais tempo; mas, e de fato,  quem mora nos grandes centros urbanos, e tem renda de até 4 salários mínimos, está sem rendimento líquido; e empobreceu... Qualquer aumento de custo, dói. Além disso, o recurso é escasso. O transporte público nas grandes metrópoles brasileiras é de uma crueldade sem tamanho;  e é escasso! Falta de qualidade, e escassez, que se estendem à décadas; mas sempre piorando pelas condições do trânsito. Não tenho medo das manifestações, nem vejo excessos; a não ser os excessos produzidos para serem excessos: Por isso são estúpidos e fascistas. No mais, que continue: tô gostando de ver. 

Star Wars - episódio 7

Triaenops persicus

Interessantíssimo o resultado da expedição feita por Pior Naskrecki no Gorongosa National Park, em Moçambique, divulgado há poucos dias.
Três semanas em campo foram suficientes para que várias espécies novas e estranhas fossem reveladas ao mundo, com destaque para o Morcego Chewbacca e o Besouro Bombardeiro.
Fico imaginando quantas espécies ainda restam escondidas na nossa floresta amazônica.
Mais detalhes no National Geographic.

Cerapterus lacerates