segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Belém e sua violência além das fronteiras

(foto: do site da TV Éen)

Os quatro policiais desta foto, em roupas da PM do Pará, não são policiais brasileiros, mas quatro agentes de Polícia belga, da cidade de Leuven. Eles  estiveram uma semana em Belém para viver a vida de policial na "10ª cidade mais perigosa do mundo", segundo o anúncio da TV Éen, a TV pública flamenga, campeã de audiência no norte da Bélgica. O programa vai ar daqui a pouco, em horário nobre.É um episódio de Profissão sem Fronteira (em flamengo, Beroep zonder grenzen) -  um reality program  super prestigiado e muito bem feito. A idéia é simples: levar dois ou mais profissionais para exercer, durante uma semana, a profissão deles num país completamente diferente.
Vou assistir. Claro, de coração na mão, lamentando ver o Brasil, e mais precisamente, nossa Belém pelo lado mais negativo que se possa imaginar. O trailer, você pode ver aqui, site da Éen

domingo, 29 de setembro de 2013

Aposentadoria prematura ou por invalidez?


Como fã da Fórmula 1, me dói escrever sobre a provável saída de Felipe Massa do palco da principal categoria do automobilismo mundial.
Acompanho sua carreira desde a desastrosa estréia pela Sauber em 2002 (foi substituído no meio da temporada), incluindo a volta em 2004 e 2005 pela mesma equipe (duas boas temporadas) e a triunfal ida à "mãe" Ferrari, de cuja escola de pilotos ele descende.
Dois bons anos (2006 e 2007) e um maravilhoso 2008, quando quase saiu do limbo dos pilotos não-campeões.
Sua marca era uma pitada de agressividade, algo juvenil até.
Mas uma mera mola, arremessada do carro de Barrichello no treino do GP da Hungria de 2009, mudou toda a história, interferindo no seu próprio curso e talvez no de todo o automobilismo brasileiro.
Traumatismo crânio-encefálico, com afundamento frontal esquerdo aberto, foi o diagnóstico dado em Budapeste, tendo sido feita craniotomia descompressiva.
A segunda parte do tratamento neurocirúrgico, a cranioplastia, foi executada algumas semanas depois em São Paulo, tendo havido então o vazamento de algumas informações através da rádio-cipó, fonte inesgotável e nada confiável de fofocas.
Massa teria tido contusão cerebral, bifrontal, discreta e de predomínio à esquerda. Usou anti-convulsivante profilático por 6 meses e analgésicos opióides por mais tempo, segundo as mesmas obscuras fontes médicas.
O fato é que, a partir de 2010, a performance do piloto paulista esteve sempre muito aquém do seu colega de Ferrari, Fernando Alonso: de 0,4 a 0,7 segundo mais lento a cada volta! Uma eternidade, no mundo da Fórmula 1.
Hoje me ponho a pensar se Massa não deveria ter se aposentado logo após o acidente, pois nas últimas quatro temporadas nada mostrou na pista que justificasse a sua permanência na categoria máxima do automobilismo.
Mesmo no mundo maravilhoso criado pela Rede Globo, a fantasia com que Galvão Bueno e seu séquito acéfalo querem lavar nossos cérebros não mais convence, nem sequer aos neófitos no esporte motorizado.
Apesar de dispor de milhões de dólares de patrocinadores, equipe alguma parece ter real interesse no nosso Massa. Vide toda a impressa especializada mundo afora.
Triste ocaso de um rápido e simpático piloto que quase foi campeão.
Quase!

sábado, 28 de setembro de 2013

"Norte das águas": um mergulho no jazz de Hobsbawn

““O Jazz moderno não é tocado apenas por divertimento, dinheiro, ou requinte técnico: também é tocado como manifesto - seja de revolta contra o capitalismo e a cultura comercial, seja de igualdade do negro ou de qualquer outra coisa".
Eric Hobsbawn, em: “The jazz scena”, 1989.



Passado 40 anos da publicação do Saint Louis Blues (1914), o jazz tornara-se, de uma maneira ou de outra, universal. Desde então passou a ser quase uma versão de segunda mão da música americana, ainda que no cartório se discuta a paternidade - apesar de avôs africanos. A versão de sua evolução e transmutação, ao contrário de sua disseminação, permanece como um tesouro mergulhado no delta do Mississipi e nem Eric Hobsbawn, famoso historiador inglês, vestido de escafandrista conseguiu localizar.
Hobsbawn (História Social do Jazz, Ed. Paz e Terra, 1989) dedilha que o Jazz moderno inicia em 1940, após a retomada da improvisação e a ruptura definitiva do blues com o pop. O blues, doravante, foi a gota inseminada no momento da fecundação do jazz, e o tal “improviso” foi gênese dessa relação assexuada.
Após a gestação, o som afro-americano (afro-humano, afrodisíaco, diz Almino Henrique) abandona o ventre, corta o cordão, enterra as secundinas do folclore e dá os primeiros passos para sair de seu gueto: Nova Orleans. De cara mistura-se com a música clássica; depois inicia peregrinação mundo afora para se juntar a outros elementos fonográficos e tornar-se o híbrido tanto trovejado por Louis Armstrong. Após o princípio, lá pelas quebradas do French Quartier com os negros tocando em funerais, o Jazz sobe o Mississipi no rumo norte e aporta em Chicago e Nova Iorque. Daí rodopia para o mundo até encontrar os mais insipientes rincões.
No delta do Amazonas, um desses rincões nebulizados pelo Jazz, você pode se inteirar de algumas fímbrias dessa protoplasmática história musical caminhando pela orla de Macapá. “Do blues urbano e imigrante, permaneceu o background constante da evolução do jazz” -aferiu Hobsbawn. Então porque esse background, uma espécie de miolo, néctar, não haveria de estar entre nós, nutrindo marabaixo, carimbó, batuque, boi-bumbá e outros elementos fonográficos da Amazônia dando perpetuação ao ideal de Chat Baker, Miles Davis e Duke Ellington?
A idéia do imutável som quintessencial de negros urbanos espalhou-se pela floresta feito alvorada de Uirapurus. Tão logo as ondas da maré alta do rio Amazonas se chocam contra os muros de contenção da cidade musical surgem blue notes que viajam entre nossos ouvidos, até inundar as circunvoluções cerebrais de serotonina e causar uma enxurrada de êxtase.
Finéias (teclados) e seus menestréis
Se numa quinta-feira qualquer você quiser apalpar um pedaço dessa história a céu aberto, - contando estrelas, ao lado de um vento brejeiro e sem chuva-, pegue a orla de Macapá e caminhe até o Araxá. Achegue ao “Norte das águas”, puxe a cadeira, sente-se e sinta-se na esquina da rue Bourbon com St. Peter street. Peça uma cerveja e um tira-gosto pro Adriano e aguarde a chegada de uma espécie de “Original Dixieland Jass Band”, nos mesmos moldes da Nova Orleans pós-Katrina, com Finéias e seus menestréis. Depois dê o formato de concha à sua mão e a encoste-as nas cartilagens da orelha. É só deleite, ou melhor: total ruptura com o capitalismo da cultura comercial.
O “Norte das Águas”, por assim dizer, comporta-se como um verdadeiro Tin Pan Alley ao receber de abraços aberto quem deseja voar na liberdade da expressão musical, ou, no improviso e na espontaneidade de se tocar um instrumento.
Os idealizadores desse projeto são tão amarrados por esse revival, que anualmente realizam um festival neste mesmo cantinho, com diversos convidados nacionais, para manter viva essa história que os remete ao Mississipi. É claro que não se precisa de nenhum palco armado, pois a natureza foi bondosa com a cidade e deixou esse “mar” aberto e repleto de verde (I see trees of green [...] What a wonderful world), dando à paisagem bucólica um ar de originalidade.
Mesmo de canoa, a ideia bem que poderia ir rio acima, nos mesmos moldes do Mississipi e borrifar jazz em toda a região. Mas aí é outra história... Já sem Hobsbawn para escrever. 

Europa via Amazônia

"Da floresta amazônica, via São Paulo, para Gent".  Assim, é a promoção do lançamento do livro Alex Atala D.O.M, no próximo final de semana na Bélgica. O chef paulistano definitivamente se apresenta pelo mundo afora como o representante da cozinha brasileira com o pé na Amazônia. Mês passado, ele posava com um pirarucu nas costas numa extensa reportagem do prestigiado jornal inglês The Guardian, intitulada In the heart of the amazon with Alex Atala.
Dono do atualmente considerado o 6° melhor restaurante do mundo pelo S. Pellegrino World´s 50 Best Restaurants, Alex Atala é quem conseguiu, até agora, usar bem a Amazônia como fonte de inovação na haute cuisine. No site do D.O.M. ele diz, entre outras coisas,  que tem "uma extensa pesquisa" sobre priprioca, a raiz amazônica usada pela cosmética. Bem, estou curioso para ver o que ele vai apresentar aos europeus. Minha grande dúvida é: será que ele já sabe como usar  tucupi sem azedar? Se sabe, vou até concordar com a revista Time, que nomeou Atala um dos  100 most influential people in the world, from artists and leaders to pioneers, titans and icons. 
Mas, de qualquer forma é bom estar vivo para ver os tempos em que um paulistano precisa se apresentar com "toques  amazônicos" na Europa. Gostei do via "São Paulo". 

sábado, 21 de setembro de 2013

Novo Pink Martini: contagem regressiva



Get Happy é o novo álbum da banda Pink Martini, baseada no Oregon, Estados Unidos, mas que desde 1997 faz enorme sucesso nos dois lados do Atlântico. O CD sai do forno na próxima quarta-feira, dia 24. Para os fãs, como o Carlos Barretto e eu, uma contagem regressiva temperada pelos teasers que a banda tem postado no site repaginado do Pink Martini.
Desde 2009, com Splendor in the Grass, a banda não lançada um álbum de inéditas - isso se a gente não considerar dois CDs de projetos especiais: Joy to the World (2010), com músicas de Natal, e 1969 (lançado em 2011) do Pink Martini com Saori Yuki, a mega star japonesa, num álbum beneficente para as vítimas do tsunami no Japão.
Com Get Happy, a trilha sonora desse final de 2013 tem garantia de qualidade. O clima é esse da foto  de Thomas Lauderdale e China Forbes, a cabeça e a voz do Pink Martini.
(foto do newsletter do Pink Martini)

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Da surpresa. Do silêncio. Do coito interrompido.


Yayoi Kusama me presenteou com uma boa surpresa. Dessas de ficar ruminando, ruminando... Que por si só já me é uma palavra umbilical, pois que aprendi de uma só golada, quando meu pai me explicava como meu avô bem aproveitava de cada alimento, em cada alimentação. Pois é. Dessas surpresas que já provei um dia. Saboreei, por exemplo, com o documentário sobre os Novos Baianos, que já comentei aqui, já que nunca poderia imaginar tão fluidamente que um músico bossa-novista, tão duro, como João Gilberto, teria sido o pai espiritual do grupo tal qual se tornou mais conhecido, o do Brasil-pandeiro. Como podemos ser tão quadrados, não? Eu me surpreendo comigo mesma. E assim somos inevitavelmente todos os que foram embalados na cultura judaico-cristã. Ainda que alguns lutem bravamente a esculpir essa dramática moldura.

Assim então fui surpreendida mais uma vez. Agora por Yayoi Kusama. Não poderia esperar que uma japonesa me remetesse a práticas africanas e à arte rupestre. Ela me remeteu. Tenho fixadas em minha memória imagens de negros africanos com a pele pintada de pontos e traços brancos. Tenho em minha memória desenhos esculpidos em rocas. A questão de como ela poderia ter tudo isso tão denso em seu trabalho me embasbacou. E não é um trabalho recente dela. Não. Pude ver alguns desses elementos em desenhos e colagens da década de 1950. Em 1977, a artista internou-se voluntariamente em um hospital psiquiátrico. E tampouco parou de produzir intervenções urbanas, pinturas em tela, canções... Peças de exibição. Peças de densa interação. Produz ainda hoje, essa senhora audaciosa. Audaciosamente louca e bela.

Um enjôo ter de enfrentar uma fila gigantesca durante muitas horas para estar dentro de um museu esbarrando em gente que quer ser fotografada junto de uma das obras da artista. É sim. E ser convidada a ir para acompanhar a quinta vez de uma família em uma mesma experiência metafísica de caminhada por um pequeno labirinto de espelho, caminho de madeira, água à volta e luzes dependuradas que mudam de cor em frações de segundos. Ou ainda estudantes que ficam discutindo entre si, tomando notas ruidosamente ou fazendo performances. E crianças que pregam e despregam adesivos nos espaços determinados ou não. Certo! Que bom que a arte reúne tanta gente de diferentes formações. Mas a surpresa não pode ser interrompida, ora, pois. É como... um coito interrompido, sei lá!

Mas a surpresa que Yayoi Kusama já havia metido a frustração e gozo indelével. Sim, porque eu me identifico com esses elementos que jamais poderia imaginar que uma artista japonesa fosse capaz de manipular com tanto domínio. Pontos e traços que se repetem e se comunicam. Os espelhos como ferramentas para reproduzir imagens e fazer saltar a sensação do infinito em espaços tão enxutos, capazes de provocar claustrofobia. Psicodelia fora de hora. Que espírito? Que tempo?

A exposição é uma experiência imperdível. Segue para o Brasil. Que desfrutem!

Sebastião Salgado no Roda Viva



Ouvir Sebastião Salgado é sempre uma experiência quase-visual.
Programa Roda Viva (TV Cultura) - 16/09/13

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O direito de morrer velho - parte II

Em janeiro de 2009, produzi essa postagem:

Qualquer pessoa, em sã consciência, deseja viver muito. Morrer velho é a aspiração certa de todos.

Para isso, é preciso ter saúde, alimentar-se direito, zelar por si mesmo e ter sorte, ao final das contas.

Uma grande parte da responsabilidade de se alcançar este fim, evidentemente, é nossa; mas desde que saímos das cavernas e adotamos formas gregárias de viver, criamos mecanismos de proteção que vão além da mera auto-defesa. O Estado, ou qualquer outra forma de organização humana, é o encarregado de prover a proteção da vida daqueles que vivem sob suas leis ou regras. É assim desde tempos imemoriais.

Em nosso rincão, porém, esta obrigação não vem sendo cumprida. Morreu mais um ontem, que não chegou nem perto da terceira idade. Com 30 e poucos anos, o advogado Marcelo Castelo Branco Iúdice foi mais uma vítima da violência que assola o Estado.

Marcelo não era meu amigo. Era o que se convenciona chamar de “conhecido”, alguém com quem não se tem intimidade, mas cujo rosto é familiar pelos contatos frequentes. Cumprimentava-o sempre no fórum, em reuniões de classe, em restaurantes, em encontros de advogados. Era ainda muito jovem, e de aparência jovial. É mais um a quem o Estado negou o direito de morrer velho.

Ontem ele, anteontem um médico renomado de 54 anos, um pouco antes um sociólogo e blogueiro de pouco mais de 40. Tantos outros já foram vítimas, em bairros centrais ou periféricos. Nada disso abala a sonolência dos órgãos de Segurança Pública. Se antes a sensação era de insegurança, nas infelizes palavras de um ex-governador, hoje ela é de completo abandono. Vivemos o verdadeiro faroeste caboclo, sem apelo a ninguém e sem consolo – afinal, a morte não tem meio-termo, como dizia o poeta Cacaso.

Enquanto isso, em boa parte da capital, o ódio e o desalento da população alimentam novos criminosos, criados na forma de justiceiros. Retornamos ao tempo da auto-defesa, sob o olhar placidamente bovino da Administração Pública.

Cuidado, meus amigos. Previnam-se de todas as formas possíveis. A Grande Ceifadora tem brandido sua foice próxima a nossas cabeças, todos os dias, em todos os cantos. Estamos comprovadamente sós.

Só não podemos fomentar a sede de vingança privada. Somos humanos e, portanto, maiores que este conceito irracional. O Estado é quem deve cumprir sua parte. Cabe a nós chamá-lo à razão.

Lamento, por fim, iniciar o ano produzindo uma postagem destas. É mais um direito que o Estado nos nega: o da alegria.


Hoje, 4 anos e 8 meses depois, só mudaria o nome da vítima - de Marcelo Iúdice para Luigi Freire. A sensação de desalento e abandono é a mesma. Infelizmente.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

11 de setembro de 1973 - Nunca esqueceremos


Presidente Allende Presidente
(Hakim Amokrane - Mouss Amokrane - Ángel Parra - Mauro di Domenic)

 ¡El pueblo unido jamás será vencido!
Allende, presidente,
usted fue la esperanza
de un mundo de justicia,
sin odios ni venganza.
Allende, compañero,
usted que resistió,
la metralla en la mano,
tenía la razón.
El pueblo desarmado
no tuvo protección,
cae la noche en Chile,
torturas y prisión.
La CIA, los fascistas,
pagados en Washington.
Allende, presidente,
que sirva la ocasión;
denuncio aquí la infamia,
la noche del terror.
Allende, presidente,
te vengo a saludar,
tu presencia está viva
de la montaña al mar.

domingo, 8 de setembro de 2013

O barbeiro-cirurgião, segundo ato

Logo após o dia amanhecer, antes do primeiro talho, Ambrósio costumava instalar a mini-caixa de som entre a parede e a pedra. Com a cumplicidade de seus pares, a benevolência dos enfermeiros e a resiliência dos enfermos de alma e de carne, Ambrósio se permitia ouvir "Il barbiere di Siviglia" (O Barbeiro de Sevilha, Rossini, 1816).  Assim disfarçava o tilintar das pinças, o fole da máquina respiratória, o gotejar do soro e o som do traçado do (próprio) coração. Eram apenas diérese, hemostasia, exérese e síntese -os fundamentos de sua ciência-, como se fossem acordes, batutas, barítonos e tenores. Era quando o barbeiro se envergava cirurgião e começava a sentir o peso da própria arte. O talho virou obra. 

sábado, 7 de setembro de 2013

Steve Jobs, entre a devoção e o menosprezo

É impossível acompanhar este blog sem saber que o nosso chefe de redação, Carlos Barretto, é um dos inúmeros fãs de carteirinha de Steve Jobs e consumidor contumaz de produtos tecnológicos que, quando produtos de informática, são da Apple. Assim, este não seria exatamente o local mais adequado para reproduzir o texto abaixo, uma crítica ao filme jOBS, que o público de Belém finalmente poderá assistir, escrita por Pablo Villaça, do Cinema em Cena, que como todo crítico é um chato, alternando momentos de brilhantismo com outros da mais cansativa marrentice.

Caberá a quem ler a crítica e ver o filme (devo vê-lo hoje) avaliar até onde Villaça foi feliz. Devo alertar que ele já começou a escutar. As primeiras respostas de leitores dadas a sua crítica (leia aqui) foram aborrecidas. Fazem-lhe acusações. Felizmente para ele, num nível decente e merecedor de respeito, que em suma dizem que ele não escreveu sobre o filme. Talvez algum despeito inconfesso tenha movido o rapaz. Mas há, claro, quem também elogie o crítico e a lucidez de seu texto, que fala sobre o comportamento das pessoas neste mundo de hoje.

Quem me conhece sabe que, desta vez, concordarei com Villaça. Naturalmente, não sobre os aspectos de um filme que não vi. Mas certamente sobre Ashton Kutcher ser um ator limitado e sobre computadores, telefones e gadgets, de um modo geral, serem apenas... máquinas. Ele os chama debochadamente de "eletrodomésticos". Um exagero, decerto, mas mesmo nós, modestos blogueiros domésticos, recorremos habitualmente a recursos de estilo para dramatizar, chocar e prender a atenção. Já fui bombardeado mil vezes por causa disso. E até admiti que devo evitar as generalizações.

Enfim, os gadgets de um modo geral, e mesmo os da Apple (também concordo com Villaça quando não consegue identificar a proclamada superioridade da marca), podem ser muito mais do que eletrodomésticos e contribuírem para mudanças radicais no modo como as pessoas vivem (p. ex., fazer um cara como eu, que sou professor, ter que competir com o WhatsApp...), mas eles continuam sendo máquinas e nada mais. São questões claras para mim, a ponto de não merecerem questionamento: bichos, por mais amados que sejam, não são pessoas; máquinas não são sujeitos de direitos. Daí a frase de Villaça, para mim, foi luminosa: eu também jamais aplaudiria um produto vendido em shoppings.

Mas cada qual no seu quadrado. Deixo-lhes a crítica e, se eu conseguir ver o filme, depois volto para falar algo a respeito. Há duas pessoas que eu queria ouvir sobre o tema. Uma é o nosso Barrettão, por isso fiz esta postagem aqui. A outra é um amigo filósofo, que convidarei para ler.

No mais, um belo final de semana para todos.

Eu tenho um iPhone. Aliás, neste exato momento estou usando o aparelho para ouvir canções organizadas numa lista especial que emprego sempre que escrevo. É uma invenção útil, sem dúvida alguma, e que facilitou bastante meu cotidiano pessoal e profissional. Dito isso, permanece sendo um aparelho, um eletrodoméstico. Não se trata da cura do câncer, de uma obra de Arte inesquecível ou de um tratado filosófico. Assim, quando, na cena inicial deste Jobs, o personagem-título apresenta o iPod como “uma ferramenta para o coração” e é aplaudido de pé por dezenas de pessoas enquanto travellings aproximam a câmera do rosto de personagens que sorriem com expressão de terem testemunhado a História sendo feita, tive a sensação de estar assistindo a uma comédia. Como membro da classe média, sou consumista como qualquer um, mas posso garantir algo: jamais me verão aplaudindo um objeto vendido em shoppings.
Terceira parte de uma trilogia informal que conta também com A Rede Social e Os Estagiários, este Jobs pode ser encarado como uma prequel dos capítulos anteriores, já que a aborda parte do surgimento da tecnologia que permitiria a propagação da Internet para os lares de todo o mundo: o computador pessoal. Escrito pelo estreante Matt Whiteley, o longa reconta a história da fundação da Apple a partir da trajetória de Steve Jobs (Kutcher), que passa boa parte da projeção celebrando vendas recordes e apresentando invenções “revolucionárias” para seus adoradores – e seu gênio para vendas pode ser constatado a partir da legião de fãs que atingem orgasmos múltiplos apenas com a menção de seu nome, atribuindo ao sujeito a responsabilidade por tudo de bom e justo que aconteceu no planeta nos últimos 30 anos.
O que é curioso, pois, se julgarmos pelo que é apresentado aqui, Jobs era bem canalha. Demonstrando seu descaso para com qualquer outro ser humano ao estacionar sempre na vaga para deficientes de sua empresa, o protagonista diz, em um instante, não ligar para posses materiais apenas para, momentos depois, ficar sem fala ao receber uma oferta de 5 mil dólares para completar um trabalho, não hesitando em mentir para o amigo Steve Wozniak (Gad, que, apropriadamente, também esteve em Os Estagiários) a fim de ficar com a maior parte do dinheiro resultante dos esforços deste. Tratando os subalternos com estupidez e agressividade, Jobs não vê problema em roubar a ideia de um parceiro comercial ao conceber o Apple II como uma máquina completa (em vez de uma simples placa-mãe), mas, hipocritamente, irrita-se ao suspeitar ter sido plagiado por um Bill Gates em início de carreira.
Aliás, se Jobs tem uma virtude é justamente o fato de evitar se transformar em uma hagiografia, retratando o personagem-título como um indivíduo egoísta, egocêntrico e mesmo cruel. Infelizmente, o longa falha ao jamais estabelecer uma conexão lógica ou mesmo alguma transição entre as várias fases e facetas do sujeito: em um instante, Jobs surge lamentando ter sido abandonado pelos pais biológicos (em uma troca de diálogos risível, diga-se de passagem); em outro, expulsa a namorada grávida de sua casa sem hesitar um segundo, recusando-se a visitar a criança mesmo depois de ter sua paternidade comprovada por exames – e quando, subitamente, a filha (já adolescente) aparece morando em sua casa, o filme não se preocupa em explicar como ele subitamente se transformou em “pai do ano”, contentando-se em mostrá-lo chamando a garota para tomar café e observando o filho caçula brincando no jardim. (E, do ponto de vista psicológico, seria no mínimo interessante observar que o nome do computador Lisa é o mesmo da filha por ele abandonada.)
Dirigido pelo mediano Joshua Michael Stern, Jobs traz constantes planos nos quais seguimos Steve Jobs enquanto caminha pelo campus, pelos corredores da Apple e em feiras de informática, como se acompanhássemos uma figura icônica – um ícone que permanece indecifrável e cuja natureza mutante se reflete nos figurinos: aqui, usa coletes e ternos para parecer mais profissional; ali, é o único a surgir usando roupas casuais em encontros de negócios. Enquanto isso, o design de produção faz um trabalho exemplar não só de recriação de época (melhor: épocas), como também é hábil ao sugerir a atmosfera amadora do início da Apple e, posteriormente, o ambiente estéril e corporativo que tomaria conta da empresa. Este cuidado com a fidelidade, aliás, é exibido com orgulho nos créditos finais, quando vemos fotos das figuras reais ao lado dos atores que as encarnaram – e, ao longo da projeção, o cineasta inclui inúmeros planos abertos que têm, como único objetivo aparente, demonstrar como Ashton Kutcher aprendeu a imitar o caminhar típico de Steve Jobs.
Kutcher que, infelizmente, não consegue ir muito além de uma imitação em sua performance, já que, em nenhum momento, conseguimos esquecer que ali se encontra o astro de That 70’s Show e Cara, Cadê Meu Carro? e cuja vida pessoal tem mais destaque que a profissional. Ator naturalmente limitado, ele constantemente deixa clara a artificialidade de sua composição – e quando Jobs se levanta abalado após ser excluído da empresa que ajudou a fundar, a expressão de Kutcher denota um ator que aprendeu a imitar uma emoção em vez de vivê-la em cena. Por outro lado, parte do problema de seu personagem deve-se mesmo ao roteiro, que falha em decidir-se não apenas com relação à natureza do protagonista, mas também de sua empresa. Steve Jobs era um idealista ou um mercenário? Sentia remorso de suas ações passadas ou achava-se justificado? E já que em vários momentos ouvimos personagens falando orgulhosamente sobre “o que a Apple representa”, creio ser razoável que perguntemos, então, o que ela representa, afinal – algo que o filme jamais se preocupa em esclarecer. Quando pensamos na marca, o que deve vir à mente: produtos úteis no cotidiano e de design elegante ou as fábricas na China que exploram trabalho escravo, incluindo mão-de-obra infantil? E se estivermos falando da primeira opção, o que torna a Apple diferente da Sony, da Microsoft ou da HP? Se a resposta for “o estilo” ou mesmo “a qualidade dos produtos”, sinto em dizer que isto não “representa” nada do ponto de vista filosófico (como muitos parecem querer acreditar), tratando-se meramente de características industriais.
E é aqui que Jobs peca como narrativa: mesmo enxergando seu protagonista como um homem falho, o longa ganha tons reverenciais sempre que aborda a Apple como empresa, com direito a trilha inspiradora durante a apresentação dos produtos, quando beira o puro infomercial. Além disso, ao estabelecer Steve Wozniak como o verdadeiro gênio por trás das tecnologias apresentadas pela companhia, o filme inspira mais interesse pelo sujeito do que pelo personagem-título – o que, associado à performance multifacetada de Josh Gad, sugere que, num mundo justo, estaríamos assistindo a Woz em vez de a Jobs.
Porque se Steve Jobs tinha um talento especial, este dizia respeito ao comércio, já que suas apresentações repletas de frases de efeito e hipérboles levavam os MacHeads ao delírio, quando aplaudiam empolgadamente produtos (o que já é ridículo por natureza) sem nem mesmo terem uma ideia clara do que estes faziam (o que cruza a fronteira do patético). Se provocar devoção a ponto de levar adultos a permanecerem dias e dias numa fila interminável apenas pelo prazer de se encontrarem entre os primeiros a comprar um eletrodoméstico é algo digno de admiração, Jobs homenageia a pessoa certa; por outro lado, se a criatividade, o puro gênio e um bom caráter fossem os critérios avaliados, o filme se beneficiaria caso se concentrasse no gordinho barbudo que, mesmo criando tudo que estabeleceu a Apple como a Apple, virou coadjuvante de luxo do sujeito que se encarregou de vender suas invenções e descartar todos que deixavam de ser úteis ao seu projeto pessoal de grandeza.
Um homem tão falho que nem o longa que recria sua trajetória parece aturar.
05 de Setembro de 2013

7 de Setembro

Bem Brasil (Premeditando o Breque & Caetano Veloso) 

E en tal maneira hé graciosa
Que querendo a aproveitar darse a neela tudo
per bem das ágoas que tem
Paro o mjlhor fruito que neela se pode fazer
Me pareçe que será salvar esta jemte
E esta deve ser a principal semente que Vosa Alteza
Em ela deve lamçar (Pero Vaz de Caminha)

Há 500 anos sobre a terra
Vivendo com o nome de Brasil
Terra muito larga e muito extensa
Com a forma aproximada de um funil
Aquarela feita de água benta
onde o preto e o branco vem mamar
O amarelo almoça até polenta
E um resto de vermelho a desbotar
Sofá onde todo mundo senta
onde a gente sempre põe mais um
Oh! berço esplendido agüenta
Toda essa galera em jejum
Apesar de Deus ser brasileiro
outros deuses aqui tem lugar
Thor, Exu, Tupã, Alá, Oxossi
leus, Roberto, Buda e Oxalá

Aqui não tem terremoto
Aqui não tem revolução
É um país abençoado
Onde todo mundo põe a mão

Brasil, potência de neutrons
35 watts de explosão
Ilha de paz e prosperidade
Num mundo conturbado
E sem razão

A mulher mais linda do planeta
Já disse o poeta altaneiro
Que o seu rebolado é poesia
Salve o povão brasileiro
Mais do que um piano é um cavaquinho
Mais do que um bailinho é o carnaval
Mais do que um país é um continente
Mais que um continente é um quintal

Aqui não tem terremoto
Aqui não tem revolução
É um país abençoado
Onde todo mundo mete a mão

Brasil, potência de neutrons
35 watts de explosão
Ilha de paz e prosperidade
Num mundo conturbado e sem razão

Neomasoquismo

Adão Iturrusgarai

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Indie Cindy



Música nova dos Pixies, a primeira sem a baixista Kim Deal.
Aliás, Indie Cindy faz parte de um EP de 4 músicas, lançado hoje.
Download aqui.

Wind Explorer



Se agregarmos às leis da física uma das Leis de Murphy (no matter how fast you are driving, you will always be driving against the wind - não importa o quão rápido você dirija, você estará sempre dirigindo contra o vento; tradução livre), teremos uma ideia hibrída e fecunda, explorada pela alemã Evonik Industries através do seu projeto Wind Explorer, um carro que associa energia eólica a um pequeno motor elétrico.
Eu me pergunto como ninguém da indústria automobilística pôde pensar nisso antes: carregar as baterias com a força do vento gerado pelo próprio movimento.
O levíssimo veículo utiliza baterias de lítio e uma turbina móvel de vento para carregá-las e, dependendo do vento e da velocidade de deslocamento, demanda pouquíssima recarga de fontes elétricas convencionais.
Ainda há muito a ser aperfeiçoado, mas abre-se definitivamente um caminho para uma fonte mais limpa de energia do que a energia elétrica "pura".
Carros ao vento!

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Desassossego

Com alguma surpresa de quem me escuta,
desde há algum tempo venho a dizer que cada vez
me interessa falar menos de literatura
José Saramago em: Da estátua à Pedra (Edufpa, 2013).


Ontem conheci a espanhola Maria Pilar Del Rio (foto ao lado). Lembrarei eternamente daquele aperto de mão, do olhar franzino, de algumas poucas palavras, assim como a digital do encontro. Ela nada se lembrará a partir da manhã seguinte, mas isso pouco importa. Não me incomoda em nada. Pilar é mulher-mundo do mago da literatura: Saramago. Eu sou apenas um rapaz latino americano vindo do interior...
Aliás, todos vêem o pulsar nítido que Pilar nasceu para Saramago. Eram como xifópagos ibéricos. Aliás, não eram: são. Desde a sua morte em 2010, Pilar vive feito nômade pelo planeta terra, divulgando e zelando pela pedra saramaguiana até fazer uma paragem por aqui.
Pilar tem a humildade no olhar, no sorriso, nas roupas, nos gestos, nas palavras e... no coração. Aceitou a publicação de duas obras inéditas do José (como se refere a Saramago) no Brasil. Ela escolheu a editora da UFPA, Edufpa, num projeto arrojado entre a própria UFPA e a Fundação José Saramago. Simone Neno, a diretora da Edufpa, foi bater na Casa dos Bicos, em Lisboa, para pedir a publicação. Como se não bastasse ter Benedito Nunes, agora a editora navegou em transatlântico e foi bater nas terras de Baltazar e Padre Bartolomeu. Foram seis meses de trocas de emeios até se chegar ao fatídico 30 de agosto de 2013, data da publicação de “Da estátua à Pedra e discursos de Estocolmo” e “ Democracia e Universidade”, no Centro de Eventos Benedito Nunes, da Universidade Federal do Pará. Quem me narra essa história, com detalhes, é a própria diretora; lê-se também na revista “Bravo”, em sua última e histórica publicação.
Já comecei a degustar o primeiro livro. O segundo, “Universidade e Democracia” deixo pro fim, como se fosse meia cuia de açaí na sobremesa. Deixo pra depois porque não imagino como um homem que não fez carreira universitária - e política- pôde escrever sobre a Universidade. É como se estivesse do lado de fora do muro que cerca o liceu e, de tanto enxergar as edificações e os movimentos acadêmicos acaba sendo parte dele. Deve ser provocador, mas também delicioso, se vindo de Saramago. Ele já fez isso outras vezes, quando, por exemplo, escreveu o “Evangelho segundo Jesus Cristo”, do lado de fora das catedrais, olhando de soslaio para a bíblia.
Também fui ao lançamento. Chamou-me atenção o pensar de Maria Pilar no discurso intitulado "Saramago por Saramago". É nítido o compromisso com a alma do escritor. Quase físico. Ela foi mais além. Elogiou não só trabalho gráfico, assim como a ambientação do lançamento dos livros. Realmente, ao olharmos no entorno, não há propaganda da Edufpa, nem do livro, somente da estátua viva de Saramago. A mídia se volta para a sua aura repleta de provocação, como nos dizeres ao fundo do palco: “Que temos feito de nosso sentido crítico, da nossa existência ética, da nossa dignidade de seres pensantes? Cada um dê sua resposta...”
Na realidade, mais que provocação, Saramago é puro desassossego.

domingo, 1 de setembro de 2013

As trilhas do DJ Dolores

(Foto: Facebook DJDolores)

Helder Aragão de Melo é a perfeita tradução de "Pernambuco falando para o mundo" - como o slogan da Rádio Jornal do Commercio 780 AM, no ar desde de 1948.
Como DJ Dolores,  ele é um dos maiores artistas da cena contemporânea brasileira. Produtor, músico, DJ, vencedor do BBC Awards, na categoria “Club Global”. Dolores tem um boa lista de trilhas de cinema para filmes como  "A Máquina”, “Narradores de Javé”, e mais recentemente, “Estradeiros”, “O Som ao Redor” e “Tatuagem”, premiado no Festival de Cinema de Gramado (RS) deste ano.
Também compôs músicas originais para teatro e dança.

Hoje, me deparei com um post dele, como Helder, no Facebook, partilhando uma preciosidade: uma seleção de faixas de trilhas sonoras de cinema feita à pedido do site Deep Beep (d-.-b).
Reproduzo aqui abaixa  a lista com os comentários do DJ Dolores, e você pode ouvir na Rádio d-.-
 Biscoito mais do que fino! 

 1. Ennio Morricone & Chico Buarque – Funerale Di Un Contadino
Morricone é um dos grandes mestres. Seu senso narrativo é comparável aos dos diretores com quem ele colaborou. Escolhi esse track conhecido de Chico Buarque produzido por ele para mostrar a dimensão do arranjo do grande maestro/arranjador.
02. The Troublemakers – Get Misunderstood
O projeto Troublemakers, de Marselha, costuma fazer trilhas sonoras imaginárias. Essa é uma das melhores e me fazem pensar na França situacionista de 68. Quando entra o canto, política e paixão se misturam. Como na vida real.
 03. DJ Dolores – Subúrbio Soul
Fiz esse tema no começo dos anos 2000 para o filme “O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas”. Adoro a ambiência da cidade, com gente falando. Lembra o centro do Recife, vivo e sujo, com uma enorme dose de melancolia.
 04. S. D. Burman – The Burning Train
Um clássico de um dos maiores compositores de Bollywood, S. D. Burman. A produção era industrial e dizem que os músicos gravavam lendo a partitura, sem ensaio prévio, tal era a urgência. O fato de estar mais concentrada num canal apenas seria decorrente da pressa?
 05.  Shankar Jaikishan & Anand Bakshi – Jaan Pehechan Ho
Mais um clássico da indústria cinematográfica indiana, composta pela dupla Shankar Jaikishan e Anand Bakshi. Tornou-se popular no ocidente ao ser citada no filme “Ghost World”.
 06. Goran Bregovic – Ya Ya (ringue ringue raja)
Uma incrível versão do clássico americano “Waiting for My Ya Ya”, um primor de letra nonsense, aqui cantado por Goran Bregovic, sob encomenda para o filme “Underground”.
 07. DJ Dolores – Fúnebre
Livre adaptação produzida por mim para a peça de teatro “O Bem Amado”.
 08. DJ Dolores – Satie Dub
Outra adaptação livre de um tema de Eric Satie, com elementos da música nordestina. Assim como o tema seguinte, foi feito para o filme “Os Últimos Cangaceiros”.
 09. DJ Dolores – Mulher Rendeir
Criei a ambiência de western e acrescentei a letra em função da necessidade do filme. Particularmente é uma homenagem aos temas sensacionais dos faroestes italianos.
 10. Angelo Badalamenti – Dub Driving
Não poderia deixar Angelo Badalamenti de fora desse set.
 11. Morton Stevens -  The Long Wait
Um tema cinematográfico por natureza, por Morton Stevens. É incrível como ele nos conduz em climas diferentes até um maravilhoso crescente no final. Arrepiante!
 12. The Lecuona Cuban Boys – Tabou
Lecuona Cuban Boys fixeram bastante sucesso na Europa no começo do Século XX. Essa gravação me impressiona pela ambiência sonora que poderia estar em qualquer produção cinematográfica tal é a quantidade de elementos imagéticos que ela sugere.