A madrugada sempre surpreende e fascina. E ela queria seguir. Mas lembrava da dor da frustração ao perceber esperanças que escorrem pelo ralo. Não é por um partido. Não é pelo PT se subjugar ao PMDB, no Pará. De 249 a 100. É por amor à justiça e repulsa ao desejo alheio de simplesmente ter algumas migalhas de poder.
Ela caminhava. Ainda incrédula com a segurança solitária que lhe acompanhava. Podia seguir, com frio e pensamentos, até não se sabe quanto e onde. Apreciava caminhar. Caminhar só e sob poucas luzes. Por entre lixeiras e arquiteturas de diferentes matizes. Por entre carros estacionados que lha causavam riso e indiferença.
Um país que viveu seis golpes de estado. Seis. Por esse motivo ou por esse e outros mais, sabe a importância de valorizar sua história. Argentina. Liberdade. Liberdade. Liberdade. E o Brasil? A mais longa ditadura da América Latina terminou mesmo? Cinquenta anos e ... fim? Nem memória, muito menos justiça se vê. Menos ainda um governo e uma sociedade que honre sua trajetória de dores e amores.
Paredes grafitadas no caminho fazem lembrar que as tentativas de uma imposição espúria de soberbos ainda querem se manter. Ah, Venezuela! Chaves como Evita. Mitos. E ambos têm o que ensinar. Cada um em seu quadrado. Têm!
Os raros que vagavam nas ruas não sinalizaram com um possível atentado violento ao pudor àquela moribunda. E ela pode se dar ao luxo de escrever, depois de um bonito aconchego à amiga que regressava ao país hermano. Ela pode se dar ao luxo de compartilhar duas garrafas de vinho e voltar para casa. Assim, como se... nada...
Parece que San Telmo ainda fará parte de sua vida por um bom tempo...
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