Pra ela, transar com aquele cara nunca foi mais importante que a admiração mútua que sentiam; que a parceria deles em projetos apaixonantes, inusitados ou banais que fossem; que as risadas cúmplices e que as instabilidades pessoais ultrapassadas juntos.
Mas que companheiro aceita que sua garota transe com outra pessoa? Que ex-companheira aceita que seu amor passe a compartilhar com outra criatura tudo o que era especialmente para ela? Era passado, como se tivesse sido ultrapassado. Mas ela ruminava isso diante da afronta recente. Sentiu-se mais que traída. Nem isso, na verdade. Humilhada, sim. O que não admitiria jamais.
Ele dormiu na porta da casa; no chão; do lado de fora. Ela sentou no piso de madeira, velho e antigo. Brincou de picotar um tecido esquecido no sofá e que parecia ter importância. Cheirou; nada. Aparecia um olho. Dois. Não conseguia recortar um sorriso. Virava e revirava o pano, feito brincadeira de criança. Depois desistiu.
Por cima e por primeiro, o lixo do banheiro. Depois, os lixos de escritório e do modesto jardim, com um pouco de cinzas e pontas de cigarro que restavam na sacada. Não, calmamente. Nada de gritos ou lágrimas.
Um banho de defumação na casa. Solitariamente. Com solenidade no coração.
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