Para Artur Eugênio, cirurgião morto de morte matada
"...não precisamos de balas a despetalar a flor da idade"
Antonio Maria, escrevinhador de nano coisas
Lá vem o Jagunço, de parabelo em punho:
-Sra. Bala, deixe-me passar!
-Deixe-me passar, Sra. Bala!
Deixa...
-Deixe-me passar, Sra. Bala!
Deixa...
... a bala passa por dentro
E o estampido ecoa pelos campos Guararapes
(Ouve-se, ainda, o tricotar de quatro tiros metralhados no
tórax).
Lá vem o enterro: a caminho da boa viagem
Não se ouve a sanfona
A zabumba baqueteia solitária
Uma ladainha de velas ritmadas
é um “pé-de-serra” no ritmo do caminhar
resta um gorgolejar de almas
Ao redor do chão,
Um espelho de lágrimas reflete a dor
-como chora aquela criança de tenra idade!
- Como chora!
Inunda a Caatinga cooronelista
De cá,
Resguardo meu pesar à sombra de uma mangueira
Tiro meu chapéu
Escoro no peito
E com olhos de lamparina
Assisto ao cortejo
Fartura de gente
o tempo parou no disparo do algoz
e engoliu o caminho semi-incisado
calou aquela voz,
ateou fogo nos sonhos
e espetou a ciência com o espinho de Mandacaru
:é o western do Cangaço-Lampião,
o pavio da miséria.
calou aquela voz,
ateou fogo nos sonhos
e espetou a ciência com o espinho de Mandacaru
:é o western do Cangaço-Lampião,
o pavio da miséria.
Acauã canta seu canto
"intão" chove mais não
"Num" vai chover no sertão
"Num" vai chover no sertão
Molha a terra a lágrima daquela criança
Mistura-se ao sangue escorrido das veias
E se perdem nas valas da agonia
Então vai chover mais não
Não vai chover no sertão
Não vai chover no sertão
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