terça-feira, 2 de março de 2021

E pela estrada que me leva a Maceió...

... Eu descobri uma trupe de médicos envolvida com afazeres da cirurgia torácica. Todos participando ativamente. É que por lá tem o grupo da Santa Casa de Maceió, que veste a roupa, põe o gorro e máscara, e tocam serviço com sistematização, a ponto de realizar evento ao vivo sem levar em consideração as amarras que a região impõe  - e sem se sentirem vitimizados por esse fato. Eles já ficaram conhecidos no Brasil por serem pioneiros em lobectomias por vídeo sem uso de OPME (conhecida como deviceless), para beneficiar pacientes do SUS. E isso não é pouco.

    No final de semana de 26 e 27 de fevereiro, por meio de EAD, realizaram o simpósio “Câncer de Pulmão Estágio I – do diagnóstico ao tratamento”. O simpósio teve 508 visitações, algo que já se torna notável. Na sexta-feira, na abertura, nada mais, nada menos que o espanhol Ramón Rami Porta fez uma magnífica apresentação acerca do que representa, na atualidade, o câncer de pulmão na fase precoce (estádio I). Em seguida, a turma de brasileiros de diversas especialidades honrou a origem e todos fizeram verdadeiras fruições com seus horizontes científicos. Eles transdiagnosticaram o câncer precoce dentro de uma verdadeira rede de cooperativismo. Trupe do bem... coisa feiticeira!

    No sábado, dia de centro cirúrgico, outra trupe lançou-se com afinco e sorver na desenvoltura do tratamento cirúrgico. De um lado, encasalados, os moderadores. Do outro, no centro do teatro (assim o centro cirúrgico era chamado pelos antigos), os comandantes Artur Gomes Neto (Alagoas) e Paula Ugalde (Canadá). Aquele exercia com sua batuta a função clínica, selecionando os casos cheios de ramificações terapêuticas, e Paula, na função artística, dava ritmo e malabarismo cadenciados pelos trampolins anatômicos, tal como uma bailarina do “cirque du soleil”.

    Houve procedimento diagnóstico ao vivo na sala de tomografia, além de outros operatórios, realizados no teatro: segmentectomia não anatômica e segmentectomia anatômica no mesmo paciente, com dois cânceres sincrônicos em lados diferentes e uma lobectomia - todos com linfadenectomia regrada, conforme prescreveu o catalão Rami Porta, na noite anterior.

    Essas longas estradas – tipo as que nos levam a Maceió – educam o olhar, a audição e nossas perspectivas. Percebe-se isso no canto do Tiê ou ao ler um excerto de Graciliano Ramos, em "Vidas Secas": Se aprendesse qualquer coisa, necessitaria aprender mais, e nunca ficaria satisfeito.“


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