segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O dia seguinte

Comenta-se agora, no 5ª Emenda, sobre a situação de Arnaldo Jordy. Quinto colocado na votação, é apontado mesmo assim como um vencedor, por ter alcançado um número de votos superior ao esperado. Penso que vai além. Acredito que ele recebeu votos conscientes. Afinal, votar em qualquer um dos quatro primeiros colocados representava, em última análise, atrelamento a alguma estrutura de poder: a máquina municipal, a hegemonia do PMDB que tudo consegue, a força do PT que governa o país e o Estado ou a saudade que ainda existe de tempos mortos, na dobradinha PSDB/DEM. Poder de hoje ou de ontem, máquina funcionando ou deteriorada. Mas todos medalhões de alguma época.
Por isso, acho que quem votou no Jordy tinha em mente o desejo de escapar dessas estruturas de poder. Pensou numa outra via. Considero um voto refletido.
E para quem acha que importante mesmo é que ele perdeu, transcrevo o comentário que deixei no blog do Juvêncio:

"Vale lembrar que Lula apanhou em três campanhas presidenciais antes de se eleger. No segundo embate contra FHC, perdeu logo no primeiro turno, o que certamente foi muito desanimador. Mas se elegeu na quarta tentativa e, a despeito de tudo que se vem apontando como falhas tétricas de seu governo (da incapacidade de consumar as obras que promete à corrupção), hoje se dá ao luxo de minimizar os 80% de aprovação popular que possui.
Acredito que Jordy sai fortalecido dessa eleição e que será um nome importante na próxima, quando o fracasso da futura gestão municipal (vença quem vencer, serão quatro anos de descaso e dilapidação) aumentará, mesmo nos eleitores mais politicamente fragilizados, o desejo de votar em algo diferente do que já foi testado e mostrou estar de costas para o tal de povo. Acredito nisso."

10 comentários:

Anônimo disse...

Saudade da dobradinha DEM-PSDB?!! Quem cara-pálida? O Jordy, para quem não se lembra, apoiou o PSDB na Assembléia, traindo sua histótia de luta. Isso deve lhe custar caro, para o resto da sua história futura.
Totalmente sem noção...

Anônimo disse...

Bobagem essa história de voto consciente no Jordy. Essa eleição foi a do voto no menos pior. E como Jordy não tem toda essa projeção, achou-se que ele era o menos pior. Mas pra quem conhece a peça, a conversa é outra!

Anônimo disse...

A Despeito de gente quem tem problema pessoal com o Jordy e só fala mal por que se serve do anonimato, você tem inteira razão em suas colocações.

Antonio Carlos Monteiro

Anônimo disse...

Bem lembrado. Jordy só precisa perder mais 2 eleições para chegar a se elejer prefeito. Em 2016.

Anônimo disse...

Caro Yúdice,

obrigada pela sua análise.

O primeiro anônimo está, certamente, fazendo graça. Dando-nos a chance de um pouco de humor antes do fatídico round DuduxPriante, pois eu não sabia que ainda tínhamos vestais na política.

O representante mor do último partido vestal, que condenou à época a aliança do Dr. Ulysses com Tancredo, que não assinou a Constituição de 1988, agora faz alianças pra todo lado e mantem seu projeto de poder bem ancorado lá em Brasília.

Quanto a trair a "história de lutas" na Assembléia, por ter apoiado projetos do governo anterior, é meio caminho andado para reciclar a opinião sobre oposição e birra.

O deputado Arnaldo Jordy apóia projetos do atual governo, desde que sejm de interesse do Pará. Está traindo quem agora? Caramba! Do quê mesmo o anônimo está falando?

O PPS, como todos os partidos - todos - faz alianças. Mas, desta vez o PPS não se aliançou e a votação de Jordy comprova que alianças não são arrêgos, rendições ou arranjos interesseiros de campanha eleitoral. São alianças. políticas. Simples assim. E quando elas não são viáveis, ainda assim há uma proposta que deve ser defendida.

Acho que o que está perturbando alguns é que o PPS começa a se fortalecer nacionalmente e aqui também como uma via democrática nesta república em frangalhos. Soninha, em SP, teve 6% da votação, o que não é pouca coisa na minha cidade alucinada.

Jordy, desta vez, somou aos tradicionais votos das camadas médias que sempre teve, os votos de muitas áreas populares. E isso é importante. É bom para o PPS, sem dúvida. Mas é melhor ainda para Belém.

Quanto aos seus desafetos, devem mesmo estar muito aborrecidos.

Abraço, Yúdice. Beijinho pra Júlia.

Yúdice Andrade disse...

Das 12h13, eu disse que há pessoas com saudade da dobradinha PSDB-DEM, o que definitivamente não é o meu caso. E há muitas viúvas, sim. Como há! Se há alguém sem noção aqui, não sou eu.

Das 13h15, tenho minhas reservas pessoais quanto ao Jordy, apesar de reconhecer que ele era, de longe, o candidato mais bem preparado. Longe contando em anos-luz. Tanto que não votei nele. Mas considerando minha premissa quanto a votar nos quatro primeiros colocados, votar no Jordy era fugir das estruturas desgastadas de poder dos últimos anos. Foi a isso que chamei de voto consciente. Não creio que isso faça de mim uma Alice.

Antônio Carlos, não sei com quem você concordou.

Das 20h19, não foi o que eu pretendi dizer.

Quem foi que moderou positivamente os comentários, hein? Só para eu saber.

Bia, querida, estás infinitamente mais bem preparada do que eu para fazer a análise em questão, por isso uso de tuas palavras para responder à primeira crítica.
Devo dizer, contudo, que a flexibilidade com que o Jordy apoiava a reeleição de Almir Gabriel e se tornava líder do Edmilson na Câmara (na época eu trabalhava lá) me incomodava muito. Aí começaram as tais reservas a que me referi. Eu estava presente a uma reunião da Comissão de Constituição e Justiça quando uma vereadora cobrou dele essa postura que chamou de contraditória. Ele não respondeu. Ignoro se considerou o comentário bobo e indigno de resposta ou se não tinha resposta a dar, no momento. Mas fiquei com isso na memória.
Lamento que ele não esteja no segundo turno. De bom grado, daria o meu voto agora.

Anônimo disse...

Bom dia, caro Yúdice;

conheço Arnaldo Jordy desde 1980. Fomos companheiros de MR-8 e dali saímos na mesma fornada, desligando-nos em 1983, acho. Jordy foi para o PCB e eu desisti da clandestinidade...rsrsrs...

Fui ser "clandestina" apenas no PMDB, de onde saí depois, quando o partido começava a confundir seu papel histórico e fundamental de acolher convergências para abrigar conveniências.Do PCB Arnaldo permaneceu no PPS e vejo nisso uma coerência de objetivos que respeito, embora eu não seja do partido. Aliás, desde 1991 não sou de partido algum. Esgotei minha expectativa naquela época, depois de ser fundadora do PSDB no Pará.

Bem, como já sou quase sexagenária, minha história é comprida demais pra aborrecer você.

O importante é que mesmo separados - até geograficamente porque vivi 15 anos em Marabá e 4 de volta a São Paulo nesses quase 30 anos de conhecimento com o Arnaldo - sempre acompanhei a sua trajetória.

Trabalho com ele desde o ano passado. Seu dia-a-dia é dedicado às causas coletivas. Exclusivamente. Leva-nos às vezes à exaustão na perseguição do justo, do correto, do melhor para o estado e para a cidade.

Reconheço dificuldades - não sou "fã" do Deputado, sou sua assessora - e as debito sempre à ânsia que ele tem em caminhar para onde as pessoas possam ser mais dignas, respeitadas, cidadãs. E nessa caminhada, caro amigo, há sim atalhos, tropeços e saltos sobre pedras.

A firmeza com que ele cumpre seu mandato é rara, caro Yúdice. É tão raro o caráter a serviço da causa pública na política que para mim isso se sobrepõe a qualquer outra característica. E, no que se refere a aliar-se a Edmilson e a Almir Gabriel, é exatamente parte desta característica. Tanto um quanto outro fizeram parte da boa história do Pará e de Belém.

Por isso ele foi meu candidato. E fiquei feliz com a sua votação expressiva. Arnaldo Jordy é um político raro na escalada de conveniências com que se comporta a maioria. Sua avanço como alternativa política é bom para o povo paraense.

Um abraço grande pra você. Não acorde a Júlia, mas dê-lhe meu beijo...rsrsrs..

Anônimo disse...

Professor,

só uma questãozinha: 80% de aprovação? Será mesmo? Os institutos de pesquisa deram mais um show de... nessa eleição! Acho que esse índice é apenas mais um deles. Só um louco não utilizaria tais índices pra apoiar, com êxito, seus candidatos aliados em importantes cidades do país, fundamentais para a execução do "tal do PAC"! E onde o presidente "da incapacidade de consumar as obras que promete à corrupção" apareceu (SP, São Bernardo, Natal, interior de Natal, Maracanã, hehe), NÃO DEU CERTO! Daí minha impressão de que a coisa dp "80%" não é bem assim! Só pra esclarecer: sei que aponta um dado amplamente divulgado. A questão é: Será?
Abraços!

Fernando Bernardo

Yúdice Andrade disse...

Engano teu, Bia: eu adoro boas histórias. E histórias de vida podem ser bem interessantes, mormente quando temperadas com elementos como as que enunciaste. Outro dia gostaria de saber mais. Quem sabe naquela prometida tapioquinha. Podemos levar as crianças.
No mais, agradeço por me dar uma visão mais aprofundada sobre Jordy. E lembre: eu falei que tinha apenas "reservas" e não rejeição. Jordy reúne diversas características para me ter como seu eleitor. Abraços.

Caro Fernando, não duvido nada que essas pesquisas sejam manipuladas. Contudo, pondero três aspectos:
1) É normal fazer periodicamente essas pesquisas, seja quem for o presidente.
2) Lula não está em campanha e, supostamente, não teria interesse em falsear popularidade. Se quisermos fazer uma relação com as eleições municipais, vale lembrar que o sucesso dele não vem de hoje.
3) O histórico de avaliações de Lula é invejável, mesmo (ou sobretudo) nos períodos mais conturbados de seus mandatos.
Sou levado a crer que os números pelo menos se aproximam da realidade, pelo motivo já sabido e ressabido: os programas de transferência de renda do governo federal.
Tomo por base acontecimentos como a palestra do Ariano Suassuna, aqui no Hangar, na última Feira do Livro. No meio do discurso, ele falou da situação dos pobres nordestinos e comentou: "E ainda tem gente que fala mal do bolsa-família!" Foi ovacionado pelo público. E quem era esse público? Gente que recebe o bolsa-família? Claro que não. Quem vai assistir ao Suassuna no Hangar é o classe média, o estudante de nível superior e, em menor medida, o curioso.
Acho que o sentimento geral das pessoas é esse, Fernando. Mas é muito salutar duvidar sempre. Um abraço.

Carlos Barretto  disse...

Juro que não fui eu, Yúdice. Pode ter acontecido um equívoco tendo em vista os posts em sequência sobre o assunto.