quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Terra de cegos

No Redação Online, do sítio das ORM na internet, ontem, às 17:40hs:

O estudante da UFPA (Universidade Federal do Pará), do campus do Guamá, Cleiton J. F, de 34 anos, foi preso em flagrante no final da tarde desta segunda-feira (15) sob acusação de molestar uma criança de 12 anos no banheiro do Centro de Recreação da Universidade, conhecido como 'Vadião'.

Segundo a assessoria de imprensa da instituição, os funcionários do local perceberam uma movimentação suspeita do estudante levando a criança para o banheiro e acionaram imediatamente a segurança do campus. No local, foi constatado o crime e logo em seguida o fato foi comunicado a delegacia do Pró-Paz que cuida do caso.

O estudante foi preso em flagrante por crime de pedofilia e segundo informações do Pró-Paz, ainda ontem o acusado foi levado para a seccional de Icoaraci, mas ele acabou sofrendo agressões dos próprios presos e foi transferido hoje para a seccional de São Brás, onde está à disposição da justiça.

Em depoimento, o acusado nega o crime. Ele disse que estava apenas ajudando a criança que passava mal. O acusado irá responder por atentado violento ao pudor e favorecimento à prostituição.

A notícia foi veiculada hoje, também, no jornal O Liberal.

Já sobre o caso de pedofilia de que está sendo acusado o deputado Luís Sefer (DEM) somente há uma pequena frase, enigmática, na coluna Repórter 70 - como se o assunto fosse digno de um mero comentário (o negrito é meu):

Enfim, a pauta começou a andar na Assembléia Legislativa. Depois de uma reunião do Colégio de Líderes feita em meio à confusão em que vive a casa, foram votados e aprovados ontem o PPA, o projeto da Santa Casa e o Zoneamento Ecológico-Econômico da região oeste do Estado. Pelo andar da carruagem, op peíodo legislativo será encerrado amanhã. Hoje as comissões de Justiça e Finanças devem despachar para votação em plenário a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Não poderá a empresa jornalística se queixar, depois, de queda em seu faturamento publicitário, se briga com aquilo que deveria ser a matéria-prima de seu negócio: a notícia.

7 comentários:

Ivan Daniel disse...

Ontem eu estava ouvindo muitos gritos vindos lá da Seccional de São Braz. Já era noite, e como moro no 11º andar de um prédio próximo, dá pra ouvir toda a gritaria da malandragem. Às vezes até consigo entender o que gritam, mas ontem não consegui. Vai ver estavam indignados com o novo colega.

Francisco Rocha Junior disse...

Não deve ter sido, Ivan. O acusado ficou preso na Seccional da Cremação.
Mas há muitos motivos para gritos nas cadeias paraenses.

Anônimo disse...

Graças à ampla variedade de jornais imparciais em nossa região, a audiência de blogs informativos como esse vem crescendo significativamente (sim! ainda podemos escolher!). Isso aumenta a responsabilidade dos 'posters'. Por outro lado, oferece aos leitores mais elementos para formularem suas próprias opiniões. Apesar da mediocridade que prolifera na internet, ainda acredito que a seleção natural prevalecerá. O fato de a maioria dos blogs não depender de faturamento publicitário para se sustentar constitui-se, a meu ver, numa grande vantagem. Afinal, "nada como o inútil para ser artístico".

Francisco Rocha Junior disse...

Belenâmbulo,
Obrigado pelo comentário e estímulo. Sua avaliação está corretíssima, a meu ver, exceto por um ponto: o Flanar não é, nem pretende ser, um blog informativo. Aqui se procura dar opinião.
De qualquer maneira, a intenção permanece sendo abrir portas para o debate.
Abraço.

Anônimo disse...

Caro Francisco,

a notícia não é a matéria prima do O Liberal. Pelo menos em seu estado puro, razão de ser dos jornais. Ali a notícia só é uma primazia se açambarcar interesses própris ou de amigos. ainda que - ou, no mais das vezes - interesses nada coletivos ou republicanos.

Vale também o vergonhoso avesso: nenhuma notícia é notícia se prejudicar a entourage, o que o caso do deputado Sefer, especialmente, vem demonstrando de forma emblemática.

O drama maior tem uma extensão que nem todos conhecem ou dão importãncia- uma violência deste tipo é indelével na vida de uma criança - mas vem sendo exemplar ao expor que falta pouco tempo para a falência desse tipo de imprensa. Falência financeira, pois a falência moral já ocorreu.

E agora, quero fazer uma consulta: caso sejam comprovadas as acusações contra o Deputado, ele pode ser considerado um agente do Estado? Se assim for, seu crime pode ser cobrado da instituição a qual pertence, da mesma forma que se pode exigir dos governos indenizações por agressões de policiais, ue são agentes públicos?

Além da justa reparação à criança, talvez fosse uma bela vacina contra futuros ilícitos, uma vez que a Casa do Povo talvez passasse a ser mais zelosa,ainda que não fosse na missão depreservar e proteger a dignidade humana,mas pelo temor de futuros prejuízos. Ainda assim, a sociedade lucraria.


Abração.

Francisco Rocha Junior disse...

Bia,
Que a notícia não é a matéria-prima de O Liberal, todos sabemos. Por isso o verbo no futuro do pretérito: "deveria".
Quanto à sua indagação, a resposta é negativa. Sefer, se forem confirmadas as suspeitas que sobre ele recaem, terá agido na esfera de sua vida privada, e não no exercício do cargo de deputado ou em razão dele.
Logo, além da responsabilidade penal (que é personalíssima), os prejuízos civis eventualmente sofridos pela menina deverão ser indenizados pelo próprio Sefer. É bom que, neste caso, o algoz tem patrimônio suficiente para arcar com os danos experimentados pela vítima - se o crime e os prejuízos à menor forem comprovados, repito.
Sobre a postura da ALEPA, penso que os deputados têm que se mancar e, uma vez confirmado o que se diz de Luiz Sefer, cassá-lo e manifestar pública e expressamente sua repúdia ao suposto criminoso e a seus atos. Só assim não terão sua imagem vinculada à prática do mais sórdido crime que possa existir, com as conseqüências políticas que daí advirão.
Abração.

Anônimo disse...

Bom dia, Francisco

obrigada pelo esclarecimento. Duplo. Na minha raiva, meu foco estava...desfocado.

Vamos à apuração e, se confirmado o crime, vamos à cassação. Esse é o bom combate. E isso contempla a minha questão difusa. De novo, obrigada.

Abração.