No outro blog do nosso confrade Juvêncio de Arruda:
Metáforas, Instituições e Barbárie
O jornalista e blogueiro Paulo Bemerguy colocou a peça que faltava no quebra cabeças ao pugnar pela prisão do marginal Duciomar Gomes da Costa.
A desobediência, enquanto tese, é uma pedra de toque, pois contorna o cotidiano dos roubos, desvios e outros crimes executados pela organização que devasta a cidade há mais de quatro anos.
Bemerguy arguiu, tão somente, a recalcitrante desobediência às sentenças, suprema desconsideração da Justiça, objeto de seguidos deboches por parte do prefeito falsário.
O que pode haver de mais danoso, lesivo e desmoralizante, para a Justiça, do que as gargalhadas de Duciomar Costa?
Certo de que não há Justiça para enfiá-lo no fundo de um xadrez, na companhia de seus iguais, o marginal não atenderá as obrigações das sentenças. Por uma razão muito simples: o dinheiro já foi, sumiu, desapareceu, tragado pelo vórtice da mais escancarada corrupção que se apossou da cidade em seus quase 400 anos de história.
Mas há indícios que a situação pode mudar. Porque não pode continuar.
Embora diferentes, os tempos da Justiça e da Política acabam convergindo. E o momento da convergência está próximo, muito próximo mesmo.
Em épocas anteriores, mas não muito e nem tão longe daqui, a população arrombaria as portas do covil deste marginal, arrastaria-o em direcão à praça pública, e cumpriria os desígnios que todos conhecemos.
Nestes tempos, entretanto, há outras metáforas.
Não vou chamá-las, ainda, de instituições, pois elas não se apresentaram em sua inteireza, prova-o a sorridente impunidade do marginal, e a generalizada e impressionante hiperatividade da organização.
Quando a prisão for pedida, concedida e executada, aí então eu assim as reconhecerei. Mas esta superação - da condição de metáfora à instituição - não pode mais tardar. Cabem às metáforas - já!, agora! - ensaiar ao menos uma vez a condição de instituição, em defesa de dois milhões de pessoas, evitando que elas sublevem-se por não reconhecer instituições, e sim metáforas.
Ou as instituições ou a barbárie, intensamente exercida pela organização.
A História, bem sabemos, só repete enquanto farsa e tragédia.
Neste momento, temo pela farsa e tragédia da inconcretude das instituições. Não temo pela sociedade, transcendente historicamente às intituições e suas metáforas.
A menção ao justiçamento das turbas lembra Antônio Lemos. Mas é óbvio que Duciomar Costa não é Antônio Lemos, nem os fatos que levariam o atual prefeito a ser arrastado pela via pública são os mesmos do início do século passado - daí que a história, caso se repetisse desta maneira, seria como farsa.
Na história real, porém, o pleito do Quinta Emenda é para que as instituições, se superarem a condição de metáforas, ajam no papel dos lauristas de um século atrás, para o bem da população desta pobre, cada vez mais pobre capital.
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