O chororô continua nas páginas do Diário do Pará. Em sua coluna nobre, a Repórter Diário, o bobajório de hoje sai nestes termos:
Sob censura
Agora é oficial. O noticiário do DIÁRIO está sob censura da Justiça do Pará desde ontem. O jornal foi notificado da decisão do Tribunal de Justiça do Estado, através de sua 4ª Câmara Cível Isolada, proibindo a publicação de fotos de "fotos/imagens de pessoas vítimas de acidentes e/ou mortes brutais que impliquem em ofensa à dignidade humana e ao respeito aos mortos", etc.
Recurso
O DIÁRIO, em respeito aos seus leitores e em defesa da liberdade de expressão, preconizada na Constituição federal, irá recorrer a todas as instâncias possíveis para reverter a censura imposta pelo TJE. O ordenamento jurídico brasileiro dispõe de meios legais para julgar eventuais delitos de imprensa, sem que seja necessário recorrer a práticas cerceadoras da liberdade de expressão.
A História registra que todos os tiranos, crápulas e sanguinários sempre foram capazes de justificar seus atos, mesmo os mais nefandos, através de motivações nobres, necessidades urgentes, sentimentos de valor, etc. Que o digam os nazistas. Por isso, leio com escárnio a expressão "em respeito aos seus leitores e em defesa da liberdade de expressão".
Também acho engraçado falar em "meios legais" para reverter a situação. Que meios seriam esses? Publicar notas falando mal dos parentes da desembargadora Eliana Albufaiad (os quais não têm nada a ver com a decisão tomada pela magistrada, agora ratificada por outros desembargadores)? Sugerir que estão envolvidos em exploração de trabalho escravo e outras obscenidades no Marajó, sem oferecer provas, apenas lançando o anátema aos seus nomes? Sem dúvida, isso é muito ético, legal, respeitoso e justificador da liberdade de expressão.
Sabemos que, amanhã, tudo pode mudar. Mas, por enquanto, está sendo uma delícia ver essas aves de rapina privadas da carniça, levando a pior.
8 comentários:
Na mosca, professor.
Gracias, amigo.
Não é possivel que estão a bater palmas para a volta da censura. Talvez em 64 vcs ainda não fossem nem nascidos para sentir na pele o que é a famigerada censura. Qualquer ato censurado, deveria ser censurado por nós. Não podemos viver com censura e a censura a muito já morreu e não deve ou devia ressussitar.
É o fim do mundo, como aplaudir a volta da censura. Censura é coisa imunda e não deveia existir. Eu lutei em pesseatas em Belém para que a censura acabasse e agora a justiça em má hora faz voltar esta imundice. Como podemos censurar as coisas que não fazemos. E o fim do mundo esta a chegar!
Anônimos, respeito as manifestações, por sinal bem educadas, mas confesso o meu cansaço com certas colocações que revelam falta de clareza. Pelo que entendo de suas palavras, todo e qualquer tipo de cerceamento à imprensa é censura e, como tal, odiosa. Isso não é verdade!
Não me darei ao trabalho de falar sobre o princípio da ponderação dos bens jurídicos, sobre a harmonização de princípios constitucionais e outros que tais, considerando que vocês parecem não ver a diferença de contexto. Uma coisa é proteger a imprensa de um governo ditatorial que não permitia que se divulgasse nenhuma de suas mazelas. Outra, completamente diversa, é assegurar à imprensa o suposto direito de ofender, humilhar, menosprezar, com o único objetivo de vender e ganhar dinheiro com as misérias alheias.
Se vocês não conseguem perceber a diferença, então não dá para avançar no debate. Lamento.
Senhor Yudice: Começaram a censurar os blogs, depois os jornais, virão depois censura nas radios e por fim nas televisões. Nenhuma censura deve hezistir, o bom censo é que deve prevalecer. Toda censura é imunda. É imoral.
Ora Yúdice.
Estas e outras manifestações feitas aqui e em outros blogs, são claramente um movimento dos "amigos do $angue" e da "liberdade de expre$$ão".
Mas mesmo eles, mereceram ter seus desatinos publicados aqui e receberem a sua respeitosa resposta.
Eu e muitos outros amigos que escrevem neste blog, também participamos de passeatas contra a ditadura e suas barbaridades. Mesmo quando nossa situação era claramente dividida, por opiniões desfavoráveis no seio familiar. Uma situação no mínimo constrangedora, mas que deixa claro nossa atitude de correr contra a "moral" conservadora da época.
É de um simplismo tocante, dizer que quem supostamente teria participado de passeatas na época da ditadura, teria então, uma espécie de salvo conduto para estar com a razão ao seu lado para sempre.
Já vi muitos ex-participantes das mesmíssimas passeatas, fazerem coisas impublicáveis. Seja como homens públicos, seja em sua conduta privada e pessoal.
Portanto, penso ser uma argumentação frágil demais para merecer mais uma linha a respeito.
Excelente seu posicionamento e também, pelo que observo da participaçào destes "serviçais" em outros blogs, trata-se de um falso debate. Algo artificial, bem ao gosto das publicações que defendem.
Abs
Eu até tinha pensado numa nova resposta, mas diante da manifestação do Barretto, penso que não resta mais espaço a um sujeito de quase 34 anos - eu - que, por isso mesmo, nem sequer pôde pensar se queria ou não tomar partido em relação à ditadura, que felizmente esmorecia no começo dos anos 1980, quando eu apenas ensaiava compreender o que era o mundo.
Digo, apenas, que concordo com o meu crítico num ponto da mais alta relevância: de fato, toda censura é ruim e não deveria existir. O problema é definir em que consiste censura. E não se pode considerar como tal a proteção de direitos individuais e coletivos. Mas penso que isso já está suficientemente claro.
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