O Francisco nos brindou com a postagem Sobre a indumentária, aí abaixo, na qual colocou um vídeo com reportagem do Jornal da Cultura sobre um caso hilário ocorrido na CTBel. Leia lá antes desta.
Estabelecer restrições ao uso de bermudas, como temos dito, numa cidade de clima opressivo, como Belém, já falta ao bom senso. Mas fazê-lo na CTBel, uma das piores, senão a pior entidade ligada à prefeitura de Belém, assume ares de deboche. Você já esteve naquela bodega, por acaso? Ela se situa num terreno imenso, a maior parte dele sem calçamento, ou seja, na piçarra. Com as chuvas frequentes, há lama e mato por todo lado. Dentro dos prédios, divisórias velhas, mal conservadas, tudo com aspecto de sujeira e mesmo de abandono. Na sala de espera há cadeiras quebradas. Eles deveriam dizer para não irmos lá de bermuda para não nos sujarmos ou para prevenir um tétano, caso raspemos as pernas em alguma divisória ou cadeira semidestruída.
Adorei o rapaz da reportagem que, com muito bom humor, reclama que mulheres entraram na CTBel trajando saias muito mais curtas que a dele, que ficou bonitinha. Morri de rir nessa hora.
A ordem é tão ridícula que a saia permite que se veja as pernas do rapaz tanto quanto a bermuda mostrava, ou seja, não houve nenhum efeito prático, além da glorificação do absurdo.
Some-se a isso a imbecilidade do responsável pela portaria, exemplo perfeito da categoria de indivíduos que apenas executam. Achei que ele impediria o rapaz de entrar vestindo saia, mas não o fez porque a ordem recebida foi não permitir bermuda. Pode-se entrar de calças compridas ou de saia. E como não disseram ao beócio que era calça para homem e saia para mulher, ele deixou passar. Cabeça pensante, não?
Seja como for, vale lembrar que todo homem tem o direito de usar saia, se quiser. Mas esta clareza está fora do alcance da mente brilhante que abre os portões da CTBel.
Enfim, este episódio nos desperta risos, mas não esconde a tragédia que é o jeito CTBel de ser que, como conclusão mais importante, está empenhada em dificultar ao máximo o acesso do cidadão aos seus serviços. Um orgão sediado no final da cidade, literalmente, sem protocolo descentralizado, com horário de expediente restrito, que cobra taxas e vende xerox, mas cada coisa em um prédio diferente*, ainda se dá ao luxo de questionar as roupas dos usuários, como se estes nada tivessem a fazer além de bajular o incompetente órgão fiscalizador do trânsito de Belém.
Era para ser inacreditável, mas é a nossa realidade.
* Para recorrer de uma autuação, você se dirige a um setor. Se quiser cópia do auto de infração, paga uma taxa na tesouraria, em um segundo prédio, e tira a xerox em um terceiro. Que tal?
3 comentários:
Caro professor, é a velha máxima do: cria-se dificuldades para vender-se facilidades.
Uma vergonha.
Mais. Quanto mais avacalhada for a administração, mais facilidade há de se apropriar do bem público.
Em todos os sentidos, se é que me entendem.
Parafraseando Gabriel, o Pensador:
Dudu é pior que uma praga
Dudu é pior que uma peste
Ele é a pior coisa que existe
Na superfície terrestre!
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