Bateu, levou; mas quem deu apanhou também

Primeiro, o senador (argh!) Mário Couto fez mais um discurso contra o governo do Pará, sempre recorrendo ao indigno expediente de atacar Ana Júlia pessoalmente, por fatos que enveredam por sua vida pessoal. Acusou-a de gostar de uísque. Como se esta joça de Brasil não fosse habitada por uma malta de pinguços!
Mesmo sendo avesso a sexismos, tenho que admitir que esse tipo de crítica afronta a condição de mulher da governadora, já que não se ouve falar mal de nenhum político homem por ser dado ao consumo da água que passarinho não bebe. Aqui entre nós, um conhecido político, que ocupou postos elevados - foi governador e senador -, era conhecido como "Papudinho", mas isso nunca foi um problema. Ao contrário: quando, já em fim de carreira, tentou se eleger prefeito, adotou o apelido e todo mundo achava engraçado. Portanto, só Ana Júlia não pode beber...
Aí vem o Partido dos Trabalhadores defender a governadora através de uma nota oficial. Começa bem, falando que Couto nada faz em benefício do Estado. Antes o prejudica, já que usa a tribuna do Senado para achincalhar conosco o tempo todo. Uma verdade manifesta. A nota então parte para o ataque: Couto não gosta de lembrar o seu passado. Uma alusão à insistente recusa do parlamentar em admitir o exercício pregresso de certa atividade ecológica, coisa que todo mundo sabe. E aí a nota parte para a baixaria: conclui falando em solidariedade ao senador, por ter um familiar lutando para se livrar do alcoolismo. Uma grosseria ridícula, que expõe uma pessoa alheia às veleidades políticas paroaras.
Hoje, o Diário do Pará afirma que a bancada do PSDB na Assembleia Legislativa espalhava ontem o seguinte chiste: Ana Júlia merece solidariedade por possuir um irmão acusado de pedofilia. Uma outra grosseria tremenda, mas que aborda um fato notório, muito mais grave e odioso do que a dipsomania.
O PT, a pretexto de defender Ana Júlia, fez besteira e acabou por expor a defendida muito mais. Fogo amigo. E amigos assim eu não queria nem para carregar as alças do meu caixão.
A política que se faz neste Estado vive abaixo da linha da crítica. Dá até inveja dos lugares onde o único problema é o patrimonialismo...

PS - Defender Ana Júlia, em todo caso, não é uma tarefa simples. O povo ainda nem esqueceu a nomeação, como assessoras especiais, da cabeleireira e da manicure que a atendiam e ela ataca, agora, de Élida Braz, famosa tão somente por aturar o Kaveira e dançar com uma cobra.
Mesmo que nossa querida colega blogueira Franssinete Florenzano tenha razão, e tudo não passe de um equívoco, o estrago está feito, em âmbito nacional.